O Adeus de uma Sombra

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O dia amanheceu bem rápido.

Rowan ainda estava desacordado e Ell ainda dormia.

Clarke, Bel e Carmilla nem pregaram os olhos, enquanto que Laura havia desaparecido.

Rachel vomitava horrores, litros e litros de sangue que ela nem sabia que tinha dentro do sistema sendo obrigada a repor inúmeras vezes, abusando um pouco de Belzebu e Clarke para não sair por aí caçando humanos em plena caça às bruxas.

Aquela cápsula estava detonando ela.

— Dá pra por favor se acalmar um pouco e parar de ficar rodando essa sala, está me dando mais enjoo do que o normal. — Disse Rachel à Carmilla enquanto limpava a boca ensanguentada após ter mordido o braço de Clarke já um pouco pálida devido a quantidade extrema de sangue perdida.

— Estou preocupada, Laura sumiu e não tenho notícia dela a 4 horas!

— Ela deve estar bem, a garota estava nervosa precisava de um ar. — Disse Bel sentado em uma poltrona.

— Uma bruxa sai ao meio da madruga em plena caça às bruxas e não retornar até a essa hora, não pode ser coisa boa, Belzebu! — Respondeu Carmilla e Rachel novamente correu para o banheiro mais próximo antes de expelir tudo o que havia bebido pra fora.

— Já estou ficando zonza de tanto perder sangue atoa. Ela sempre vomita tudo que ingere!

— Provável consequência de ser um demônio e ingerir algo divino como santo graal. — Disse Laura entrando com os olhos inchados e cansados por não ter dormido.

— Laura! — Chamou Carmilla aliviada, mas ela simplesmente ignorou a vampira.

— Se ela ingeriu o Santo graal, vai demorar pra ele sair do seu sistema, mas posso ajudar mais tarde. O corpo dela está entrando em colapso por causa da cápsula.

— Mas já bebi de sangue de anjo antes e nunca me senti assim... — Disse Rachel.

— Anjos também são impuros. — Disse Belzebu. — Também pecam...

— Já Deus é outra história. — Finalizou Laura. — Para que um demônio suportasse esse tipo de poder teria de ser necessário muita magia e muita paciência para fundir a cápsula de sangue com o indivíduo. Assim ele iria aderir a magia do Santo graal sem se destruir no processo. — Disse Laura. — Posso fazer a magia que retiraria a cápsula do seu sistema, mas preciso descansar primeiro, me sinto... Fraca. — respondeu subindo as escadas em direção ao quarto passando por Carmilla e a ignorando.

— Essa garota é um gênio... Não me admira Elizabeth ter tanto interesse nela. Ela parece saber de tudo... — Disse Clarke.

— É... — Respondeu Carmilla.

Rachel se jogou no sofá completamente fraca e anêmica. Precisava de sangue com urgência mas se bebesse iria expelir tudo pra fora... Sem contar que ela não fazia ideia do que aconteceria se ela ficasse com aquele poder dentro de si.

Só esperava que Laura acordasse logo...

— Rachel? — Chamou uma voz familiar e Rachel se levantou para encarar quem havia acordado dessa vez.

— Sua princesa adormecida parece ter finalmente acordado. — sussurrou Belzebu se levantando e puxando Clarke com ele, Carmilla também pareceu ter entendido o recado, pois também saiu de perto deixando os dois a sós.

— Oi Rowan... — Disse ela.

Aparentemente ela tinha muito o que se explicar agora.

***

Péssima hora pra Rowan descer ali. Péssima hora para seus amigos terem deixado ela a sós com ele. Péssima hora pra sentir aquele enjoo de novo.

Vampira faminta, e possessa pelo santo graal, nada disso era bom sinal.

— Rachel eu...

— Não se aproxima. — Pediu ela o interrompendo ao ver que ele iria avançar para perto. — Desculpa, é que estou sem... Maquiagem. — respondeu fazendo ele franzir o cenho. — Como está se sentindo?

— Confuso... O que eu estou fazendo aqui? O que aconteceu? E os caçadores?

— Você foi atacado, meu... noivo... te protegeu e o trouxe aqui.

— Seu noivo? Por que ele faria isso?

— Por que... Sim?

— Está me perguntando ou me respondendo? — perguntou se aproximando, mas Rachel fez sinal para que ele parasse. Mais um passo e ela o devorararia com toda certeza. — Você está bem? Parece pálida...

— Estou bem... Melhor você voltar para o seu pai... Ver se está tudo bem com ele e tudo mais. — Pediu tentando afastá-lo.

— Sim, eu irei, mas... Tem certeza de que está bem? Parece que não dorme a dias e está tão...Desnutrida...

— Rowan... Apenas vá embora por favor... — Pediu. — Bel não vai gostar de vê-lo muito por perto. — Mentiu deixando Rowan sem jeito.

— É... Tem razão. Ele salvou a minha vida então devo uma a ele. Obrigado. Aos dois...

— Disponha... — Respondeu sem olhar pra ele.

Rowan sorriu tristonho e até hesitou ao ir embora.

— Rachel... — Chamou ele e ela virou para encará-lo. — Só... Fique bem... — Pediu se virando para ir embora.

— E o dia apenas começou, Rachel... — Disse para si mesma e logo depois correu ao banheiro para novamente vomitar até o fim do que seu sistema aguentaria.

***

Elizabeth Bathory destruiu completamente seu quarto.

Estava possessa de ódio. Gritou com tanta raiva e força que sua garganta falhou enquanto a mesma quebrava objetos de vidros e derrubava outros de seus lugares revirando por completo todo quarto.

Seus olhos estavam alaranjados e ela parou de frente ao espelho encarando sua beleza inversa.

Pessoalmente ela era belíssima, com cabelos negros e olhos castanhos escuros esbanjando beleza e um corpo escultural de dar inveja as mulheres da época. Porém no espelho, ali a verdade era mostrada... Ali sua verdadeira imagem surgia como uma deformada bruxa provinda do inferno. Seu rosto coberto de marcas e sua pele acinzentada entregava a feição do demônio. Os cabelos desgrenhados e oleosos deslizava por seu ombro e os dentes eram podres e horrendos.

— Rachel Alucard... — Sussurrou o nome da condessa e um barulho na porta se ouve dando a entender de que alguém pedia permissão para entrar.

Era Matska.

A jovem vampira entrou com a gata em seus braços reparando na bagunça feita por sua mãe sem dó ou piedade.

— Parece que os planos não saíram como planejados minha mãe.

— Sua irmã está do lado da Alucard... E você está do lado dela. — Respondeu virando-se para encarar Matska.

— Carmilla e eu passamos por muitas coisas. Pedir pra escolher entre a mulher que destruiu a minha vida pela mulher que salvou a minha vida, é idiotice não acha, mamãe?

— Devia ter ficado com sua querida irmã quando teve a chance. Assim ganharia mais tempo para se despedir. — Respondeu Elizabeth fazendo seus olhos brilharem.

Mattie agachou-se para colocar a gata no chão amarrando em seu pescoço uma fita de cetim com um pingente no meio.

— Já me dei o trabalho de me despedir, minha mãe. Não se preocupe com isso. — Respondeu acariciando pela última vez Mircalla que miava sem parar. — Já sabe o que fazer pequenina. — sussurrou Mattie para Mircalla antes de se levantar e finalmente encarar sua mãe como deveria ter feito a muitos anos atrás e proteger sua irmã como Will teria feito mais de uma vez.

Elizabeth sorriu daquela atitude que para ela, era completamente suicida e patética, mas Mattie... Mattie manteve a compostura de uma condessa. 



Alucard: O Fim - Vol 2 - Uma História Renegados do InfernoWhere stories live. Discover now