Capítulo 18: Lorena

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Estava tendo um sonho gostoso com tortas de amora e futebol de sabão quando alguma coisa simplesmente soprou dentro da minha cabeça. Hora de acordar

Sabe quando você é atropelado por um ônibus? Ok, eu também não sabia, mas achei que seria exatamente esse tipo de enxaqueca que pessoas atropeladas sentiam. Estava em um lugar claro, mas eu não conseguia enxergar onde. Então fechei as pálpebras de novo na esperança de que a tontura fosse embora e devolvesse minha visão. E foi quando algo estranho me ocorreu. Eu estava deitada em cima de algo que subia e descia. Era macio e cheirava a madeira recém-cortada. Um cheiro que eu adorava e conhecia de algum lugar, além da madeira, lógico. Então um estalo surgiu na minha cabeça e abri os olhos o mais rápido que pude. Virei lentamente para cima e pedi aos céus que eu acordasse desse pesadelo, porque ali, embaixo de mim, estava Klaus Hunter, dormindo.

Por um momento pensei em gritar, mas a vontade passou assim que escorreguei minha mão pelo peito dele e senti sua pele quente fazer cócegas na minha. Deveria ser proibido aos homens ter barrigas escandalosas como aquela. Ele dormia profundamente e o cabelo caia em seus olhos, o deixando com uma aparência desleixada e bonita. Tentei me mexer para sair de cima dele e percebi que estava nua.

Eu estava nua numa cama com Klaus Hunter? Mas o que diabos tinha acontecido? Eu transei com ele? Oh meu Deus, eu transei com ele! E nem me lembrava disso! Que merda!

Forcei minha memória para lembrar algo no dia anterior, mas só conseguia-me ver atendendo a um telefonema de Matt e saindo para encontra-lo no Doc embaixo de um temporal. Ele disse que tinha uma coisa importante para dizer, mas não lembro se ele disse. Ofereceu-me um copo de coquetel de frutas e daí... Não lembro mais porcaria alguma. Como eu estava com Matt e acordo na cama com Klaus? Algo não se encaixava nessa história. Não que eu estivesse reclamando num todo, afinal de contas o homem era altamente pegável, e aposto que um corpo de mulher embriagada se esbaldaria naquela barriga, e nos braços e...

Por Cristo, eu era patética!

No que eu estava pensando? O cara tinha me feito de Carrie, a estranha na frente de mais de cem alunos e eu estava aqui cogitando alisar a barriga dele?

Sentei sentindo a cabeça latejar, e fui me acostumando com a luz do lugar, percebendo que estava no quarto de Diego. Peraí, aquele sentado na poltrona bem na minha frente era...

— Diego? — Perguntei assustada, puxando o lençol para cobrir meus seios. Senti quando Klaus se mexeu ao meu lado, mas não quis encara-lo. E então ele sentou tão rápido que eu balancei no colchão macio.

— Oh, merda! — Falou baixinho e meu irmão se acomodou melhor na poltrona, com uma expressão divertida enquanto bebericava algo de uma xícara.

— Bom dia para vocês também! — Ele deu uma pausa. — Agora eu posso saber por que você foi tirar minha irmã da cadeia e encontro vocês nus na minha cama?

— Olha Diego... — Klaus falou ligeiro, levantando as duas mãos. Provavelmente com medo que Diego fosse pular no pescoço dele. Tive vontade de rir, mas algo no que meu irmão falou ligou meus sentidos de alerta.

—Espera. Cadeia? Eu estava na cadeia? — O susto me bateu instantaneamente. — O que porra eu fui fazer na cadeia?

Eu e Klaus começamos a falar ao mesmo tempo. Ele tentando explicar alguma coisa e eu totalmente pasma de ter estado na cadeia e não lembrar patavina disso. Então Diego levantou a mão e nós nos calamos. Ele apontou para Klaus, e eu engoli em seco, com medo do que iria ouvir.

— Ela teve uma crise de hipotermia ontem. — Klaus falou num suspiro.

— O que? — Perguntei finalmente fitando seus olhos, e me arrependi de ter feito isso. Ele era lindo também quando acordava.

A Mais Bela MelodiaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora