Capítulo 19

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Jamie se tornara uma criatura de hábitos matinais, em parte devido ao seu status de realeza. Os horários eram uma parte normal de sua vida, e, sem eles, os membros da equipe de segurança do palácio não seriam capazes de fazer seu trabalho com eficiência. E lá nos Estados Unidos, ele descobria que não era diferente. Estava no meio de seu treino
noturno, ou seja, estava suado, ofegante e ansiando pela mulher que ultimamente ocupava cada pensamento seu.
Aquele dia tinha sido incrível, e ver o rosto de Claire iluminado valia qualquer sacrifício.

Ele sabia que ela não era facilmente comprada, e não foi esta sua intenção. Ele a tratava como trataria qualquer outra funcionária. Jamie e sua irmã sempre providenciava coisas que seus funcionários precisavam.
Exceto que Claire havia se tornado mais do que uma simples funcionária no momento que ele a colocou contra a parede e a beijou, a partir do momento que sua filha começou a chama-la de mãe.
Na noite anterior, a conversa deles ao telefone o estimulou de um modo que ele não esperava. Demorou muito para dormir, e Jamie tinha a impressão que o mesmo se repetiria naquela noite. Pelos próximos meses, na verdade, se eles não acabassem cedendo aos
seus desejos. Ele precisava descobrir como contar a ela sobre a viagem. Adorava a ideia de levá-la para seu país natal. Apenas esperava que ela recebesse bem a notícia de que ele pertencia à realeza e concordasse em acompanhá-lo.

Jamie acabava de começar uma série com pesos, quando seu celular tocou no banco atrás dele. Pondo o peso de volta no lugar, virou-se e
sorriu ao ver o nome na tela. Deveria ter esperado isso.
- Este será um ritual? - perguntou ele numa forma de cumprimento.
Claire riu.
- Eu só queria lhe dizer novamente o quanto gostei das roupas. Você não precisava ter feito isso, e agradecer parece inadequado, mas...obrigada.
Jamie apertou o telefone, desejando que ela descesse e agradecesse pessoalmente. Pelo tom suave, Claire estava se sentindo um pouco insegura, provavelmente por causa do dinheiro, o qual não significava nada para ele, que
possuía muito.
- Não tem de quê - replicou ele. - Mas você não precisa continuar me agradecendo.
- Talvez eu só quisesse ouvir sua voz.

Jamie congelou ao ouvi-la devolver as palavras que ele havia dito na noite anterior.
- Você ouviu a minha voz o dia inteiro.
- Não é a mesma coisa com Bree por perto.
Fechando os olhos, ele descansou o braço sobre a barra fria, considerando como abordaria aquilo.
- Você pode vir à academia se quiser ouvir minha voz - murmurou ele, desejando que ela aceitasse o convite.
- Não, Assim é melhor, Eu apenas... Isso é tão tolo.
- O que você ia dizer?
Claire fez uma longa pausa antes de
responder:
- Quando nos falamos ao telefone ontem, foi como se estivéssemos sozinhos, mas sem a pressão de estarmos sozinhos. - Ela riu, então
gemeu. - Esqueça. Isso não faz sentido. Fazia total sentido. Tudo sobre ele e aquela louca situação fazia sentido para ele naquele ponto caótico de sua vida.
- Talvez, devêssemos fingir que estamos sozinhos e não precisamos ter barreiras -sugeriu ele. - E se você estivesse aqui comigo agora? E se eu estivesse aí em cima com você?Se nós fôssemos duas pessoas que se conheceram, e não houvesse nada nos impedindo de obter o que queremos, o que você faria?
Silêncio o cumprimentou, e ele soube que imagens estavam inundando a mente dela, assim como estavam inundando a sua.
- O que você faria se eu aparecesse à porta de seu quarto agora? -sussurrou ele. Jamie sabia que estava se torturando. Infelizmente, fantasiava como se ela estivesse falando as palavras em voz alta ou mantendo os pensamentos para si mesmo.
- Se nada nos impedisse, eu o deixaria entrar.
Jamie não sabia se ficava feliz ou zangado pela informação torturante. Pelo menos, ela havia sido sincera e dito as palavras mas, palavras não significavam nada sem ação.
- O que nós faríamos depois que eu entrasse?
A risada suave dela o envolveu.
- Eu não vou fazer sexo ao telefone com você.
- Não era essa a minha intenção. - mas, agora que ela havia dito aquilo, ele percebeu que não era uma má ideia. - Diga-me, Claire,
uma vez que eu entrasse no seu quarto, o que aconteceria?
- Tudo com que eu tenho sonhado -sussurrou ela. - Mas sonhos nem sempre se tornam realidade.

O tom triste na voz dela falava de muito mais do que as palavras atuais. Ele sabia que ela queria ter filhos e ele desejaria que fosse o homem a lhe dar o que ela queria, mesmo sabendo que ela não podia ter filhos mas não estava em posição de dar nada, exceto em nível financeiro ou sexual. Não seu coração ou muitas emoções. Não era ingênuo. Se as coisas fossem diferentes, talvez eles pudessem ter algo mais significativo do que
intimidade física. Mas como poderiam perseguir algo especial quando ela não tinha ideia de quem ele era, e Jamie não tinha ideia de quem queria ser?
Ouvindo-a fungar subitamente, ele disse:
- Eu estou subindo.
- Não. Jamie, você não pode. - Ela fungou novamente. - Assim está bom, apenas conversando. Eu não falo sobre meus sentimentos há muito tempo.
- Você está chorando.
Ele detestava imaginá-la deitada lá em cima,triste, provavelmente por causa de alguma memória ruim que ele despertou por algo que
havia dito.
- Eu estou bem. - Claire o assegurou. - Está ficando tarde e preciso acordar cedo amanhã.
- Você tem um convite para vim aqui.
- Eu sei.
Ela ainda não aceitaria a oferta, mas ele queria relembrá-la, de qualquer maneira. Queria estar lá para ela, queria apoiá-la, e esse
pensamento o assustava terrivelmente.
Envolver-se nos problemas de outra pessoa não o ajudaria a resolver os seus, e somente o levaria mais fundo na vida dela... um lugar
onde não poderia se permitir estar.
- Boa noite, Claire.
- Boa noite, Jamie.
Ele encerrou a ligação e resistiu ao impulso de atirar o telefone do outro lado da sala. Estava fazendo um jogo perigoso com ela. Não
só os sentimentos dela estavam
obviamente envolvidos, mas também seu próprio coração estava muito perto disso. E ele não sabia se poderia lhe dar seu coração.
Sabia que a queria num nível primitivo e que sua conexão emocional com ela era mais forte
do que pretendia, mas havia tantas incertezas.

Por outro lado, não gostava da ideia de outro homem capturar o coração de Claire, o que o deixava numa situação complicada.
Ele tinha algumas decisões a tomar em sua vida pessoal ali e em Lallybroch. Independentemente do caminho que escolhesse, temia que estivesse cometendo um erro, e agora havia ainda mais vidas... e corações... na linha.

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