Capítulo 33

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— Eu vou à Daegu. Hoje. — Digo breve.

Minha tia ignorou completamente o que eu disse, continuando a arrumar a mesa do café.

— Ouviu o que eu disse? — Perguntei, exasperada. Olhei para Jinyoung e ele simplesmente desviou o olhar do meu.

— Sim. — Lançou, fria. Esperei que acrescentasse mais alguma coisa, mas ela surpreende não dizendo nada.

Revirei os olhos e soltei um alto suspiro. Como eles poderiam simplesmente estar nem aí?

— Irá sem dinheiro?

Perguntou ela, mas um ar de desinteresse foi notado em sua voz.

— Eu tenho minhas economias. — Respondo no mesmo tom de voz que ela usara anteriormente, fria.

Ela apenas soltou um "uhum" e virou-se para a pia.

Que raiva! Faltei deixar o meu grito mental passar para as minhas pregas vocais.

Voltei a olhar Jinyoung, rezando para que o mesmo se manifestasse e que mostrasse se importar com o que eu havia dito. Mas ele teve a mesma atitude que sua mãe. Ignorar.

— Como é possível vocês não estar nem aí? — Franzi a testa, embasbacada com a atitude de ambos.

— Simples. — Virou-se minha tia. — Porque sabemos que você não vai. — Concluiu breve.

— E como podem ter tanta certeza? É uma decisão minha! — Percebo que acabei aumentando o tom de voz.

— Park Dara! — Vocifera. — Você... — Respirou fundo, tentando controlar a sua irritação. — Você acha mesmo que irá para Daegu... Só por ir? Você não conhece o lugar. Não tem familiares lá que possam te mostrar a cidade... Ou amigos. Você se perderá!

— Para isso existe um mapa! — Cruzo os braços.

— Por que quer ir para lá? É por causa do seu avô?

— Eu sei que tem alguma coisa que vocês não estão me contando!

— Que história maluca é essa? Além do mais, quem garante que o seu avô irá te contar?

Srta. Kim me disse.

— Por que ele é o meu avô!

— E que está louco. Em uma casa de apoio para idosos abandonados!

— Mais um motivo para eu querer vê-lo. Ele deve se sentir sozinho!

— E você irá com quem, Park Dara?

— Eu não preciso de ninguém na minha cola. Posso me virar sozinha!

— Falou a garota que tinha medo de dormir sozinha até os treze anos de idade!

— Bem, essa garotinha cresceu. E ela não tem mais treze anos. E eu estou decidida a fazer isto. Agradeço a estadia, e até logo.

Virei-me para sair da cozinha, e segui caminho atravessando a sala.

— Você sairá sem comer nada? — Perguntou minha tia, vindo atrás de mim.

— Eu como algo no caminho. — Pego o meu casaco em um dos ganchos na parede atrás da porta e o visto. — Passarei no banco e pegarei o dinheiro que for necessário para a passagem e para eu conseguir me manter em Daegu até amanhã.

— Ficará até amanhã?

— Preciso de tempo para conhecer tudo. De respostas. Depois disso, voltarei. — Asseguro e abro a porta, saindo.

— Park Dara é impossível...

Ainda fui capaz de ouvir a voz de Jinyoung.

Segui caminho para longe da casa. Eu precisava de respostas. Depois da aparição da Srta. Kim fiquei preenchida de dúvidas. E isso me levou a querer saber quem eu realmente era. Caminhar. Poderia ajudar a esclarecer as coisas em minha cabeça. Respirar. Eu saí tão rápido de Seul, que pergunto-me como andam as coisas por lá. Não que eu me importasse, ou achasse que algo tivesse mudado com a minha ida. Apenas pergunto-me se Im Jaebum já está casado uma hora dessas. Não que eu me importasse, também. Mas, provavelmente, se isto tivera acontecido, creio que não estava nos planos da Srta. Kim para que obtivesse bom êxito no que planejava. Além do mais, seria injusto com a Sra. Im não poder ver o filho casar. Mas não faço ideia do que esteja rolando por lá, desde que fui expulsa da escola e voltei para casa dos meus tios, não vi Jaebum desde o dia do beijo. Será que ele se arrependeu? Imagino que sim.

Mas não entendo o porquê de uma certa pergunta do meu eu interior querer saltar para fora. Por que o meu subconsciente insiste em querer fazer esta pergunta para mim? Eu e Im Jaebum vivemos em mundos diferentes. A única semelhança, é que crescemos sem nossos pais verdadeiros. Mas, ele cresceu ao lado do poder, e eu... Bem, sou só eu.

Aproximo-me de um parquinho, o qual eu costumava vir com Jinyoung quando mais jovem. Traz-me boas recordações. Mas não é o suficiente para me fazer esquecer a pergunta que tanto o meu eu interior deseja perguntar:

Será que Im Jaebum sabe que fui embora? E nessa sequência, novas aparecem. Será que ele sabe onde estou? Será que... Ele notou que eu sumi? Balanço a cabeça e ri de mim mesma. Por que eu parecia estar tão preocupada com o que ele estaria pensando no momento? Eu não iria ganhar nada com isso. E desde quando eu parecia me importar com ele? Será que foi efeito do beijo que... Por um motivo desconhecido, não consigo tirá-lo de minha cabeça? A imagem... A sensação... Não! Eu tenho que parar com isso! Preciso voltar ao meu estado sóbrio. Eu e Jaebum nunca teremos nada. Mas por quê diabos estou pensando nisso agora? Ai meu Deus!

Dou algumas batidinhas em minhas bochechas, tentando parar de pensar nestas coisas, pois automaticamente, novas apareciam.

— Concentre-se Park Dara! — Respiro fundo. — Limpe sua cabeça de todas essas paranoias... — Fecho os olhos.

— Você está bem?

Ouvi uma voz calorosa atrás de mim. Era Jinyoung.

— O que? Huh... Sim. — O olhei aturdida e abri um sorriso.

— Por que parecia estar espancando as suas bochechas? — Perguntou brincalhão.

— É que... Está frio. — Dou de ombros.

— E o que está fazendo aqui?

Recomponho-me e o encaro, notando que ele estava realmente ali.

— Te faço a mesma pergunta. — Cruzo os braços, o olhando séria.

— Não pense que eu estava te seguindo. — Ergue as mãos, rendendo-se.

— E no que eu vou pensar? — Franzo a testa, o olhando acirrada.

— Eu não vou te deixar ir sozinha, Dara. — O seu olhar escurece.

— Eu não preciso de uma babá.

Jinyoung revira os olhos.

— É verdade... Eu ia esquecendo que você já é uma. — Forçou um ar brincalhão.

Coloquei uma mecha de cabelo atrás de minha orelha e olhei em direção a outro lugar, onde tinha uma pequena e velha placa escrita: "Qual desejo você deseja realizar?". Aquilo me deixara pensativa.

— Você não vai mais para Daegu? — Jinyoung levantou as sobrancelhas.

Soltei um suspiro e o olhei de volta.

— Mas, é claro, madame. — Lanço-o um sorriso irônico.

— Ótimo. — Ergue o braço para eu segurá-lo. — Qual ponto de partida que seguimos primeiro?

— Um que siga para as estrelas!

— Hm... O seu pedido é uma ordem!

Rimos e caminhos juntos pelo calçadão — dando alguns pulinhos — indo até o ponto de ônibus.

Apartment 12 ▶JB.Where stories live. Discover now