prólogo

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Na torre mais alta da escola, — onde eu me escondia e chorava nas noites horríveis da minha vida — Observava por cima do muro às pessoas andando rapidamente enquanto a neve caía um pouco tempestuosa. Imaginando se um dia eu poderia ser uma dessas pessoas que a única preocupação são contas bancárias e relacionamentos fracassados, em vez de um homem que iria tirar sua virgindade e te obrigar a Deus sabe lá o quê.

Eu adorava o inverno. Adorava acompanhar um específico floco de neve e ver ele descer delicadamente sobre o chão e se perder com os outros. Não tinha muita coisa para se fazer na escola de submissa.

Até tinha.

Mas eu não estava nem um pouco interessada.

Nasci em um inverno rigoroso, abandonada por minha mãe em frente ao grande portão da Strix. Eu provavelmente poderia ter morrido naquela noite, já que minha única proteção contra aquele frio assassino era uma coberta de lã. Mas Vanessa White, a diretora da escola, disse-me que eu era um bebê muito chorão, e que meu choro me salvou.

Na escola eu também era um bebê chorão. Eu queria sair daquele lugar, eu queria mais que tudo no mundo, ir embora daquele inferno. Sou a única garota que a escola de submissas criou desde bebê. Geralmente as meninas vêm para cá com 13 ou 12 anos. São transferidas de orfanatos, e são selecionadas as mais belas, não demorando muito para aprenderem a se comportar como uma verdadeira submissa.

E eu, que vivi toda minha vida aqui, nunca consegui ser uma.

Mas logo todo esse tormento teria um fim. Em meu aniversário de 18 anos, para ser mais precisa, amanhã, eu finalmente vou poder ir embora para sempre.

— Estou quase lá, mamãe. — pressiono o colar que está em meu pescoço contra minha mão. É em um formato de uma flor com pedras de safiras. A única lembrança que minha mãe deixou quando me abandonou, e também é a única coisa que me dá forças para continuar.

Nunca tive um dominador, as garotas são prometidas desde cedo, mas não tive esse "privilégio" — como Vanessa White diria —  devido ao meu histórico. Eu era uma desobediente nata, as tentativas de fugas viraram rotina desde cedo, e faltar às aulas, também.

Os castigos eram piores. Chicotadas, que eram usadas para casos mais graves, também são comuns.

Mas o pior era o quarto branco.

Ficava em um lugar isolado da escola, só tinha uma pia e uma privada, era quente como o inferno nas tardes e manhãs, já à noite, era muito fria. A sensação parecia que várias agulhas entravam em meu corpo enquanto eu tremia de frio e dividia o chão com os ratos, aguentando dias sem comida. Mas depois de tudo isso, eu não sei como, eu continuava.

Eu não conseguia parar. Esse lugar me sufocava e todas tentativas de fuga eram apenas eu tentando me manter viva.

Fazia qualquer coisa menos obedecer. Queria que eles soubessem que nunca  conseguiriam me dominar.

Nunca.

Minha esperança, além das fugas, é que alguém suspeitasse da escola, que tinha total apoio dos maiores criminosos da europa, algo envolvendo a máfia italiana e inglesa, aparentemente. Nunca soube muito sobre isso. 

Todos pensam que aqui é um internato que ricos prendem suas filhas, é o disfarce perfeito. Mas Strix não é a única escola de submissas, elas estão espalhadas no mundo inteiro.

Às escolas foram criadas originalmente na Europa, quando os homens ainda pensavam que as mulheres eram os seus objetos. Onde as mulheres sofriam diversas atrocidades por causa do prazer deles.

A máfia italiana e inglesa está envolvida, lucrando com o tráfico humano e prostituição. Os russos já estiveram envolvidos, no princípio, mas agora eles tem seu próprio negócio.

Algumas meninas servem de prostitutas, outras de escravas sexuais. Quando chegam à idade de 18 anos, somos oferecidas aos nossos respectivos dominadores.

E isso é tudo que eu sei. 

Eu não tenho dominador, não me importo. Esperava nunca precisar me submeter a isso. Me agarro com todas as forças a isso, mas minha mente traidora sabe que não sairei daqui sem um dominador.

Mas eu havia lutado por 17 anos da minha vida aqui, não seria agora que eu iria parar.

Eu tenho um plano.







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Submissa - O Destino Tem Outros PlanosWhere stories live. Discover now