Capítulo 8

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"Traigo conmigo un anillo

Que muestra el amor de mis sueños contigo

llevarte al altar es mi anhelo perdido

no puedes decir oh Dios "

Christian Daniel  ~ vine a decir

Christian Daniel  ~ vine a decir

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Narradora

Em um futuro muito distante

Rubi desfilava pelos salões do grande castelo de Luanda a procura de sua primogênita, que andara sumida a mais de três horas, ela sabia que a pressão sobre seus ombros era grande, assim como conhecia a garota o suficiente para saber que ela era muito mais forte do que parecia, mas toda aquela fortaleza que ela tinha ficava muitas vezes soterrada de baixo de seus medos.

— Jade? Querida, onde você se meteu?
             
Procurou sua filha em vários dos cômodos e por Deus, já sentia os pés protestarem pelo esforço.
             
Ao subir o próximo lance de escada, encontrou seu filho, lindamente trajado com uma bata dourada e preta, nas mãos ele trazia seu turbante de festas, encrustado de pedras preciosas. Ele herdara a dominância do pai, mas a rainha se sentia orgulhosa de encontrar vários de seus traços também, a começar pelo cabelo ruivo e o gosto pela leitura, algo que ela fizera questão de reapassar para todos os filhos.
             
— Kalled, você viu sua irmã mais velha? — questionou, na esperança de finalmente parar de se abalar feito uma louca.
             
— não, desde cedo que não a vejo, está tão bonita, mamãe! — Ele elogiou, pegando sua mão e fazendo-a girar.
             
A rainha trajava um belo vestido típico de cor creme, costurado a fios de ouro, com pérolas nas barras e braceletes dourados nas braços, no pescoço, um lindo colar de rubis que havia ganhado de seu marido na festa de seus 10 anos de casamento, além de, é claro, sua coroa de brilhantes, a favorita dentre toda a coleção que tinha.
             
Mesmo aos 45 anos de idade ela não aparentava mais de 30, sua beleza se negava a diminuir e havia quem dissesse que ela seguia sendo a mais linda, só que agora ela tinha uma concorrente, sua filha, que encantava qualquer que fosse o homem e já tinha inúmeros admiradores.
             
Rubi olhou para seu filho e admirou o belo homem que havia se tornado, o cabelo de um ruivo brilhante cintilava em sua cabeça e os olhos cor de avelã unidos a pele bronzeada, herança de Kain, tornavam Kalled tão lindo quanto nenhum outro, a beleza devastadora ia além disso, seu interior reluzia mais que a aparência.
             
— Você também está lindo, querido, tão lindo quanto seu pai — Rubi acariciou o másculo rosto de seu segundo filho, ele havia crescido, mas ainda trazia muito do garoto reservado que fora na adolescência, tentava ocultar muitas coisas, como se a rainha fosse boba, como se ela não fosse capaz de ver o estrago que ele fazia com a cabeça das mulheres com quem se envolvia.
             
Como se Rubi não enxergasse o caminho de mulheres suspirantes que ele deixava sempre bem longe de seu conhecimento, mas ela sabia tão bem quanto todo mundo que o conhecia, quando ele finalmente amasse, o mundo seria pequeno para tudo o que ele faria pela dona do seu amor.
             
— Neste caso, posso dizer que você tem muito mais a ver com a beleza de nossos filhos do que eu, meu amor — disse Kain, aproximando-se dos dois com sua roupa de sheik-cerimonial.
             
E pela milésima, trilionésima vez, ele olhou sua esposa de cima a baixo, admirando a mulher espetacular com a qual tivera a dádiva de passar todos os seus dias.
             
— Por deus, mulher, eu deveria proibí-la de ficar tão bonita... — lançou Kain um olhar de falsa repreensão, arrancando de sua esposa um lindo sorriso.
             
Não havia quem não admira-se a união dos dois, o passar dos anos só os tornavam ainda mais apaixonados, o povo os via como um exemplo a ser seguido, desejavam um casamento como o deles, sem saber de tudo o que tiveram que passar para chegar até ali.
             
— Mesmo que tentasse, sabe que eu não obedeceria você. — respondeu ela, erguendo o queixo.
             
— Veja isto Kalled e prepare-se, desde que o mundo é mundo são as mulheres que mandam neste castelo e nos homens desta família — Kain gargalhou com seu filho, Rubi sentiu vontade de retrucar e relebrar um tempo onde suas palavras valiam menos que nada, mas o passado devia ficar no passado.
             
A realidade agora era outra, todos sabiam que o sheik era duro e impassível, que governava o país com mãos de ferro, apesar disso, quem convivia com o casal real sabia que da porta para dentro quem mandava era Rubi, e não havia um único desejo dela que o sheik não realizasse, tantas leis foram mudadas, tantos costumes alterados, e tudo com um único propósito, ele queria que sua adorada esposa olhasse para o lugar onde vivia e nem por um segundo se arrependesse de ter lhe dado aquela nova chance.
             
— Papai, por favor, desse jeito vai me fazer mudar de ideia em relação a casamentos — Kalled brincou.
             
Diferente de seu pai, ele sempre fora romântico, sonhador, tinha fé em encontrar alguém especial, a prática na história era Jade, seus genes eram como os de seu pai, jamais aceitava um "não" como resposta, e ainda havia a filha mais nova, Pérola, a bela mocinha de quinze anos era do tipo mais obediente, até demais, e isso preocupava Rubi, pensar que sua filha não era capaz de ter opinião própria a assustava, esperava que isso mudasse com o tempo...
             
— Estão me atrasando, preciso encontrar sua herdeira, Kain, ela ainda me dará meus primeiros cabelos brancos, a culpa é sua de transferir para ela sua teimosia — reclamou Rubi.
             
Kain torceu os lábios em um sorriso enviesado, aquele que deixava Rubi a beira da loucura e aquecia seu coração, duvidava que algum dia deixasse de desejar aquele homem.
             
— Minha culpa? Você é bem mais teimosa do que eu, minha linda esposa, então é a sua teimosia a quem ela puxou — Kain explicou. —Vê este belíssimo espécime? — questionou ele, apontando para seu filho. — Este puxou para mim, veja esse porte altivo, querida, esse rosto másculo e perfeito, serei adorado por minhas norinhas — gabou-se, aproveitando para alfinetar a mulher, que odiava certas palavras no plural.
 
Kalled sorriu presunçoso, deu uma volta fazendo poses estratégicas, seus pais aplaudiam e riam ao mesmo tempo, eram uma família feliz, e aproveitando-se da distração do Sheik, Rubi beliscou o braço de seu marido.
             
— Isso doeu, mulher — reclamou Kain, enquanto alisava o lugar castigado.
             
— Norinhas é o cacete, você terá uma nora, meu querido, e realmente espero que ela não seja como sua antiga primeira esposa, ou vou ter que fazer com ela o que fiz com você sabe quem — ressaltou Rubi, já havia se livrado das víboras que cercavam seu marido e seria plenamente capaz de se livrar das que cruzassem o caminho de seu filho.
             
— Fique calma, mamãe, se eu me casar um dia será com uma mulher a sua altura — avisou Kaleed, beijando o rosto dela.
             
Depois da conversa, filho e pai seguiram para o salão já lotado, enquanto a rainha pôs-se novamente a buscar a filha, passou em frente a sala de música e escutou uma doce melodia, ela entrou e discretamente fechou a porta, sua filha tocava com maestria e seus belos cabelos, negros como a noite, compridos e levemente ondulados estavam presos, permitindo que ela visse a expressão melancólica no rosto dela, Clair de lune ressonava pelas ambiente acústico, como se fosse capaz de gritar que ela não estava bem.
             
— Querida? — Jade parou de tocar e encarou sua mãe cabisbaixa.
             
— Eu não vou conseguir, mamãe, não sou forte como você, tão pouco sou astuta como papai, nunca serei uma rainha a altura de nosso reino, serei odiada — disse ela, com olhos marejados.       
             
Rubi caminhou até Jade procurando as palavras certas, precisava acalmar sua filha, ela era do tipo que sofria em silêncio e mesmo durante os meses de preparação para a sua coroação, nunca havia se mostrado tão temerosa por seu futuro quanto se mostrava naquele momento, a ruiva sentou-se no divã que havia ali, chamando a garota para se juntar a ela, assim que Jade se sentou, ela levou a mão ao seu rosto, muito parecido ao dela.
             
— Sei que está com medo, minha linda, nunca precisei que confessasse para o que sente para saber, mas acredite, sei que pode governar nosso reino com maestria — afirmou.
             
— Não sou, sei que não, nunca consigo completar uma tarefa real sozinha, sempre preciso de você ou de Kalled, ele sim deveria ser Sheik, as vezes odeio ter nascido dez minutos antes dele, tudo seria diferente se ele tivesse vindo ao mundo como o primogênito, o concelho o aprovaria e ele se quer teria de se casar para parecer merecedor deste título. — Despejou, estava tomada por um sofrimento involuntário, toda vez que conseguia a segurança da qual precisava acontecia algo para fazê-la se sentir impotente.
             
— Seu pai se tornou sheik-herdeiro aos 21, meu amor, e apesar de ainda não ter sido o vigente, ele já tomava decisões de destaque, tal como você fará, sei que se acha jovem demais, mas esta é a hora de arriscar, Kain não era o governante ideal no princípio, tomou várias decisões erradas antes de tomar as certas, o tempo fez dele o que é e fará de você ainda melhor. Prescisa ter coragem e confiar em si mesma, nunca se esqueça de quem você é, você, Jade, é uma Abrase mas também é uma Royal, nós pertencemos a uma família de mulheres fostes e corajosas, mulheres que nunca tiveram medo de conquistar seus lugares no mundo, este é o seu lugar, você nasceu para ocupa-lo, agora, resta saber se vai permitir que outra pessoa tire-o de você!
             
Jade admirava sua mãe, sabia das coisas que ela havia abnegado para estar ali e agradecia todo santo dia por tê-la como genitora.
             
— olhe para mim, querida — pediu Rubi, com o rosto da filha entre as mãos. — Nunca deixe alguém dizer que você não pode fazer algo, você pode tudo aquilo que quiser, precisa estar sempre disposta a provar o quanto estão errados ao subjulgarem você.
             
Jade concordou, mas a angustia que dominava seu coração ainda estava lá, ela queria ser rainha, claro que queria, porém, não evitava pensar em tudo o que viria com o posto.
             
— Sempre achei que a fraqueza fosse um erro e sempre detestei ser tão fraca em alguns momentos, eu vou fazer isso, desde que estejam comigo, sei que vou conseguir. — Ela sorriu, mais aliviada.
             
— lembra-se quando lhe contei sobre os nomes das mulheres de nossa família? Não foi um homem quem conquistou nossa fortuna, foi uma mulher, sua tataravó, sozinha, em um mundo onde o maxismo imperava. Ela começou essa tradição para mostrar que todas nós seriamos assim, bonitas por fora, mas impenetráveis por dentro. — A rainha lhe lembrou. — Quando me casei com seu pai eu não queria isso, naquele momento tudo o que eu mais desejava era poder escapar, poderia ter ido embora ou impedido a cerimônia, durante um bom tempo tentei me auto convecer de que não tinha escapatória, eu tinha, poderia ter arranjado uma forma, sempre tive mente fértil, mas eu não fui, não fui porque quando olhei para o altar e ele sorriu para mim, senti o mundo parar, sabia que era ele, ainda que eu tivesse medo de me tornar sua esposa! — declamou sua mãe.
             
— Teve medo dele? Mamãe, papai nunca a machucaria! — Afirmou, e viu Rubi desviar seu olhar, estranhou a atitude e temeu a resposta que receberia se por um acaso lhe perguntasse o porque.
             
— Não, tive medo de não ser o bastante para ele, de não ser o bastante para Luanda, temia me tornar rainha e tudo o que viria com esse posto porque ninguém me preparou para ocupa-lo, tive uma vide difícil, filha, mas disse você já sabe — Explicou.
             
— E do que não sei? Está me escondendo alguma coisa, mamãe, é algo importante? — questionou Jade, era observadora demais para seu próprio bem.
             
— Não, são fatos passados que não merecem voltar à tona, o que eu quero que entenda, Jade, é que eu percebi que ser uma rainha não era usar uma coroa ou saber como me portar, ser uma rainha é conseguir colocar as necessidades de seu povo acima das suas e isso você já faz, meu amor! Eu e seu pai lutamos muito para que você pudesse ter o direito como primogênita, a algum tempo, na sociedade patriarcal em que vivíamos, uma mulher se tornar a rainha-herdeira seria inadmissível, mas agora você terá essa chance e poderá mostrar para todos do que somos capazes!
             
— Tenho tanto orgulho de você, mamãe, de ser sua filha. — Declarou Jade, ao abraçar Rubi.
             
— E eu tenho orgulho de você, de seu irmão, de sua irmã e de seu pai, tenho orgulho de mim por ter escolhido lutar por esta família. — respondeu, enquanto se aproximara, beijando a testa da princesa.
             
— A senhora nunca me contou como foi seu casamento! Conheço ainda tão pouco da história de vocês! — riu baixinho. — Só sei que não eram um casal convencional.
             
— Não acha melhor deixar para outro momento? — Questionou a rainha.
             
— Por favor! — suplicou sua filha, unindo as mãos.
             
Rubi suspirou derrotada.
             
— Está bem, vamos ver, você sabe que eu e seu pai viviamos brigando, no dia do casamento não foi diferente. Tantas coisas aconteceram! Suas tias sofreram bastante com meu mal humor. — Disse ela, pensativa. — Tudo começou em uma bela manhã de domingo...

Nɑ ʍíɾɑ ժօ ՏհҽíkWhere stories live. Discover now