• Qual a necessidade de se ter sentimentos?•

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Notas da autora:
Continuamos com o mesmo esquema , pra liberar o capítulo de amanhã (último dessa maratona especial de carnaval) esse capítulo deve chegar a 30 likes.
Como eu percebi que vocês gostam bastante dos POV do Josh eles irão aparecer mais vezes.
Se você pudesse dar uma nota de 0 a 10 pra fic qual seria?
Quero saber se vocês estão gostando e se tiverem alguma sugestão de como posso melhorar é só me mandar.

Josh POV

Eu não aguento mais essa avalanche de sentimentos que a presença de Any Gabrielly me causa. Só de estar com ela eu sinto as borboletas no estômago, eu sei que isso é clichê, mas é como se eu pudesse ignorar o resto do mundo e focar apenas nela , meu cérebro já faz isso automaticamente, eu posso estar em meio a uma multidão e ela vai ser a única coisa que eu vou ver, posso sentir sua presença a metros de distância e quando ela vai embora é como se uma parte de mim fosse com ela.

Eu odiava admitir isso , mas talvez eu estivesse finalmente me apaixonando por alguém e tinha que ser justamente a pessoa que deveria ser minha maior inimiga.

Quando deixei Any e Lamar conversando no baile tudo o que eu queria era um lugar para ficar sozinho, passei por meus irmãos e ignorei totalmente suas tentativas de falar comigo , eles só me faziam lembrar de meu pai e nesse momento eu só sentia ódio dele.

Ódio por ele controlar a minha vida desde o primeiro dia , ódio de ele ter feito filhos só para poder passar seu legado de maldade , ódio por ele nunca ter sido um bom pai e principalmente ódio por ele ter me criado para ser um ceifador, para perseguir e aniquilar todos os seus inimigos.

Quando digo que não tive uma vida normal eu me refiro a todas as vezes em que fui feito de soldado. Fui ensinado a usar meus poderes muito cedo , antes mesmo de amadurecer o suficiente para ter capacidade de controlá-los , meu pai se encarregou de que eu fosse treinado pelos melhores , tanto em combate físico quando em combate mágico, quando eu cheguei a academia sabia mais do que os alunos formandos, mas tive que fingir ser como todos os outros , para guardar o segredo de meu pai.

Enquanto isso sempre que necessário eu era tirado de lá para novas missões, novos alvos que merecessem a morte , seja por tentar matar meu pai ou simplesmente por discordar deles. Eu tinha sangue em minhas mãos de muitas pessoas que, só depois, comecei a perceber que não mereciam.

Durante 16 anos da minha vida eu fui apresentado a ideia de que meu pai era a única pessoa certa, que seus ideias eram o melhor para o nosso povo e que por isso os outros, as pessoas más, o queriam morto e que por isso eles precisavam pensar que ele estava morto. Talvez eu nunca tivesse descoberto a verdade se não fosse obrigatório que todos os bruxos frequentassem a academia a partir dos 16 anos. Quando eu cheguei lá comecei a ver a história de vários pontos de vista , percebi que meu pai não era tão santo quanto dizia ser , eu percebi todas as burradas que eu havia feito em minha vida. Tentei sair disso , ser apenas um bruxo normal, mas é impossível simplesmente abandonar Belchior e por causa disso eu estava em condicional até hoje.

Meu pai não confiava mais cem por cento em mim, Bailey e Noah estavam sempre por perto para garantir que eu andasse na linha e é por isso que ele foi atrás de Any pessoalmente, para ter certeza de que eu estava fazendo um bom trabalho. Como sou o mais velho eu devo ser o exemplo, o melhor sempre , mas eu não podia ser o melhor nisso.

E agora que eu estava tendo todos esses sentimentos por Any eu percebia o quanto eu queria me afastar do relacionamento tóxico que minha família me proporcionava. Parte de mim entendia que eu deveria fazer de tudo para proteger ela e isso incluía ignorar todos esses sentimentos e ficar o mais longe dela possível, a outra parte entendia que sua morte era eminente e não poderia ser evitada nem se eu quisesse. Eu poderia protege-lá com o meu corpo e todo o meu poder e mesmo assim não faria nem cócegas em meu pai , ele acabaria comigo e com ela em seguida.

Preferia manter pelo menos o coração de Any intacto, não poderia deixar florescer o que existia entre nós, por que descobrir que eu não sou nada além de um vilão partiria o coração dela e isso talvez fosse até pior que a própria morte.

— Josh? — Uma voz que eu conhecia muito bem me tirou de meus devaneios.

Eu havia me perdido tanto em meus pensamentos que nem percebi que havia voltado para a suíte e estava sentando na varanda.

— Tô aqui. — Eu disse sinalizando para Any onde eu estava.

— Você está estranho hoje. — Ela disse ao se sentar ao meu lado.

— Eu sou estranho. — Eu disse não tirando meus olhos da visita para o central park.

— Nunca desde tanto. — Ela soltou uma leve risada. Era perceptível que ela estava preocupada e tentando ser uma boa amiga, me matava ter que força-lá a me odiar , mas eu não tinha muita escolha.

— Acho que só preciso ficar sozinho mesmo. — Dei de ombros.

— E eu acho que você precisa de alguém pra conversar, dá pra perceber que tem muita coisa nessa cabecinha hoje , e se você quiser eu tô aqui pra escutar. — Ela disse , finalmente olhei para ela e conseguia ver sinceridade em seu olhar , ela genuinamente se preocupava comigo e isso era uma coisa que ninguém nunca tinha feito comigo na vida.

— Você conhece a sensação de querer tanto uma coisa que é como se sua vida dependesse disso? — comecei. — Mas por mais que você queira isso vários fatores te impedem de ter?

— Não exatamente, mas consigo compreender. — Ela disse.

— É como se eu estivesse em um labirinto e quanto mais perto do centro eu chegasse mais paredes são adicionadas para que eu fique preso infinitamente. E então eu continuo correndo e ficando cada vez mais preso.

— Como se você nunca pudesse ter o que você quer. — Ela disse.

— Exatamente.

— Mas talvez essas paredes que você acha que os outros criam são só coisa da sua cabeça, como se você mesmo se sabotasse por medo de se machucar.

— Mas por que eu sofreria para evitar me machucar? — Perguntei.

— Por que as vezes a dor de se privar de algo é menor do que a dor de perde-lô.

— E o que você acha que eu deveria fazer?

— Ninguém tem uma boa vida se fica se escondendo na zona de conforto. — A intensidade do olhar de Any, fazia todas a borboletas voltarem e a necessidade te ter ela pra mim era cada vez maior. — Você nunca vai saber a alegria que você poderia ter se não tentar.

Aquelas palavras me motivaram, então eu me aproximei de Any o suficiente para que existissem apenas alguns centímetros entre nós, seu olhos ainda continuavam fixados nos meus quando me aproximei tomando seus lábios em um beijo calmo.

Forbidden Love • Beauany • Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora