Capítulo 37

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 ― Você se drogou? ― Perguntei, espantada.

― O-O que?

― Deve ter sido o cereal. ― Olhei para a tigela. ― Eu não olhei a data de vencimento. D-Deve estar vencido! ― Levantei do banquinho, indo para o canto do quarto, distanciando-me de Jaebum.

― Você... Você acha que estou brincando? ― Sua voz estava carregada de decepção.

― Não. ― Cruzo os braços e me viro. ― Mas não tenho motivos para acreditar que seja verdade.

― O que te faz pensar isto?

― Porque eu não sou a garota ideal para você.

― Park Dara... ― Levanta-se.

― Não. Jaebum. Somos diferentes. Não vivemos a mesma realidade. Não daríamos certo. Eu não sou garota para você.

Jaebum ficou em silêncio por alguns instantes, mas logo disse:

― Você quem dita as regras? ― Levantou as sobrancelhas.

― Não. Apenas analiso fatos.

― Fatos baseados em quê? 

— O seu pai me odeia!

— Só por causa disso?

— E inúmeras outras coisas... — Fecho os olhos e solto um suspiro, lembrando-me de Srta. Kim. — Não insista. Por favor. — O olho. — Será para o nosso próprio bem.

Jaebum parecia embasbacado. Mas a sua expressão facial logo se tornou questionadora.

— Você é... Lésbica?

Arregalei os olhos e o olhei frustrada, mas logo soltei um suspiro.

— Sim.

Jaebum parecia sem chão e logo sentou-se novamente no banquinho, intrigado.

— Escuta... — Aproximo-me um pouco. — Eu não queria ferir os seus sentimentos. Mas... Eu gosto de perereca.

Jaebum fitou-me.

— T-Tudo bem... E-Eu entendo. É... Respeito você. É... — Suspirou. — Ao menos você me disse logo. Antes que eu criasse expectativas. — Olhou para os seus dedos entrelaçados.

— É... Sinto muito por não ter dito antes. Eu só vim me descobrir agora. — Mexi os ombros.

— Eu entendo. Tudo bem. — Levantou-se do banquinho.

— Eu realmente sinto muito.

— Tudo bem... Quem nunca sofreu uma desilusão amorosa? — Riu, sem jeito. — Eu... Eu vou falar com Jinyoung antes de ir embora... Tá? É... Vejo você por aí. — Sorriu fraco e caminhou para a saída do quartinho.

Despedi-me dele e o vi sair.

Apertei o meu lábio inferior, sentindo um nó se formar em minha garganta e lágrimas escorrerem por minha face. Eu não queria aquilo. Eu não queria mentir para ele. Mas eu precisava. Eu não podia correr o risco de ter algo com Jaebum. Eu ainda não sabia do que a Srta. Kim seria capaz. E se eu tivesse dado espaço a Jaebum para falar sobre sentimentos, eu acabaria me entregando ali e iniciando o que Srta. Kim queria. E isso não poderia acontecer.

Voltei a sentar no banquinho e tentei controlar a minha respiração falha.

— Desculpa... Jaebum. — Sussurrei.

(...)

Sentada na janela do meu quarto, eu observava a chuva cair e pequenas gotículas de água se alojarem no vidro da janela e depois deslizarem lentamente.

— Park Dara?

Ouvi a voz de Jinyoung e o olhei de relance.

— Jaebum estava aqui mais cedo. Você o viu?

Balancei a cabeça, concordando.

— Ele disse que estava de passagem. E estava voltando para Seul.

Idiota. Voltar para Seul? Ele realmente quer bater de frente com os pais depois de tudo.

— Você está bem? — Jinyoung adentrou ao quarto, aproximando-se de mim. — Você parece triste. — Sentou-se no outro canto da janela. — O que aconteceu?

Suspirei e neguei com a cabeça, passando a olhar as minhas mãos.

— Dias chuvosos parecem tão... Deprimentes.

— Jinyoung... — Sussurrei.

— Sim? — Voltou a olhar para mim.

— Eu pareço ser lésbica?

— O-O que? — Perguntou surpreso. — A-Ah... N-Não sei. A orientação sexual é sua. — Deu de ombros.

Voltei a olhar através da janela e soltei um longo suspiro.

— Deve ser por isso que não sou atraente para os garotos. Mas... Acho que não sou nem mesmo para as garotas. — Encostei a cabeça na janela.

— Você apenas não encontrou a pessoa certa.

— E se... Por acaso... Talvez... — Olhei para ele. — Eu tenha encontrado a pessoa certa, mas... Eu menti para ela?

— Você teve motivos para mentir para ela?

— Eu apenas quero a proteger.

— Então... Não é uma mentira ruim. Dependendo do que você disse para ela.

— Acho que minha imagem está ferrada de vez.

— Ah... Saquei. — Abriu um sorrisinho. — Por isso você me perguntou aquilo?

— Ele perguntou se eu era. E... Eu afirmei.

— Por que você disse isso?

— Porque foi o único jeito que eu encontrei para ele não ter sentimentos por mim.

Jinyoung concordou com a cabeça, entendendo a situação e logo disse:

— E os seus?

— O que? — Paralisei.

— Você mentiu para ele não criar sentimentos por você. Mas... E os seus? O que você fará?

— Eu nem sei se tenho sentimentos por ele.

— Você disse que queria o proteger. E só protegemos quem gostamos.

— Nem sempre. Às vezes você não gosta de alguém, mas se a ver indo por um caminho que a leve ao perigo, nosso instinto é desviar ela de lá.

— Nem todos são assim, Park Dara. Além de que... Esse não é o caso.

— Eu o odeio. Mas... Há momentos em que... Eu me pego pensando nele.

— Hm... — Olhou-me desconfiado. — Quantos garotos você conheceu em Seul?

— Vários.

— E que você odiou?

— Vários.

— E... Desde a primeira vez que o conheceu?

Engoli em seco e ajeitei o meu corpo na janela, sem jeito.

— B-Bem... Eu não lembro. Conheci muitos no mesmo dia.

— Eu entendi, Park Dara. — Sorriu e levantou da janela. — Você tentou impedir os sentimentos de Jaebum, mas se esqueceu de impedir os seus também.

Paralisei ao ouvir o que ele disse e o vi caminhar até a saída do quarto, parando na porta.

— Esqueceu que ele é o meu melhor amigo? — Sorriu e saiu do quarto.

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