Capítulo 25

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Claire poderia amargurar-se pelo fato de que seus pais tivessem morrido quando ela era pequena. Também poderia enfatizar o fato de que o homem que pensou amar havia roubado cada centavo seu. Poderia até mesmo se focar
em sua mais recente traição: Jamie lhe escondendo a verdade colossal de que era um príncipe. Mas Claire optou por seguir uma rota
diferente. De agora em diante, escolheria raiva, porque,
se ela tentasse abrir mão da raiva, tudo que lhe restaria seria uma profunda dor na alma. Não
havia tempo para sofrimento, porque existia uma criança inocente em tudo aquilo. Uma criança da qual Claire havia sido contratada
para cuidar, Uma pela qual estava amando incondicionalmente.
Por mais que quisesse pegar metade de seu pagamento e deixar Jamie, ela não abandonaria Brianna. Não podia ir embora, não quando
conhecia muito bem o sentimento de rejeição.
Mas o que Jamie faria no final dos seis meses?
Ele tinha outro esquema planejado ou voltaria para casa? Será que ele sabia o que fazer?
Ela continuou olhando pela janela do carro que estava esperando por eles na pista de aterrissagem particular, em Inverness. Brianna estava presa na cadeirinha entre ela e Jamie, e desde que haviam saído de Boston, Claire mal trocou uma palavra com ele, a menos que envolvesse a garotinha. Nada mais precisava ser
dito. O dano estava feito.
Bree dormia, o que era uma bênção, porque a pobrezinha chorara bastante durante o voo.
Provavelmente devido à pressão nos ouvidos causada pela altitude. Embora exaustão ameaçasse consumir Claire, ela estava muito
zangada para sentir cansaço.
Além da raiva óbvia de Jamie, estava furiosa consigo mesma por causa da reação física que teve antes que ele saísse de seu quarto. Ele
soube exatamente o que dizer, o jeito certo de usar as palavras para maior impacto.
Ele podia ter sido um homem diferente quando estava com ela, um homem que havia inventado, mas ela ainda o queria. Ninguém
nunca a fizera se sentir tão amada, tão desejada, quanto ele. Jamie passara um braço ao seu
redor e a beijara como se tivesse todo direito do mundo.
Mas era tudo parte de um jogo. Ele havia criado uma vida nova na América, e ela era apenas outro acessório. Mais do que qualquer coisa, ela desejaria que pudesse desligar suas emoções para evitar a dor, mas simplesmente não funcionava desse jeito.

O chofer entrou numa propriedade. Claire notou o portão, os guardas e as colunas de pedra, e o brasão dos Frasers enquanto o carro percorria um caminho de acesso. O que ela estava fazendo lá? Ia passar os
próximos dias num Castelo. Um palácio. Poucos meses atrás, estava dormindo no carro, porque havia perdido o apartamento, e agora
iria ficar hospedada num castelo em outro país. Ela começou a
abrir a porta, mas Jamie apoiou uma das mãos na cadeirinha de Brianna e tocou o braço dela com a
outra.
- Eles abrirão sua porta.
Revirando os olhos, ela desvencilhou-se do toque e abriu a própria porta. Uma vez do lado de fora, virou-se, desafivelou o cinto da menina e tirou-a da cadeirinha. Bree Continuou dormindo, agora aninhada contra seu ombro.

- Senhorita. - O motorista segurou a porta, inclinando a cabeça na sua direção. - Suas malas serão levadas para dentro.
Ela quase riu. Sua única mala gasta não combinava com um Castelo, em absoluto. É claro que as roupas que a preenchiam combinavam, considerando que tinham sido
compradas com o dinheiro da realeza. Ignorando a tentativa de Jamie de tocá-la a
fim de guiá-la, ela deu um passo ao lado e olhou-o com raiva.
- Apenas peça que alguém me mostre onde é o quarto do bebê, e eu a acomodarei lá.
- Eu lhe mostrarei.
O tom dele não deixava espaço para
discussão. Tanto fazia. Claire não ia brigar, não com a doce Bree em seus braços. Realmente queria o melhor para a garotinha, mesmo que o
pai fosse um idiota.
O Castelo de pedras era maior do que qualquer casa que Claire já tinha visto. A fachada antiga escondia a decoração atual é bem sofisticada.
Plantas exuberantes e flores vibrantes cercavam o Jardim e ladeavam os degraus que levavam à
entrada. Guardas com trajes típicos estavam em posição de sentido de cada lado da porta.
Aquele mundo definitivamente não era seu.Tudo em sua vida tinha sido transformado no momento que ela conheceu Jamie. Desde as
roupas novas, passando por seu estado emocional, até suas experiências sexuais. Cada
aspecto de sua vida pessoal e profissional nunca mais seria o mesmo.
Claire seguiu Jamie para dentro,
passando por uma fonte espetacular logo na entrada. Enquanto eles passavam por pessoas,
criados e homens da segurança, ela notou que Jamie assentia em cumprimento, enquanto os
outros faziam uma leve reverência.
Sim, eles eram mundos à parte em todos os sentidos do termo, porque ela estava no mesmo nível daquelas pessoas que o reverenciavam.

Jamie conduziu-a para uma escadaria enorme, virando-se antes de começar a subir.
- Por que não me deixa carregá-la?
- Eu a peguei, e sua perna tem incomodado você.
O canto da boca dele se curvou num sorriso.
- Você me conhece muito bem. E se importa.
Claire o rodeou, recusando-se a olhar para aquele sorriso sexy, para os lindos olhos azuis.
- Eu vi você se encolher quando saiu do avião e de novo quando saiu do carro. E só me importo com Brianna.
Quando ela começou a subir, sabia que ele a seguia, que, provavelmente, estava olhando para seu traseiro. Não podia impedi-lo de
olhar, mas o impediria de tocar.
Porque, se ele se aproximasse muito, ela se derreteria. Ela não conseguia ignorar seus sentimentos, por mais que desejasse que seu corpo parasse de traí-la.

Quando ela chegou ao segundo andar, virou-se para ver Jamie segurando o corrimão, subindo mais lentamente do que o esperado.
Ela não pôde evitar. Com um braço
segurando Bree, desceu um degrau e estendeu a mão livre. Jamie parou, olhando de sua mão para seu rosto. Claire pensou que o orgulho o
faria recusar ajuda, mas ele pôs a mão na sua e apertou-a. Subiu os últimos degraus com o
auxílio dela, sem fazer comentários.
Uma vez que ele endireitou o corpo,
começou a andar ao longo do corredor, e Claire ficou aliviada que eles não subiriam mais um
andar, porque ela duvidava que Jamie conseguisse. Ficar no avião por tanto tempo devia ter prejudicado a lesão. O ato de mancar estava mais proeminente enquanto ele seguia o
corredor largo. Ela queria estender a mão para ele outra vez, mas não podia. Em vez disso,
absorveu as redondezas luxuosas.
Candeeiros de ouro adornavam cada parte da parede entre cada porta. O teto era decorado com obras de arte, algo que ela teria de admirar
depois, porque Jamie havia chegado ao fim do corredor e estava entrando num quarto.
Quarto não era bem o termo. A área que ela adentrou era um apartamento, com uma sala
de estar formal, um dormitório aberto nos fundos e dois conjuntos de portas francesas que
se abriam num terraço, oferecendo uma vista do oceano de tirar o fôlego.
- Este é o quarto do bebê?
- Este é seu quarto. Pedi que as coisas de Bree fossem colocadas aqui, de modo que você possa
ficar perto dela, e não ter de ficar perto de mim ou de mais ninguém.
O berço estava aninhado no canto oposto, ao longo da mesma parede uma cama king-size.
Atravessando o espaço amplo, Claire
gentilmente colocou Bree no berço, surpresa quando a garotinha aninhou-se no colchão e
deu um suspiro suave.
Ela virou-se para onde Jamie permanecia parado, olhando-a fixamente. Por mais que
tentasse, Claire não conseguiu desviar o olhar.
Ao mesmo tempo em que detestava aquele homem, encontrava-se atraída por ele por motivos inexplicáveis.
- Nós ficaremos bem agora. - Ela esperou que ele entendesse a indireta e fosse embora. -
Presumo que alguém trará nossas coisas para este quarto.
Jamie aproximou-se, fechando o espaço entre eles. Claire teve de inclinar a cabeça para trás afim de fitá-lo.
- O baile formal é amanhã à noite. - Ele a informou. - Eu quero você lá. Comigo.
Aquele conto de fadas estava começando a sair de controle. Ela só queria estar lá com Brianna.
Arrumar-se e representar outro papel não seria uma atitude sábia.

- Eu sou a babá de sua filha. - Claire forçou-se a ignorar a onda de excitação que a percorreu diante do olhar intenso dele. - Não
sou sua namorada ou uma de suas assistentes a quem pode ordenar. Tudo mudou quando você
optou por esconder a verdade de mim.
Jamie sorriu, exibindo a covinha sexy, antes de estender os braços e segurar seu rosto nas mãos.
- Você esqueceu que concordou em fazer o que eu quisesse enquanto estivermos aqui.
O lembrete foi como um balde de água fria em sua cabeça.
- Você não pode me usar assim - sussurrou ela.
- Eu não estou usando você. Estou
simplesmente tomando o que quero, e o que quero é tê-la em meus braços durante o baile.
Outra onda de raiva inundou-a.
- Foi para isso que você me disse para trazer o vestido azul?

- Não. Eu não quero que ninguém mais a veja naquele vestido. - Ele usou o polegar para acariciar seu lábio inferior. - Aquele vestido é
somente para meus olhos. Você o usará para jantar esta noite.
- Eu não quero jantar com você - retrucou ela, embora com menos veemência do que pretendia. - Você falou que eu não precisava
sair do meu quarto se não quisesse.
O polegar ainda traçando seu lábio fez Claire quase suplicar que ele a beijasse.
- Você não sairá do seu quarto - declarou ele. - O jantar será trazido aqui.
Ele afastou-se, deixando-a desejando mais.
- Esteja pronta por volta das 19h.
Com isso, ele virou-se e saiu do quarto.
Claire continuou olhando para a porta muito depois que ele partiu. Como ele ousava esperar
que ela estivesse à sua disposição? Se Jamie queria jantar com ela, tudo bem, mas ela tinha uma surpresa para ele, e certamente não
envolvia o vestido azul sexy.

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