Seul - SuperCorp

Capítulo 1

Às vezes no silêncio da noite

Eu fico imaginando nós dois

Eu fico ali sonhando acordado

Juntando o antes, o agora e o depois

Por que você me deixa tão solto?

Por que você não cola em mim?

Tô me sentindo muito sozinho

– Kara? 

– Lena? - Falamos juntas em total surpresa e pude olhar na imensidão de seus olhos azuis, os quais eu jamais esqueci e poderia reconhecer em qualquer terra. Mas pela primeira vez, desde a ultima que a vi, eu não soube interpretar seu olhar, se era saudade, surpresa, mágoa ou simplesmente indiferença, mas no fundo aquele par de íris da cor do céu brilharam ao me ver.

Me lembrei de toda nossa história, Kara me levou do céu ao inferno, do mais profundo amor à solidão, de promessas não cumpridas de quase 8 anos atrás. Nos conhecemos em uma festa de calouros que acontecia todos os anos em Londres para recepcionar novos alunos e Intercambistas, a qual viam futuros universitários das melhores faculdades do mundo. Kara era graduanda de jornalismo na Stanford, e eu de bioengenharia em Oxford, e para minha sorte ou azar Kara veio fazer intercambio de um ano.

Vivemos a mais linda história de amor, me lembro da primeira vez que a vi e tive certeza que jamais esqueceria aqueles olhos, me lembro também do seu jeito todo atrapalhado e sua dificuldade inicial de conversar comigo e ainda de como ela ficou mexendo em seus óculos antes de me beijar pela primeira vez, de como Kara se mostrava frágil como uma garotinha e também uma mulher tão sensual que conquistaria o mundo. O seu sorriso seria capaz de incendiar qualquer, ela era tão doce, tão gostosa e tão minha. ERA.

– Vocês se conhecem? – Perguntou uma morena de cabelo curtos e próxima a Kara.

– Ela é a sua Kara? – Maggie me perguntou 

– Desculpa Maggs, eu preciso ir – Eu precisava sair dali e correr o mais longe possível daqueles olhos.

– Lena espera - ouvi de Kara antes de bater a porta.

Eu não podia esperar, eu a esperei por 8 anos, eu senti essa dor por 8 anos. 8 anos. Nossa história não foi fácil, passamos por diversas dificuldades naquele ano de seu intercambio. Minha mãe fez de nossa vida um inferno, não era fácil ser uma Luthor, muito menos sendo mulher e lésbica.

No final do intercambio, decidimos terminar porque julgamos que seria melhor e mais fácil assim, mesmo que eu jurei a Kara que ao final da faculdade me mudaria aos EUA para ficar com ela, eu tinha uma boa herança do meu avô que me deixaria confortável e poderia abrir minha própria empresa e me desvincular do passado sujos da família Luthor. No inicio, mantemos contato nos primeiros meses, mas após isso fui surpreendida com Kara dizendo que havia conhecido outra pessoa e nunca mais nos falamos, não procurei saber como foi sua vida e nem ela a mim.

Foi um amor de verão que precisava ser esquecido, mas nunca esqueci, nunca esqueci Kara, tentei em cada esquina e cada corpo sobre meus lençóis, tomei os maiores porres em qualquer boteco tentando esquece-la e toda a dor que ela me causou e jurei que nunca mais queria olhar para ela.