Capítulo 8

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Claire pegou alguns biscoitinhos para que Brianna aguentasse esperar o almoço ficar pronto, quando outro alarme soou na casa. Este,
anunciando um visitante. A casa era tão cheia de dispositivos de
segurança, monitores e alarmes que a cabeça de Claire tinha girado quando Jamie lhe explicou o
sistema inteiro. Quem era este homem que precisava de tanta segurança?
- Você está esperando alguém? - perguntou ela, pondo os biscoitos na bandeja do cadeirão, para Bree.
- Na verdade estou. - Jamie apagou a bocado fogão e virou-se para ela. - Não toque em nada. Eu tenho tudo sob controle. Isso não vai demorar.
Ele saiu da cozinha e foi para a porta da frente.

- Seu pai é um homem misterioso. - Claire murmurou para Bree. - E aparentemente, não um chef.
Afastando cachinhos ruivos do rosto da garotinha, ela estudou o quanto Bree se parecia com o pai. Os mesmos olhos, as feições lindas. Brianna seria absolutamente espetacular quando crescesse.
Claire imaginou se ela possuía algum traço da mãe. Certamente, que sim. Momentos depois, Jamie voltou para dentro da casa.
- Desculpe-me sobre isso. O almoço ficará pronto em cinco minutos, se você quiser pegar alguns pratos do armário.
- Vai me contar o que teremos, agora?
- Você verá - disse ele, antes de voltar para a sala.
Com um suspiro, ela atravessou o cômodo e pegou dois pratos e um menor, para Bree.

Momentos depois, Jamie voltou para a cozinha, usando um sorriso travesso, mas não disse nada, enquanto passava o que conseguiu
salvar da panela para uma travessa.
Aparentemente, ele removeu a panela antes que as chamas tivessem consumido a refeição
inteira.

- Apesar do alarme , eu admito
que o cheiro está delicioso.
Ele a olhou por sobre o ombro.
- Eu tenho muitas surpresas para você.
As palavras continham uma abundância de significados, mas, quando faladas enquanto ele
lhe prendia o olhar, levaram a mente de Claire para aquela noite no escuro ali mesmo, e para como seu corpo doeu depois do beijo glorioso.
Tal experiência poderia ser rotulada por uma única palavra? Um beijo era algo que podia ser dado de um pai em um filho, de uma criança a um animal de estimação. A palavra beijo era
muito abrangente.
- Pronta?
Claire piscou, percebendo que ele estava diante dela, com dois pratos de...
- Você fez macarrão com camarão ao molho? - perguntou ela, incrédula.
- Acha que não posso cozinhar macarrão e derreter um pouco de manteiga? - devolveu ele.
fingindo choque.
Pegando seu prato, inalando o delicioso cheiro de alho, ela riu.
- Eu tinha minhas dúvidas.
Claire pôs seu prato sobre a mesa e foi mover o cadeirão de Brianna para lá.
- Eu faço isso - disse Jamie, erguendo a mão.
- Coma enquanto está quente.
Ela observou enquanto Jamie puxava o cadeirão para a mesa. Então, ele cortou a massa e assoprou-a, antes de oferecer pequenos pedaços à filha.
- Você não está comendo - comentou ele, sem virar a cabeça na sua direção.
- Eu estou surpresa. - Claire sentou-se no banco abaixo da janela e começou a espalhar o camarão em volta do prato. - Sou a babá, portanto, comer uma refeição quente não é algo com que estou acostumada. Também
não estou acostumada com o pai fazendo meu trabalho, enquanto fico sentada aqui.
Ele lançou um olhar a ela.
- Eu não sou como a maioria dos pais. Ela é minha filha, e eu não estou lhe pagando para que você a crie, de modo que eu possa pôr os pés para cima e observar a vida passar. Estou
lhe pagando para me ajudar por alguns meses. Há uma grande diferença.

Claire engoliu em seco, detestando como sua observação o tornou instantaneamente defensivo, e de como foi lembrada, mais uma
vez, quão pouco tempo passaria lá.
- Peço desculpas. - Ela espetou um camarão no garfo, coberto em molho. - Eu deveria saber, a essa altura, que cada família e cada circunstância são diferentes.
- Não se desculpe - replicou ele. - Na verdade, assim que acabar de comer, eu tenho algo para você.
Intrigada, Claire o fitou.
- Você fez almoço, está me forçando a comer, em vez de eu alimentar Bree, e ainda tem uma surpresa? Deve estar brincando. Um músculo no maxilar dele saltou, os olhos
azuis prenderam os seus.
- Eu não brinco com muita frequência.
Certo, o homem era intenso. Ele passava de super pai para empregador sexy em questão de segundos. Ela não fez mais perguntas. Não o conhecia bem, mas sentia que qualquer dúvida sua seria despistada ou ignorada. Ele era um homem de absoluto controle, absoluto poder. Ela não imaginava o que ele fazia para viver, apenas sabia que ele trabalhava em casa.
Eles acabaram de almoçar em silêncio, exceto pelas palavras ao acaso vindas de Brianna.

Quando Claire terminou, levou os pratos para a pia e colocou-os na máquina de lavar louça.

Jamie tirou Brianna do cadeirão e,
cuidadosamente, colocou-a no chão. Num instante, ela andou para a sala de estar. Graças ao design aberto da casa, eles ainda podiam vê-la através da larga passagem arcada.
A garotinha pegou a boneca que Claire lhe dera, sentou-se no chão e começou a embalá-la. A dor familiar percorreu Claire. Mas havia muito mais alegria em sua vida do que tristeza.
Cada dia com Brianna era uma felicidade. A criança era doce, sempre feliz e divertida, contanto que tirasse suas sonecas, e Ela tinha sorte de estar trabalhando em um lugar tão agradáveis.

- Pegue-a e me encontre na varanda da frente.
Claire olhou para Jamie.
- Você está me deixando nervosa.
Ele sorriu.
- Querida, este é o melhor elogio que alguém já me fez.
Ele saiu andando sem outra palavra, e ela teve a impressão de que acabava de mexer num ninho de vespas.
Atravessando para a sala, deslizou as mãos debaixo dos bracinhos de Bree
- Venha, querida. Pegue sua boneca e vamos ver o que seu papai está aprontando.
- Neném- disse Brianna. - "mimi"
Rindo, Claire beijou o topo da cabeça encaracolada.
- Tudo bem querida, o neném tá dormindo.
Do lado de fora, Claire imediatamente avistou Jamie com um sorriso largo no rosto.
- O que é isso? - perguntou ela, olhando por sobre o ombro dele para um carro preto
grande, novinho e brilhante.
- É seu.

Jamie observou os olhos de Claire se arregalarem, o rosto empalidecer.
- Você... o quê...
O fato de ela gaguejar, então ficar sem fala, o confundiu.
- Seu carro não estava funcionando, e você precisa de transporte seguro, Considere este um presente de aniversário atrasado.
Os olhos azuis se voltaram para ele, e, em vez de gratidão, Jamie viu... raiva? Ele não conhecia uma mulher que não gostasse de presentes, especialmente um carro novo. Não sabia onde tinha errado aqui, mas obviamente não calculou a reação dela de maneira correta.

- Você falou que mandaria alguém ir buscar meu carro - explicou ela.
- Eu mandei. Foi removido da rua, e agora você tem um veículo novo, com o qual não precisa se preocupar.
Claire não parecia excitada como ele imaginou que ela ficaria. Na verdade, parecia furiosa.
- Eu não posso aceitar isso - declarou ela, permanecendo na varanda, segurando Brianna. - Quero meu velho carro consertado, não um substituto que custa mais do que eu algum dia poderia pagar. E não preciso de um presente de aniversário seu.
- Se você não o quer como um presente, então, use o veículo enquanto trabalhar para mim - disse ele, aproximando-se, enquanto se certificava de que aquela não era uma forma de suborno ou algo mais. - Considere isso como um dos incentivos que mencionei no seu primeiro dia. O veículo não está aberto a discussão. Você necessita de um transporte seguro, porque está cuidando da minha filha, e se ela estivesse no seu carro hoje, mais cedo, vocês duas teriam ficado encalhadas.
Claire fez uma careta.
- Não seja dramático. Eu não fiquei
encalhada. Andei até aqui. Se Bree estivesse comigo, eu teria pedido ajuda, e você logo teria
chegado. Eu estava a menos de um quilômetro de distância.
- O que aconteceria se estivesse a dez quilômetros de distância? - argumentou ele, tirando Brianna dos braços dela. - Não pode andar tanto com uma criança pequena, e não pode ficar no carro com este calor.
Claire cruzou os braços sobre o peito e desviou o olhar.
- Eu sei me virar.
- Você não quer nem mesmo olhar para o carro?
- Posso vê-lo muito bem. - Ela o encarou. -Eu gostaria de saber onde está meu carro, e eu o quero de volta.
Virando-se, ela entrou na casa e bateu aporta. Jamie olhou para filha.
- Onde eu errei?
Ele sabia que o que acabava de acontecer tinha pouco a ver com o veículo em seu pátio, e tudo a ver com algum problema pessoal para Claire. O velho carro quebrado possuía algum
valor sentimental? não restava-lhe dúvidas, diante da cena que ela fizera.

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