• Fuga da Realidade •

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Notas da autora:
Só mais sete capítulos para o final do fic 😱
Com essa fic chegando ao fim eu já estou me preparando para a próxima que será Joaley, vocês preferem que seja clichê adolescente ou algo mais Sci-fi?

Any POV

Acordei ainda zonza e sem muitas lembranças do que havia acontecido antes de adormecer. Me encontrava deitada em uma cama extremamente confortável, em um local que não pertencia a Academia, parecia mais uma memória distante. Ainda me lembrava razoavelmente dessas paredes pintadas de rosa, da grande janela que permitia a entrada da luz solar todo dia de manhã tal qual fazia agora. Era meu quarto, contudo era meu quarto de quando eu era criança, antes mesmo do acidente.

Levantei-me e senti meu corpo estranho, quando cheguei ao banheiro e pude me olhar no espelho vi que ainda era uma garotinha de 4 anos. Não compreendi o que estava acontecendo naquele momento, era como se momentaneamente eu havia voltado 12 anos no tempo.

Escutei vozes familiares no andar de baixo e desci as escadas correndo, havia tantos anos que eu não escutava a voz melodiosa da minha mãe. Ela estava lá , simplesmente conversando com meu pai na cozinha enquanto fazia omelete para o café da manhã. Quando ela me viu abriu os braços e eu corri me aconchegando em seu abraço, é estranho o quanto eu sentia falta disso.

— E eu? não ganho abraço , macaquinha? — Disse meu pai rindo e usando o meu antigo apelido.

Corri para os braços de meu pai sentindo todo o seu carinho, por mais que eu tenha os perdido muito cedo , parte de mim ainda carregava momentos e lembranças da minha infância.  Não sei como tudo isso era possível, mas não iria reclamar da sorte em ver meus pais após tantos anos, era perfeito e tão errado ao mesmo tempo. Decidi desligar meu lado racional e simplesmente aproveitar o momento.

Sentei-me a grande mesa da cozinha, minha mãe me serviu um omelete e um copo de suco de morango, meu pai e ela se setaram ao meu lado e me senti rodeada de amor, eles conversavam sobre assuntos aleatórios e planos para uma viagem que eu sabia que nunca iria chegar. Depois do café da manha Raissa e seus pais chegaram a minha casa, eles sempre vinham para cá aos fins de semana e enquanto ficavam horas conversando com meus pais sobre negócios, Raissa e eu brincávamos no  jardim com nossas bonecas.

— Any, vamos brincar de espiões? — Raissa disse , percebi que ela sempre foi a má influência que me metia em todas as ciladas possíveis.

— Mas a gente vai se encrencar. — Eu disse.

— Não vamos não, sua casa é enorme, eu quero achar aquela sala secreta de novo. — Eu não me lembro de uma sala secreta.

E isso é tudo o que é necessário para atiçar minha curiosidade e me fazer concordar com essa idéia boba. Deixamos nossas bonecas sobre o gramado e voltamos para dentro da casa, tiramos os sapatos para fazer menos barulho e começamos a subir as escadas , o escritório dos meus pais ficavam no segundo andar perto da entrada para o sótão e era um lugar proibido , nunca me deixaram entrar lá dentro e como sempre fui uma criança obediente eu nunca havia entrado lá de fato. Raissa me direcionou para a porta do sótão, essa porta sempre estava destrancada , até porque eu morria de medo de entrar lá sozinha, com muito cuidado para que a porta não fizesse nenhum barulho conseguimos a abrir o suficiente para passar os corpinhos de duas crianças de 4 anos , após passarmos fechamos a porta logo em seguida.

Peguei uma das lanternas que meu pai sempre deixava ali para casos de queda de energia e a liguei revelando uma escada , subimos com cuidado cada degrau. O sótão sempre ficava cheio de móveis e caixas velhas, eu não entendia onde Raissa queria chegar sendo que o lugar era pequeno e abafado e não existia nenhuma porta ali que desse para qualquer cômodo existente.

— Raissa ,onde você quer chegar? — Perguntei.

— Quieta criança, quer dizer , Any. Tá aqui em algum lugar eu só preciso me lembrar onde é. — Raissa disse.

Meu corpo entrou em alerta ao perceber como minha amiga havia falado comigo, agora percebi que havia algo muito errado e eu precisava sair daquilo o mais rápido possível.

Tentei de todas as formas acordar daquele sonho e cogitei até me atirar da janela , mas como não sabia se isso poderia realmente afetar meu corpo decidi continuar com tudo isso e agir como se não soubesse de nada.

— Achei! — Anunciou Raissa ao me mostrar um pequena porta ao estilo Coraline atrás de umas caixas.

Ela abriu a porta e eu a segui até o outro cômodo, era uma sala rodeada de estantes e  com varias janela, as mesmas não podiam ser vistas do lado de fora da casa ,o que me fez imaginar que aquele lugar estava envolto por um feitiço de camuflagem.

Raissa mexia em todos os livros como se estivesse procurando algo em específico, tentei trazer a mim alguma lembrança de algum livro importante, mas não conseguia me lembrar de nada.

Insatisfeita Raissa saiu do pequeno cômodo e parecia a ponto de explodir, nesse momento percebi que aquela não era minha amiga e sim uma lembrança controlada por outra pessoa. E se fosse quem eu imaginava precisava descobrir o que ele tanto buscava e encontrar antes que caísse em suas mãos. Em completo silêncio passei por uma Raissa distraida com seus surtos e desci as escadas fechando e trancando a porta do sótão com a chave que ficava embaixo do tapete. Caminhei para o escritório entrando sem ser notada e me escondendo rapidamente embaixo da mesa de meu pai.

Meus pais e os pais de Raíssa discutiam fervorosamente sentados nos sofás próximos a janela.

— Estamos seguros , esse é o último lugar do mundo em que ele iria nos procurar. — Meu pai disse.

— Mas isso não significa que vocês não precisem ter um plano b, pense na Any, ela está aqui no mesmo lugar que um livro antigo e importante e que um bruxo muito poderoso quer. Não preciso ser bruxo pra entender que isso possa ser perigoso. — O Pai de Raissa disse.

— Então o que sugere? — Minha mãe disse.

— Vocês não precisam desse livro , eu tenho um lugar realmente seguro em que posso guardar. Eu vou levá-lo e vocês continuam aqui ,escondidos e assim a Any estará segura.

— Você não entende o quanto esse livro é importante, se cair nas mãos erradas é o fim , tanto dos bruxos quanto dos humanos. — Meu pai disse.

Senti uma presença próxima e quando olhei para o lado Raissa estava me olhando. Dei um grito e ninguém no local pareceu notar.

— É só uma lembrança , criança tola. — As palavras saiam da boca de Raissa, mas a voz já não era mais a mesma.

Forcei me a acordar e dessa vez pareceu ter algum efeito, tudo começou a tremer e aos poucos as figuras familiares desapareceram e deram lugar a um enorme salão, o local parecia o interior de uma igreja gótica, podia ver o céu através de uma abóbada de vidro, já era noite e eu ainda não fazia ideia de onde estava.

Tentei me mover e senti meu corpo flutuando , olhei para baixo e consegui ver rostos familiares , pessoas que a esse ponto já sabia não estar do meu lado e outras que eu nunca imaginária, no centro estava um homem aparentando 50 e poucos anos , ele parecia bravo e esbravejava com os jovens ao seu redor, mas eu não conseguia escutar nada , o feitiço que me mantinha suspensa também isolava qualquer som exterior. Olhei ao redor procurando um sinal de esperança e lá estava aquele par de olhos azuis escondido em um dos mezaninos, a esse ponto eu ainda não sabia se isso era bom ou ruim.




Forbidden Love • Beauany • Livro 1Where stories live. Discover now