Capítulo 38

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Após ajudar a minha tia em alguns afazeres da casa, voltei ao meu quarto e novamente fiquei sentada na janela, observando tudo e todos, pensativa. 

Já estava entardecendo. Eu havia passado tanto tempo ali, que nem sequer havia percebido as horas passarem.

― Filha? ― Uma voz mansa e pouco falha, aproxima-se da porta do meu quarto.

― Vovó? ― Olhei para ela e me levantei, indo em sua direção e ajudando-a a entrar no quarto.

― O que está acontecendo, filha? Você parece apreensiva. Vejo que a sua alegria não é mais a mesma.

― Vovó... ― Minha voz falha e logo sinto meus olhos se encherem de lágrimas. ― Está acontecendo tantas coisas, vovó. Que às vezes... Eu chego a pensar... Que talvez eu devesse ter morrido junto com os meus pais.

― Não diga isso, Dara. Eles não gostariam de ouvir isso. E você não é assim, menina. Esta não é você.

― Eu sei... ― Fecho os meus olhos, tentando controlar a vontade de chorar. ― Eu estou sendo uma idiota por agir assim.

― Todos tem o seu momento ruim. É apenas uma fase. Tudo vai ficar bem logo. 

― É o que eu mais desejo que aconteça. ― Desviei o meu olhar do dela. 

― Tem a ver com o rapaz de hoje cedo? 

― O rapaz de hoje cedo? ― Voltei o meu olhar para ela.

― Ele parecia triste quando estava indo embora. E você parece triste também.

Solto um suspiro ao ouvir aquilo.

― Eu que provoquei isso, vovó. Me sinto péssima.

― O que aconteceu?

― É uma longa história. ― Suspiro. ― Só sei que... Não adianta o que eu faça, algo sempre vai dar errado. 

― Por que acha que vai?

― Porque estou destinada a isso.

― Não existe isso, Dara. Quem faz o nosso destino, somos nós mesmos. Com base em nossas escolhas. Se estamos aqui, neste mundo, o que nos resta é viver nele. Não há nada que plantamos para não colher. Isto é o êxtase da vida. Você não pode acabar com tudo só porque achou que acabou. Lembre-se, histórias jamais têm realmente um fim, então, não dê um fim a sua história só porque acha que ela chegou ao final. Às vezes, um ponto final, significa apenas o começo de um novo parágrafo. Acredite mais em você. E se autoavalie antes de tomar qualquer decisão. Conhecer a si mesmo é a base de tudo. 

Respirei profundamente e abri um pequeno sorriso, agradecendo a minha vó por as palavras que me dissera.

― Você sempre encontra uma saída para qualquer situação. Não desista. ― Beijou a minha bochecha.

Assenti com a cabeça e a vi sair do quarto. Fiquei um momento parada ali, refletindo sobre o que ela havia me dito.

(...)

Sim, eu ainda sentia medo. E o meu medo era indescritível. Tudo estava estranho. Tudo estava uma completa confusão. Eu não conseguia entender mais nada. E nada mais fazia sentido. Eu me via como se eu estivesse no meu último estágio de vida. Como se tudo que eu estivesse vivendo, não fosse real. Era como se eu estivesse presa dentro de um buraco profundo e escuro, sem que ninguém pudesse me tirar dali.

Os meus passos eram rasteiros e o meu olhar era baixo, enquanto eu percorria a ponte do rio Han.

O desejo de me atirar naquele rio, contaminava todo o meu ser. Eu estava perdendo as forças. Qualquer pensamento que eu tinha agora... Me fazia fraquejar. Aonde eu iria parar?

Apartment 12 ▶JB.Onde histórias criam vida. Descubra agora