Capítulo 2

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Jamie era o primeiro da linha para assumir o trono, caso acontecesse alguma coisa com a irmã. Se ele abandonasse tal posição, a coroa
passaria para o primo mais velho deles, que preferia perseguir saias e gerar manchetes escandalosas nos jornais a dirigir um país. Um
fato que causava culpa em Jamie cada vez que ele pensava sobre a situação.
Ele havia perdido seu título
temporariamente quando se casou com Elisy, porque ela era divorciada na ocasião. Seu país tinha regras arcaicas, mas aquela era um contra a qual ele não quis lutar.

Agora que sua esposa havia falecido, ele recuperou a atenção digna de um membro da realeza, ainda que não quisesse isso. E com sua filha sendo a próxima geração da realeza, isso automaticamente fazia de Brianna uma duquesa.
Toda a situação era complicada.
Jamie estava determinado a ser um pai ativo. Estar num país novo, ainda se adaptando ao estilo de vida e tentando lidar com as sequelas do acidente, forçava-o a admitir que
necessitava de ajuda. Esse arranjo de curto prazo lhe daria uma boa visão se ele seria ou não capaz de cuidar de Brianna sozinho e se ele e
seu bebê ficariam na América.

Claire o olhou.
- Posso entrar?
Sentindo-se tolo por deixá-la em sua
varanda, ele deu um passo atrás e abriu mais a porta. Quando ela passou, um aroma de frutas a seguiu, provocando suas narinas. Se ele havia gostado do visual dianteiro dela,
por trás era ainda mais fantástico. A mulher sabia como usar uma calça jeans.

Jamie reprimiu o pensamento. Precisava se concentrar, não ficar babando pelo corpo de uma possível babá. Teve de culpar seus pensamentos pela falta de sono. Nada mais poderia explicar esta súbita onda de luxúria.
Sua esposa tinha sido a última mulher com quem ele havia dormido, e isso foi antes de seu acidente quase fatal, durante uma escalada, quatro anos atrás. Entre o acidente, o bebê, a separação de sua esposa, e então a morte dela... sexo não
havia sido uma prioridade em sua vida. Anos antes, ele fora o príncipe playboy e agora sua vida girava em torno de fraldas, bonecas e em tentativas de se recuperar de um corte profundo na coxa. Ah, e sua vida glamorosa agora envolvia tarefas domésticas. Entretanto, uma linda estranha aparecia em sua casa, momentos atrás, e ele já estava
experimentando sentimentos que ele achou não possuir mais.

Dois dias atrás, ele e Claire haviam
concordado ao telefone que o primeiro encontro seria um tipo de entrevista prática.
Era importante que Brianna se conectasse com a babá em potencial. Todavia, ele não agendou outra entrevista, porque não havia outra agência no nível daquela.
Jamie observou enquanto Claire andava pela área de estar aberta, balançando o bebê no
quadril como se as duas se conhecessem ah muito tempo. Brianna começou a se agitar um
pouco; Claire bateu gentilmente nas suas costas e sussurrou palavras naquele tom suave.
Ele nunca tinha visto nada assim. Tentara acalmar sua filha durante a noite inteira.
Elisy teria sabido o que fazer. Embora eles estivessem separados havia quase um ano, antes que ela morresse de um mal súbito, ele ainda sentia a perda.
_Qual é a rotina diária dela?
Jamie piscou e olhou para a mulher que, diferentemente dele, estava tentando ser profissional.
- Rotina?
Balançando o velho senhor Bunny diante do rosto de Brianna, Claire assentiu sem olhá-lo.
- Sim. Sonecas diurnas, hora de comer, hora de dormir.
Desde que havia chegado a Boston, dias atrás, Jamie fazia o que funcionava melhor para
eles, e ainda estava se ajustando. Por mais difícil que a mudança fosse, ele não estava arrependido de ter vindo.
Olhou para o sorriso de Bree, para a covinha proeminente no rosto dela, que imitava a sua.
Ela sorria para a estranha, mas não para ele?
Ele amava sua garotinha com toda sua alma.
Daria tudo para ser capaz de cuidar dela sem o medo de errar mas,
precisava encarar seus próprios limites para mantê-la segura.

- Sr. Fraser?
Jamie retornou seu olhar para Claire. Ah, sim, ela havia feito uma pergunta. Infelizmente, ele teria de acabar com isso antes que começasse. Ter alguém como ela em sua casa seria um erro colossal.
Prendendo os olhos azuis com os seus, ele respirou fundo e disse:
- Lamento, mas eu não posso usar seus serviços.

Claire engoliu o choque. O que ele acabava de dizer? A sobrevivência da sua agência dependia de ela conseguir aquele trabalho.
Recusava-se a aceitar um não como resposta. Também não poderia continuar fazendo contato visual com os olhos azuis do Sr.Fraser, Não, azuis não era a palavra certa.
Qual era a descrição apropriada para um par de olhos que quase a fazia esquecer todos os seus
problemas? O poder que ele possuía quando prendia seu olhar era diferente de qualquer
coisa que Claire já havia experimentado, então,
ela manteve o foco na garotinha doce em seus braços.
Segurar um bebê se contorcendo era difícil o bastante, sem o impacto adicional do desejo.
Embora ela preferisse uma onda de luxúria à dor em seu coração que segurar uma criança tão preciosa lhe causava. Vinha evitando
trabalhar com bebês havia anos, dando esses trabalhos para suas funcionárias. Infelizmente,
o pessoal inteiro de Agência tinha sido dispensado, e ela teria de enfrentar seus demônios de cabeça erguida se quisesse salvar a empresa de seu amado Tio. Portanto, o "não" dele não
era uma opção.
Este seria o primeiro trabalho cuidando de uma criança pequena que ela faria desde que, soube que não poderia ter filhos, Podia fazer
isso... tinha de fazer isso.

Mas, antes, precisava convencer o sr.Fraser que era a pessoa certa para o trabalho.
Virando-se para encarar o pai sexy, Claire continuou segurando Brianna, que estava mordendo a orelha do coelhinho. Um cheirinho
gostoso emanou do cabelo da criança, sem dúvida de qualquer xampu que o pai usava para ela. Claire descobriu, através de e-mails e telefonemas, que o sr. Fraser era novo na cidade. Também soube que a esposa dele havia morrido subitamente, poucos meses atrás. O que não sabia era o que ele fazia para viver ou de onde era. O sotaque exótico que arrepiava sua pele claramente denunciava que ele não era americano.
Honestamente, ela não se importava de onde ele era, contanto que estivesse legalmente no país e o emprego fosse legítimo. Ele lhe ofereceu uma quantia exorbitante para morar lá durante os próximos seis meses e cuidar da garotinha, e esse dinheiro a ajudaria a salvar a agência de seu já falecido Tio... a agência que Frank o ex dela havia roubado, quase a deixando na rua.
Ah, espere, ele a deixou na rua.
Ela não sabia o que aconteceria ao fim dos seis meses, mas, com tal soma em dinheiro que ele oferecia, não precisava saber.
- Você não pode usar meus serviços? - perguntou ela. - Tem outra babá em vista?
- Não.
Com ombros eretos e queixo erguido, Claire reuniu toda sua coragem e atravessou a sala.
Fechar o espaço entre eles apenas fez seu coração bater mais forte. Ela faria qualquer coisa para homenagear o Tio que desistira de tudo para criá-la.
Ela estava muito nervosa mesmo antes de chegar lá, porque havia muita coisa em jogo neste trabalho. Ser rejeitada pelo cliente não era sua maior preocupação. Seu maior medo seria
olhar para a criança e congelar... ou pior, cair em prantos.
Todavia, lá estava ela, pronta para lutar pelo o que seu ex havia roubado. Já desistira de seu
apartamento e dormira no carro aquelas duas primeiras noites, até que sua melhor amiga
descobriu o que aconteceu. Agora, Claire passava as noites no sofá do apartamento estilo estúdio da amiga. Esta posição de babá,
morando na residência garantiria um teto sobre sua cabeça e uma boa renda para ajudá-la a reerguer a Agência.
Como se tudo isso não fosse estressante o suficiente, seu futuro empregador abriu a porta,
e todos os pensamentos coerentes haviam desaparecido de sua cabeça. Um homem bonito
segurando um bebê era sexy, sem dúvida. Mas este homem, com os cabelos ruivos desalinhado e olhos
penetrantes, era demais. Aqueles músculos que se estendiam pelo tecido da blusa deveria ser ilegal. Sem mencionar o flash de tinta aparecendo embaixo da manga.
O homem que a fez tremer por dentro estava tentando mandá-la embora. Isso não ia acontecer.
- Então, você não tem outra babá em vista -repetiu ela, tentando soar profissional. - Eu estou aqui, sua doce garotinha está muito mais
feliz do que quando você abriu a porta, e já quer me mandar embora?
Quando ele apenas a olhou, ela continuou:
- Posso perguntar por que você está optando por não me dar uma chance?
Os olhos intrigantes a percorreram, fazendo-a sentir como se ele a estivesse tocando. Era como se ele estivesse vendo através de sua alma.
Brianna esfregou o rosto de Claire com a orelha molhada do Coelhinho de pelúcia que esteve mordendo. Ainda assim, ela tentou manter o controle da situação. Tinha a impressão que o Sr. Fraser era um homem que gostava de
estar no comando. O mero pensamento a excitou.
Foco, Claire, Foco
- Sr. Fraser?
- Jamie. - A voz rouca respondeu. - Chame-me de Jamie.
Um fio de esperança a preencheu o coração de Claire.

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