Capítulo 10

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"Si no me hablas, igual te puedo escuchar

Si no entendes, yo te lo puedo aclarar

Si no hay tiempo en tu caminho, no meu animo

A vivir otra verdad, si no es contigo"

Daniel Lazo ~ Si no es contigo

 

Narradora

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Narradora

 
Benoni deu algumas voltas pelo escritório de Kain enquanto o próprio sheik narrava-lhe detalhes primordiais sobre possíveis esquemas na guarda de Rubi, “nunca, em hipótese alguma, desgrude seus olhos dela!” foi a ordem principal, algo que Kain repetiu umas 3 ou 4 vezes antes de passar para outro plano, de forma que o engaijamento para assegurar a ruiva chegasse a ser tão eficaz e trabalhoso quanto o que estava em vigor no castelo, ele contrataria inclusive outros soldados especificamente com essa missão, o comandante estava segurando a vontade de rir, ele estava mesmo louco, foi o que Benoni pensou, olhou para o general que se mantinha totalmente profissional sentado mais a frente da grande mesa redonda encarando seu soberano e concordando quando preciso, era demais, tudo aquilo por uma única mulher era demais.
 


Depois de duas horas Jamal abandonou a sala deixando os amigos a sós, tinha assuntos de algum grupo militar para resolver, então Kain serviu para sí e para Benoni, que comandaria o grupo de soldados da quinta rainha — o que ele considerava uma missão extremamente importante — uma boa dose de uísque consumido em um único gole por ambos.
             
Ainda beberam mais antes que o sheik por fim relaxasse em sua cadeira.
             
— não preciso dizer a você o quanto está sendo super protetor, preciso? Desse jeito o que vai conseguir é deixá-la cada vez mais desconfortável — Benoni expôs, servindo-se de outra dose cavalar sem gelo, tomou de uma vez e apreciou a já conhecida sensação espulmante e ácida, que descera queimando por sua garganta.
             
Kain riu baixinho.
             
— Ela já escapou uma vez... — Disse, ficando subitamente sério.
             
— Ela o que? — Perguntou o outro em um fiapo de voz.
             
O comandante se assustou, ela havia fujido? De Jamal? Como diabos aquilo era possível? Desde que se formaram na academia militar de Luanda Jamal sempre fora o melhor, o mais habilidoso, o que era calmo, estrategista e sagaz, e por isso o mais perigoso, toda vez que faziam grupo juntos saiam vencedores dos embates, quem olhasse de fora talvez visse a força daquele trio, mas a verdade era que Kain e Benoni não faziam nada além de seguir um plano previamente traçado pelo general, formado com honra, sendo o melhor e mais premiado soldado de sua geração, era completamente compreensível que ele tivesse assumido o maior e mais importante posto militar do país, Benoni era a força, Kain a coragem, mas Jamal era a inteligência.
             
— imagine você o que eu senti quando pela primeira vez na vida algo saiu ao meu controle, ela deveria ser uma coisinha pequena e adorável, mas na verdade é uma bruxinha estrategista — Kain riu da própria sorte.
             
— ainda me custa acreditar nisso, porém, não posso dizer que vi nela uma donzela inofensiva, no exato momento em que ela desafiou você sem titubear percebi instantaneamente a força daquela mulher.
             
— mais impressionado você vai ficar quando souber como ela saiu do castelo — O sheik afirmou.
             
Então narrou o acontecimento desde de o princípio, e quando por fim acabara de falar, os olhos de Benoni brilhavam em admiração, uma bruxinha estrategista, realmente o apelido lhe caía bem.
             
— não me surpreende que esteja apaixonado por ela, até eu ficaria se...
             
— não estou apaixonado — Kain disse, veementemente, mas sua própria voz baixou 2 tons quando pronunciou aquela última palavra.
             
Benoni gargalhou, tão forte quanto pode, e fez questão de manter o mesmo sorrisinho enigmático nos lábios bonitos quando encarou o amigo, completamente assombrado, foi então que se tocou de que talvez Kain pudesse ser aquele típico mocinho não tão romântico dos filmes e livros que ele e Ânica, sua irmã mais nova, amavam, os tontos o suficiente para serem os últimos a se darem conta de seus próprios sentimentos, que todos os outros notam muito antes que o rapaz ignorante cometa uma burrada significativa e por fim, depois de quase perder seu amor, perceba o inevitável, o fato de que desde o primeiro instante em que seus olhos pousaram sobre ela, ele já estava inegavelmente amando a mulher.
             
Analisou sua estupenda analogia, sim, com toda certeza conseguia ver aquela ruiva como uma rainha soberana em algum livro.
             
— minta para si mesmo, de certa forma eu já vi essa história um tanto de vezes conderáveis para saber como termina.
             
— eu não quero amá-la! — Kain despiu-se de qualquer tom amavel, ao invés disso, falou como se sua alma estivesse revoltada.
             
Foi então que o comandante notou o óbvio.
             
— ouça, isto não está dentro do rol de coisas que você pode controlar, por mais sheik que seja, não há uma escolha, sua intenção pode ser apenas desejá-la, mas qualquer cego veria o quando ela meche com você, toda essa tarde planejando como mantê-la ao seu lado, você jamais fez isso por qualquer uma das outras, nem mesmo quando estava enfeitiçado pela cobra que chama de primeira rainha...
             
— mais que inferno — esbravejou — quantas vezes terei que dizer que eu não estava apaixonado por Bianca? Eu queria transar com ela, só não podia arrastar a droga de uma mulher virgem para a porcaria de um quarto e fodê-la como se fosse uma prostituta, por isso me casei com essa infeliz, também queria um filho, claro, você sabe o quanto minha mãe era louca para ser avó, assim como também sabe que eu passava cada noite com uma mulher diferente e o quanto meu pai queria me fazer tomar juízo nessa questão, temendo que eu acabasse por gerar um filho fora do casamento, por isso arranjou logo um acordo com o pai de Bianca, um de seus melhores amigos, assim que me viu olhar pra ela por mais de 2 minutos, é um inferno ter me enganado tanto, tantas vezes, ter acertado agora é o que está me mantendo centrado.
             
— sabe que eu falo sobre Bianca para tirá-lo do sério — Benoni alargou um sorriso maldoso, fazendo Kain bufar — o que não é nada difícil, mas a questão aqui é Rubi.
             
— já disse que não a amo, ela é a mulher certa, apenas isso.
             
— então está me dizendo que se tivesse conhecido duas mulheres virgens e ruivas, e Rubi fosse apenas uma delas, você poderia ter olhado para a outra?
             
Kain refletiu dolorosos minutos, então se lembrou de suas próprias palavras ditas a Rubi na noite anterior “sua beleza pode ter me chamado a atenção, mas foi sua personalidade que me encantou” a frase deu voltas e mais voltas em sua mente, e para deixa-lo ainda mais temeroso o rosto dela surgiu ali, o sorriso traiçoeiro, a língua afiada, o humor sarcástico e sua adorável capacidade de devolver qualquer frase de uma forma esperta e cuidadosa, então como se fosse uma confirmação para seus próprios temores, uniu ele mesmo todas as outras coisas que o mantinham fascinado, o corpo maravilhoso, os lábios doces, o perfume que ele adorava, que reconheceria em qualquer lugar, e para fechar com chave de ouro, lembrou-se do sorriso meigo que ela lhe dera em troca do anel, diante de tudo o que acabara de pensar o que o sheik pôde fazer foi suspirar, desabando em uma cadeira.
             
— não posso... já pensou que desastre seria eu amar e querer alguém mais do que a mim mesmo? — perguntou, alguém para perder, era a pior coisa que poderia acontecer, quão devastado isto o deixaria? A dor da perda latejou em seu peito, lembrando-o do quanto era nociva.
             
— Bem, acredito que eu não seja a pessoa mais indicada quando se trata deste assunto... — o rosto de Benoni se tornara uma máscara distante e fria.
             
Kain poderia se manter calado, mas que espécie de amigo seria se o fizesse?
             
— se há alguém que pode dar concelhos, esse alguém é você — o sheik tentou fazê-lo se alegrar, mas não conseguiu nada além de um sorriso desprovido de qualquer felicidade.
             
— sou um covarde, não seja como eu, não perca quem ama por medo de dizer ou mostrar o que sente...
             
— você não é um covarde!
             
— eu sou, e reconheço isso, porque me nego a assumir a mim mesmo, me nego a aceitar meus próprios sentimentos, você e Jamal são os únicos que eu sei que jamais me julgariam, mas os outros? O que eles diriam? Acha que os homens sobre o meu comando me veriam com o total respeito com o qual me veem agora se soubessem?
             
— porque? Porque você é gay? Porque se sente atraído por homens e não por mulheres? Acha que isso influencia em quem você é? no quanto vale?
             
— eu não, mas a sociedade...
             
— ouça o que direi, e nunca mais esqueça, a sociedade que julga sua opção sexual hoje é a mesma que me julgou incapaz de governar, mas eu venci, e venci porque nunca se quer me permiti achar que eu não conseguiria, conheço o meu valor e você deve reconhecer o seu, além disso você é meu amigo, meu comandante, e quem ousar ir contra você o fará sabendo muito bem das consequências!
             
Benoni lhe deu um sorriso agradecido em resposta.
             
— sei disso, mas a verdade é que eu não estou pronto, ainda não estou, e pode levar um tempo para que isso aconteça.
             
— Akim? — o sheik lembrou do embaixador diplomático de Linove, pelo qual Benoni se apaixonara quando ainda vivia em Luanda, antes de partir pelo mundo, antes de ir para o país dequele homem só para que pudesse vê-lo uma última vez.
             
— se casou, com uma mulher, como era de se esperar, nunca houve qualquer futuro para essa relação, somos amigos ainda, embora eu nunca tenha tido a coragem de revelar a ele o que sinto, achei melhor assim.
             
“Achei melhor assim!” ele também dissera isso a Leila, repetira a frase inclusive para Jamal, mas a verdade é que se sentia enojado por como as coisas haviam se passado em Linove, o sheik Abdhale fizera questão em dar uma festa digna de reis para comemorar o casamento do amigo, a primeira grande festa desde a morte de seus tios, uma comemoração que durou 3 dias inteiros, como mandava a tradição do país, Benoni teve de assistir tudo, a felicidade que emanava dos noivos e de suas famílias e os comentários que fizeram no salão dos homens sobre a noite de núpcias, tivera de escutar da boca do próprio Akim o quanto o mesmo estava ansioso para que a consumação de seu casamento chegasse, se sentiu o mais infeliz dos homens durante todos os dias da festa, mas obrigou a sí mesmo a assistir tudo, até os mínimos detalhes, até que fosse capaz de descrever melhor que os noivos cada parte da cerimônia, e por fim, quando uma carroagem coberta de flores rubras e alvas levou o homem que amava para longe junto a sua nova esposa ele também assistiu, até que eles desaparecessem ao longe, até que não passassem de um ponto de cor irreconhecível, só então ele moveu os pés de volta ao quarto onde se hospedara no castelo e ainda passou uma semana a mais ali, até que terminasse de cumprir suas obrigações com Abdhale, então partiu, e nunca esteve tão aliviado quanto ficou no momento em que o avião levantou vôo.
             
Mas é claro que pouparia Kain de escutar esta parte da história.
             
E também a que talvez tivesse sido a mais dolorida, que ocorrera antes mesmo do casamento, quando ele estava disposto a contar tudo a Akim, entrou na pequena casa onde o homem se instalara por opção própria apesar de possuir uma propriedade bem mais cômoda no centro da capital de Linove, e o entrou arrumando suas coisas, havia apenas uma mochila com suas roupas e o armário a frente já totalmente vazio, minimalista como era, Akim não gostara nunca da ideia de morar na residência que herdara do avô, dizia que era grande demais para ele, nem o enorme sorriso que Akim deu a Benoni quando viu, nem o abraço e nem o “senti sua falta” amenizaram o baque que veio a seguir.
             
Benoni ainda chegou a formar a frase “preciso lhe contar algo” mas as palavras foram totalmente sufocadas e engolidas por um “vou me casar amanhã!” e pela felicidade genuína que havia implícita em cada sílaba. Desde aquela manhã tudo rolou ladeira abaixo, Akim descidira se mudar para a casa que ele mesmo dissera detestar, depois contou a Benoni que Maia, sua noiva, tinha reformado tudo e tornado a ideia de viver ali bastante suportável, e que ele faria aquilo para vê-la feliz, mesmo que detestasse cada amanhecer em um quarto tenebrosamente maior que o necessário, logo viriam os filhos, Akim enfocou, e o barulho das crianças junto a correria o fariam ver todo aquele espaço como algo útil.
             
Teve vergonha de si mesmo por todos os sorrisos falsos que se esforçou para manter no rosto, teve vergonha de ter achado a noiva nada agradável aos olhos enquanto todos diziam que ela era uma joia bastante bela, teve vergonha de detestar os votos e achá-los melosos demais, mas principalmente, teve vergonha por mentir a Kain, dizendo que tinha chego tarde demais para o casamento quando na verdade ele chegaria a tempo se realmente quisesse, mas Benoni não quis, não suportaria assistir outro casamento e se sentir egoísta por desejar a felicidade alheia, ele não participaria daquele tipo de festa tão cedo, ao menos não até que aquela ferida, ainda esposta, cicatrizasse.
             
— sabe que se precisar desabafar... — Kain ainda começou a dizer.
             
— Eu sei, mas há certas coisas que é melhor manter somente para nós mesmos — quis dar fim ao assunto — a propósito, gosto dela, e você sabe o quanto me custa trabalho gostar de alguém.
             
O sheik riu sem pudor algum e concordou.
             
— ela deve tê-lo ganho na parte em que me ameaçou! — sugeriu ele, se divertindo ao lembrar.
             
Benoni o acompanhou, maneando a cabeça em aprovação.
             
— não vou negar o quão agradável foi vê-la fazer isso, mas ela me ganhou no momento em que não baixou a cabeça como todas as outras fazem, isto sim, meu caro amigo, é algo raro e preocupante! — Benoni discurçou, erguendo o copo em um brinde para as feições atordoadas de seu soberano.
             
Ela daria trabalho, Benoni tinha certeza.
             
Mas aquilo não era nada que o próprio Kain já não soubesse.
             
Do outro lado do castelo, no quarto da primeira rainha, o clima nem de longe era tão amistoso quanto o escritório do sheik, principalmente se levado em conta que as duas mulheres mais traiçoeiras daquele lugar tinham uma inimiga em comum.
             
A segunda rainha sabia que a amiga não tardaria em encontrar uma forma de se livrarem de Rubi, só não imaginou que o faria tão rapidamente, as coisas com certeza haviam fujido ao controle da loira na última semana, esperava ter mais tempo para agir, e Kain havia tomado medidas contra qualquer tentativa de Bianca de chegar perto da ruiva, o quarto dela era estrategicamente separado dos demais, e os guardas eram tantos que chegar lá sem ser vista era totalmente impossível, planejava tornar a visita da estrangeira tão insuportável que ela usasse novamente a cabeça para achar uma forma de ir embora, mas aquilo falhara no exato momento em que Kain conseguiu trazê-la de volta ao castelo, porém, quando disse que se casaria em 2 dias foi que tudo despencou, agora ela era rainha, e se não agisse logo, Rubi tomaria também seu poder como primeira esposa.
             
— tem certeza que dará certo? — Karina quis confirmar.
             
A loira passara muito tempo pensando em uma alternativa tão eficaz que em um só golpe demolisse as chances de perder seu cargo e a chance de Kain conseguir o que desejava. Rubi era forte demais e não poderia jogar com ela da mesma forma que fizera com as outras, teria de ser mais esperta e sobretudo mais cautelosa, qualquer peça solta e seu marido faria mais do que dar-lhe alguns tapas.
             
— é claro que dará certo, passei bastante tempo planejando os detalhes e se tudo correr como o imagino, dentro de pouco tempo estaremos livres daquela mulher, se não, será o bastante para mantermos nossos lugares nessa hierarquia, eu não vou me tornar uma quinta esposa por substituição, não há nada mais indigno que isso... — Bianca se revoltou.
             
Karina queria dizer que sim, que havia algo mais indigno, se Rubi desse ao sheik seu corpo puro e ele a fizesse sua, então ela se tornaria não só a primeira rainha, mas seria a joia oficial de Luanda, o rosto dela passaria a estampar os selos das cartas reais, estaria em uma grande bandeira tremulante no mastro de honra, sua face seria o símbolo de orgulho naquele país, histórias seriam contadas, canções cantadas para exaltar sua beleza, e só no trono Kain seria maior que ela, apenas lá, fora dele eles seriam praticamente iguais, talvez Rubi não tivesse tanto poder para o concelho, mas para o povo ela teria tanta influência quanto seu marido, toda essa adoração e obediência que jamais fora dada a Bianca seria entregue de bandeija àquela ruiva, e isso sim, tornaria a atual primeira rainha mais incípda do que jamais fora.
             
No entanto, Karina escolheu se manter calada, Bianca sabia o futuro que teria se não agisse logo, ela sabia, porque desde o momento em que ela deixou de ser esposa única se tornara uma fera, imparável, incalculável e sagaz, não havia ninguém que não soubesse do perigo que ela representava. O problema de Bianca era que com a raiva que sentia talvez não pensasse como deveria, e com um plano como aquele, se fossem descobertas não seria somente ela a se dar mal.
             
— e se der errado? Precisamos de um segundo plano...
             
— esse é o segundo plano. — Bianca exasperou-se.
             
— não entendi.
             
— obviamente, se não fosse por mim você não passaria de uma tonta inútil, limiti-se a fazer sua parte, pensar não lhe cai bem, não tem a inteligência necessária para isso. — Bianca sorriu maldosa, enquanto a segunda rainha a encarava magoada — não tenho tempo para errar desta vez, é por isso que preciso me certificar de que aquela estúpida cairá, se não de um jeito, que seja de outro.
             
— do que está falando?
             
— do primeiro plano, não se preocupe, não é nada que seus únicos dois neurônios não possam fazer, só vai precisar usar seu celular para confirmar que um velho amigo estará aqui quando preciso que esteja!
             
— é arriscado.
             
— não sei porque está relutante, já fizemos coisas muito piores e continuamos aqui, não é?
             
Sim, Karina se lembrava e tinha medo que alguém desconfiasse de qualquer um daqueles crimes, a cadeia não seria a pior coisa, com certeza não, se saísse viva já teria muita sorte, sua amiga era louca, capaz de qualquer coisa para se manter no poder, e esse "qualquer coisa" incluía algumas das quais se arrependia de ter participado, era “um mal necessário” Bianca dissera certa vez, e isso era um fato inegável, assim como o fato de a segunda rainha ter se beneficiado. Mas para Karina, contanto que não fosse ela o alvo de tamanha perversidade, estava tudo bem.
             
Havia, no entanto, outra preocupação que não lhe deixava dormir a noite. Era aquela semana do ano chegando outra vez, e como todas as vezes, sua espinha gelava só com pensamento do que poderia acontecer.
             
— Eu não quero correr riscos, não com a possibilidade de Kain cometer talab altalaq, você sabe disso, e se ele o fizer serei indigna de se quer voltar para casa! Meus pais seriam desonrados para sempre, e na índia pior do que uma filha desquitada, só uma viúva! — argumentou — talvez devamos deixar para depois da antiqam al'usbue ... — Karina teve medo até de pronunciar em voz alta.
             
— não repita isso nunca mais, ele não teria coragem de se livrar de mim, por mas que agora esteja enfeitiçado por aquela mulher, teve muitas chances para fazer isso e não fez, ele tenta negar, mas no fundo me adora o bastante para me manter ao seu lado, um dia aquela mulher não passará de uma lembrança distante, e quando acontecer é para os meus braços que voltará! — articulou Bianca, também tinha algum medo, mas o soterrava com a certeza de que estava no caminho certo.
             
Se aquela ocidental já não fosse virgem, disse para si, as duas não teriam o que temer, bastava mecher as peças daquele tabuleiro com cuidado.
             
Bianca sorriu, afinal, estava acostumada a manejar as coisas ao seu favor!

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