Capítulo 11: Klaus

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     Na terça-feira o assunto da cidade ainda era a aparição repentina de Diego Sanchez. Eu tentava sair de perto todas as vezes que o assunto era esse, mas não pude evitar quando meus amigos me prenderam na parede para saber o que ele queria comigo. Não disse nada a Tony e Raul. Inventei uma desculpa que ele queria tirar satisfações sobre minhas brigas com Lorena, o que rendeu alguns risos. Mas não podia mentir para Samuel e certamente que Adônis descobria minhas mentiras no ar, então acabei contando tudo. Samuel achou que era uma ótima oportunidade para saber mais sobre o cara. Adônis achou que era tudo muito estranho. Eu fiquei no meio termo dos dois. Não estava totalmente a vontade com isso, mas também não estava desconfortável como um todo. Acho que estava curioso.

Minha manhã havia sito conturbada. Tive duas aulas de cálculo e mais duas de história sobre a Guerra Civil Americana. Já não bastasse ter que estudar as guerras do meu país, ainda tinha que saber sobre yankees e confederados.

Na hora do almoço eu estava uma lesma quando me arrastei até a mesa que sempre me sentava. Samuel e Adônis já estavam lá, num papo muito louco sobre o gosto das uvas em determinadas épocas do ano. Aquele dia estava acadêmico demais para o meu gosto.

Bufei quando eles deram uma pausa na conversa.

— O que houve? — Perguntou Samuel remexendo no seu sanduiche natureba.

— Minha manhã foi um pesadelo. — Respondi olhando desgostoso para a salada de frutas que eu tinha comprado.

— Se você tivesse resolvido ficar na nossa turma, teria tido uma manhã calma de artes e literatura inglesa.

Adônis e Samuel estudavam no terceiro ano A e eu no B. Tinha sido uma ideia do meu pai de fazer com que eu não tivesse distrações durante as aulas. Até que funcionava bem, mas eu sentia falta de sorrir de alguma piada deles e de fazer trabalho em grupo. Toda vez eu pegava uma garota cheia de acnes e um nerd de óculos fundo de garrafa que cuspia em mim quando falava. Era terrível.

— Ordens do delegado. – Falei comendo um pedaço de manga.

Samuel deu de ombro e voltou a comer. Adônis começou a conversar com uma garota ao lado dele. Estava jogando todo o charme italiano para cima dela, e a menina, inocente, parecia estar adorando a atenção. Sorri balançando a cabeça e comi outro pedaço de manga.

— Você é a única pessoa que conheço que seleciona as mangas antes do resto da salada.

A voz de Marion fez com que eu despertasse da minha preguiça. Estava em um vestido pra lá de curto e provocante, mesmo que a coordenadora tivesse proibido esse tipo de traje na escola. O fato de termos conseguido nos livrar do fardamento não queria dizer que poderíamos desfilar por lá como se estivéssemos na praia. Pessoalmente adorava, mas ficava muito puto quando alguém da natação vinha me dizer que sabia a cor da calcinha que ela estava usando.

Marion sentou ao meu lado e puxou a colher da minha mão, roubando um pedaço de melancia da salada. Eu sorri.

— Temos que fugir do padrão, não acha?

— Acho. — Dei um beijo de leve em seus lábios.

Ela tirou alguns envelopes da bolsa e entregou para Samuel, Adônis, a garota ao lado dele e um para mim.

— O que é isso? — Perguntou Adônis

— Convites para uma festa que vou dar final de semana lá em casa. Meus pais estarão viajando.

Olhei para ela, percebendo a malícia em sua voz. Era um convite tentador.

— E quem foi convidado para essa festa?

A Mais Bela MelodiaWhere stories live. Discover now