Capítulo 7

6.5K 555 96
                                    


" si estas cerquita siento un no sé que

contigo se me acelera el corazón

y cuando te alejas pierdo la razón

quisiera vivir contigo vaya pues"

Felipe Palez feat Maluma ~vivo pensando en ti

Felipe Palez feat Maluma ~vivo pensando en ti

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Narradora

Já passava das dez da manhã e Kain ainda dormia serenamente, sentindo o calor de Rubi em seu peito, desfrutava de uma paz tão grande, impossível de ser explicada, e a aquela perturbadora sensação de que tudo estava em seu devido lugar

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Já passava das dez da manhã e Kain ainda dormia serenamente, sentindo o calor de Rubi em seu peito, desfrutava de uma paz tão grande, impossível de ser explicada, e a aquela perturbadora sensação de que tudo estava em seu devido lugar.
             
O sheik despertou primeiro e estranhou a posição em que estava, em que momento da noite eles teriam virado de lado? Ele não sabia dizer, mas agora Rubi estava encolhida ao seu corpo, com um dos braços sobre sua cintura, assim como um dos dele fazia com ela, e suas pernas eram um emaranhado confuso. Ainda sim ele conseguia ver seu rosto, estava tão bonita em seu sono que ele não ousou acordá-la, e ficou lá, enrolando mechas avermelhadas de seu cabelo entre os dedos, até que sentiu que ela estava acordando e preparou-se para a guerra que enfrentaria.
             
Rubi nunca havia dormido tão profundamente como naquela noite, mesmo que em muitos dias tivesse avançado em seu limite de exaustão, abriu seus olhos devagar, sentindo uma leve tontura, mas a posição em que estava era tão confortável que temia mudá-la, o calor aconchegante e o cheiro afrodisíaco eram convidativos demais, ela fechou os olhos novamente, aproveitando aqueles segundos de paz. 
             
Rubi desceu as mãos, alisando a superfície de onde estava, e achou extranha aquela textura lisa, levemente áspera, com depressões de tamanho igual que formavam pequenos quadrados.
             
— Está gostando? Sugiro que não desça mais, ou vai encontar outra coisa... — Ele se pronunciou, depois da onda de arrepios e excitação que corroeu seu corpo ao sentir aqueles dedinhos macios.
             
A viu parar imediatamente, Rubi soltou um grito agudo e desesperado, caindo para fora da cama e batendo-se na armação dourada do criado mudo.
             
— aiiii! — Exclamou, passando a mão em sua testa, ainda confusa.
             
Kain saltou da cama para ajudá-la a se levantar e quando ela suspendeu o rosto e o viu, ficou completamente chocada com o quanto ele era bonito pela manhã, sem toda aquela áurea real que comumente o envolvia, chegou até a pensar que estava sonhando, mas logo descartou essa possibilidade, sua mente, por mais fértil que fosse, jamais seria capaz de criar uma cena tão atrativa como aquela, reparou, é claro, naquele abdômen nu e sarado, e ficou mais vermelha que um tomate quando percebeu que estava quase babando.
             
"Espere um instante, eu não deveria estar aqui! " pensou ela.
             
— Você? Não, não, era pra eu estar em...
             
— Seattle? Achou realmente que conseguiria fujir de mim? — Perguntou, puxando-a, ajudando-a a se levantar e colando seu corpo ao dela. — Espero, para o seu bem, que essa tenha sido sua última tentativa de escapar porque dentro de algumas horas você se tornará minha esposa, e então, querida, eu lhe garanto que sair do meu lado não será uma opção! — Afirmou ele, em seu habitual tom autoritário. — Você tem noção do pânico que senti quando soube que estava dentro de um avião? Tem noção da dificuldade que foi trazê-la de volta?
             
Rubi não escutava mais nada e se misturava entre sensações, primeiro, quis chorar desesperadamente, depois queria matar a si mesma por ter sido tão burra a ponto de achar que conseguiria fugir de Kain, por Deus, ele era um sheik, compraria meio mundo para conseguir o que queria, e por último quis gritar e espernear, quebrar tudo o que via pela frente, e só pararia quando gastasse toda a fúria que a dominava.
             
Ela tinha algumas opções...
             
Mas de todas, escolheu a pior, sentou-se na cama ainda calada, deitou abraçando os joelhos e ficou lá, olhando para o nada com um semblante triste e abatido, recordou sua mãe e sua promessa, tentou fugir, mas escapar dali parecia missão impossível.
             
Kain pensou que ela armaria um escândalo, nada seria pior do que vê-la naquele estado, ele sentou-se ao seu lado na cama, de forma que podia ver os olhos que tanto apreciava tão obscuros como jamais presenciara, o brilho que ela sempre tinha ali parecia inexistir, sabia que nada do que dissesse a faria melhorar, conseguiu se odiar um pouco mais por não ser capaz de despertar o interesse da única mulher com quem realmente quis estar, era angustiante.
             
Rubi não emitia um único som a não ser sua respiração pesada, depois de um tempo, ela fechou seus olhos, prendendo-se a lembranças dolorosas de seu passado sombriu, não queria ter um futuro como aquele, não podia ter, mas parece que tudo a empurrava para isto.
             
Era a pior visão do mundo para o sheik, nunca a havia visto daquele jeito, queria que ela gritasse e o agredisse como costumava fazer, preferia qualquer coisa que não fosse vê-la naquela situação. 
             
— Rubi... — tentou dizer algo, mas o nó em sua garganta não lhe permitia.
             
— Vá embora! — ela respondeu baixinho, como se dissesse para si mesma.
             
— Por favor, não fique assim, faça qualquer coisa mas pare de agir desta forma, não suporto vê-la triste! — ele usou um tom calmo e terno, que ela jamais havia escutado, como se estivesse sentindo "pena".
             
E diante dessa conclusão a ruiva se levantou rápida como um raio, ainda conseguia se lembrar da última coisa que sua mãe lhe havia dito antes de morrer: “as mulheres de nossa família não sofrem, elas fazem sofrer! Nunca chore por homem nenhum, muito menos os deixe saber se um dia te machurem, eu quebrei essa regra e estou pagando caro por isso, saiba que eles não merecem suas lágrimas, e você não precisa da pena de nenhum deles, lembresse, Rubi, é mais forte do que eles jamais serão”
             
A voz de Safira, assim como a aparência desgastada, ainda estavam dolorosamente frescas em sua memória, com a voz entrecortada e a pele ligeiramente mais pálida do que costumava ser, seus belos olhos verde-azulados e o cabelo ruivo já estavam opacos, como se a vida se esvaísse aos poucos, ela sofrera tanto antes de partir, mas tanto, que obrigou a filha a jurar que nunca amaria um homem mais do que a si mesma, assim como ela tinha feito...
             
Rubi herdara quase tudo de sua mãe, a cor de pele, o cabelo, o formato do rosto e até mesmo o temperamento, a única coisa que as diferenciava eram os olhos, a moça havia nascido com íris verde-esmeralda, herança da avó paterna, e por mais que Jared também as tivesse, ela jamais assumira qualquer semelhança com o pai.
             
Ela se virou, ficando de costas para Kain, e arqueou os arcos perfeitos de suas sobrancelhas, encarando seu reflexo através do grande espelho na parede "Não sofra, faça sofrer!" dessa vez lembrou da frase na voz de sua avó materna, Ametista, cuja fortaleza ela ainda tivera o prazer de conhecer até seus oito anos, quando a senhora de noventa e poucos anos se foi, dormindo, como uma rainha, como alguém tão incrível como ela merecia ir, sem dor alguma. 
             
Todas as mulheres da família por parte de sua mãe tinham nomes de pedras preciosas e Rubi se lembrava o porque, tinha uma beleza misteriosa por trás disto, um segredo de família passado por gerações, as pedras eram duras, resistentes, capazes de dominar os pensamentos de qualquer um por sua riqueza, mas escondiam um tesouro único, assim como elas, um tesouro que ia sempre além da aparência... 
             
Ela tinha aguentado tantas coisas ao longo da vida, tinha crescido antes de ter que crescer e tinha suportado tantas dores que agora se perguntava porque o deixara ver seu momento de fraqueza, ele pagaria caro por isso, muito caro.
             
Virou-se lentamente para Kain com seu típico sorriso de deboche nos lábios e o viu confuso, ele não estava entendendo nada, como ela mudara de atitude tão rápido e já nem parecia a mulher abatida de alguns minutos atrás, agradecia a Deus por isso, não suportaria nem mais um segundo de sofrimento vindo dela, muito menos sabendo que era por sua causa, mas aquele olhar gélido soava tão perigoso quanto uma arma engatilhada.
             
— Vai se arrepender por isso! — explicou ela, quando ele fez menção de abrir a boca.
             
Kain tomou folego, teria que deixar as coisas claras de uma vez por todas e faze-la entender sua nova situação, aceitar sua nova vida, na cabeça dele, quanto antes ela esquecesse o seu passado, mais rápido aceitaria um futuro ao seu lado.
             
— Minha intenção nunca foi fazê-la sofrer, tudo o que eu quero é que aceite de uma vez por todas que você jamais voltará para Seattle, seu lugar agora é aqui, comigo, não há como fujir disso, vou torná-la minha esposa queira você ou não, porém isso não significa que será infeliz, eu darei a você todo o carinho possível e seria bom se tentasse gostar de mim também! — explicou, já estava farto de todas aquelas brigas. 
             
Rubi andou até uma mesinha e, com cuidado, retirou as flores de dentro de um vazo de cerâmica, observou os traços delicados da pintura, era lindo, e deveria ter custado uma pequena fortuna, como tudo por ali, enquanto o escutava continuar a falar as mesmas asneiras de sempre, se quer tinha noção do quanto o que dizia era absurdo.
             
— Nunca escondi meu interesse por você. — Comentou. — Sei que poderemos dar certo se colaborar... — completou ele.
             
Ela sorriu, em uma inocência fingida, não que ele pudesse vê-la.
             
— Deixe-me ver se entendi, o que você quer é que eu simplesmente aceite o que está fazendo comigo? Que me abstenha de meus sonhos e minhas vontades para, de agora em diante, viver o que você quiser que eu viva? E claro, não podemos esquecer de suas outras esposas, e do fato de que não passarei de mais uma em sua cama. Que pretensão de sua parte, meu caro sheik, pois saiba que eu jamais me prestaria a humilhação de ser seu capricho!
             
Um suspiro pesado abandonou os lábios de Kain, céus, ela o deixaria louco.
             
— Não tem ideia do que está dizendo, você foi criada em um lugar onde se pode ter apenas uma mulher, as coisas aqui são diferentes, todas as esposas de um homem convivem em harmonia desde que sejam tratadas de forma igual, Rubi, quanto a isso, saiba que seria adorada, tanto quanto nenhuma delas jamais será, porque por elas eu não sinto nada. Você terá tudo o que precisar e mais, de minha parte terá todo a admiração que merece, de todas as formas que merece! — Kain tentou não sucumbir, mas não conseguiu evitar, imaginou-se tocando o corpo dela com seu consentimento, daria a Rubi todos os tipos de prazer, e por Alá, daria o mundo se ela pedisse.
             
Sentia-se capaz de tantas coisas por ela, ia além do desejo, também existia a admiração, ela era tão linda, tão perfeita, e mesmo assim decidiu esperar, se dependesse dele faria valer a pena assim que ela lhe desse a chance.
             
Mal podia se conter, seu corpo ansiava mais do que tudo fazê-la sua, mas para isso precisava que ela deixasse sua teimosia de lado e se rendesse ao inevitável.
             
— Você disse que me daria tudo o que eu quisesse, não disse? Realmente daria? — questionou ela, ainda de costas.
             
— Qualquer coisa!
             
— Eu quero minha vida de volta! — exclamou.
             
— Isso é tudo o que não posso dar para você— respondeu ele — por favor, vamos tentar... sei que sente algo por mim — afirmou, não era possível que ela não sentisse nem ao menos desejo, já tinha visto tantas mulheres implorarem por sua atenção, tinha visto tantas endeusá-lo, ela tinha que se sentir pelo menos atraída.
             
E ela se sentia, todas as vezes que olhava para ele tinha vontade de se castigar quando se perdia naquele sorriso convencido, ou no belo corpo, sempre ressaltado pelas roupas típicas, ou naquela imensidão avelã que eram os olhos de Kain, mas ela não cederia, não mesmo, tinha facilidade para ocultar seus sentimentos, era muito boa nisso, e essa habilidade a deixava sempre um passo a frente de qualquer um que desejasse lhe fazer mal.
             
— Tem outra coisa que quero de você! — afirmou ela, com a candura de um anjo.
             
— O que? — Kain aproximou-se, esperançoso.
             
Rubi se virou abruptamente e atirou o vazo em sua direção, e ele desviou por muito pouco, vendo o vidro multicolor se partir em mil pedaços quando chegou ao chão, rompendo o silêncio violentamente, seus olhos quase saltaram para fora do rosto, aquela atitude o pegou tão desprevenido que seu coração agora massacrava sua caixa torácica.
             
— Quero que vá para o quinto dos infernos! — a ruiva explodiu, estava possuída.
             
Atirou tudo o que via pela frente contra Kain, que se salvava sempre por um triz, e quando ela finalmente acertou um vidro de perfume em seu braço direito ele notou, ela estava mesmo tentando matá-lo, estava toda descabelada e não parava um só segundo, mal atirava um objeto e já tinha outro em mãos, o abridor de cartas passou rente as suas costelas e acabou fincado em um retrato seu na parede.
             
— Você está louca? — ele gritou, sendo atingido por um porta retrato.
             
— Estou, eu estou louca, e vou ficar ainda pior! — afirmou Rubi, indo em direção aos dados com os quais ele praticava pontaria, nunca se arrependeu tanto de ter tantas coisas afiadas ali.
             
Ele desviou tão desesperadamente dela que seu corpo protestou pela elasticidade que isto exigiu, ela tinha ótima mira, se ele não fosse tão rápido certamente teria todos os dardos fincados no corpo. A ruiva pegou outro belo vazo de cerâmica e jogou contra o sheik, que correu assustado para fora do quarto, puxou a porta, engatou a chave e a girou, trancando-a lá dentro.
             
— Abra essa porta, seu imbecil, volte aqui, eu ainda não acabei com você  — Ela gritava, se debatendo contra a madeira.
             
— Eu volto para conversarmos, quando estiver mais calma! — Afirmou, precisaria passar pela ala hospitalar, sangue escorria de seu braço, não era muito, mas poderia infexionar.
             
— Mais calma é o cacete, só eu vou ficar calma quando partir sua cara ao meio, abra essa porcaria, AGORA! — berrou e voltou a esmurrar a porta.
             
Alguns empregados estavam parados no corredor, olhavam com interesse para aquela cena, nunca tinham visto nada pareciso, Kain desferiu um único olhar em direção a eles e foi mais do que o bastante para que todos voltassem aos seus afazeres.
             
Leila veio correndo ao escutar os gritos, seu quarto não ficava tão longe dali, de modo que ela pôde ouvir os sons nada amistosos quando estava saindo.
             
— O que houve? — Questionou assustada.
             
— Rubi está louca, estava tentando me matar lá dentro, por Alá, estou pensando seriamente em dopá-la outra vez! — afirmou.
             
Leila riu da cara assustada que ele fazia, imaginando as cenas de alguns minutos atrás, quem diria, o terror de todos naquele país com medo de uma única mulher. Se bem que ruiva era mesmo diferente de todas por ali, talvez por isso fosse tão perfeita para Kain, ela tinha medo, mas não se deixava dominar por ele.
             
— Você sabia no que estava se metendo quando a escolheu, sabia que ela te deixaria maluco, trate de arcar com suas ações, não acredito que você esteja com medo dela... Ela está nervosa, vai passar, sabíamos que tentaria matá-lo quando acordasse, Rubi nunca vai admiir o quanto está apavorada, Kain, mas ela está e a culpa é sua, trate de dar o seu melhor para mostrar a ela que não tem porque sentir medo. — Ela discursou, Kain concordou, balançando a cabeça e lhe oferencendo o braço para acacompanhá-la.
             
Leila ainda o aconselhou a deixar que a amiga pensasse um pouco, ele decidiu que era boa ideia, as coisas para seu casamento estavam a todo vapor e ainda tinha a prova de sua roupa, queria deixar o momento minimamente confortável para sua futura esposa.
             
O vestido de Rubi já deveria estar pronto, por milagre ele conseguiu um modelo que ela havia trazido com a ajuda de Leila para servir de medida, só mais algum tempo, pensou ele, e então ela finalmente seria sua.

Nɑ ʍíɾɑ ժօ ՏհҽíkWhere stories live. Discover now