Começo a escrever o título do trabalho na cartolina e respiro fundo, ficando irritada com a respiração de Derek na minha orelha.
— Você sabe o que significa espaço pessoal? — pergunto para o moreno.
— Não. — viro o rosto na direção dele e o vejo sorrir ironicamente. — Me explique.
Fico um pouco constrangida com a pouca distância, mas logo respondo:
— É isso aqui. — então empurro ele a um braço de distância.
— Você é uma chata, sabia? — Derek reclama e eu rio.
— E você está sendo inútil. — eu retruco, o olhando nos olhos. — Vá buscar algo pra eu comer, estou com fome.
— O jantar fica pronto às 19:00. — ele responde, franzindo o cenho.
— Quem disse que vou jantar aqui, esperto? — pergunto, também franzindo o cenho.
— Eu. — ele sorri e eu o olho, deixando claro que não me convence. — Minha mãe...?
— Se ela quiser que eu jante aqui, ok. Mas ela não quer, porque ela não me convidou. — eu respondo. — Isso significa, para pessoas educadas como eu, que devo ir embora antes do jantar começar, para ela não se sentir na obrigação de me convidar. A vida funciona assim.
— Ela vai te convidar. — Derek fala e estende a mão. — Quer apostar?
— Apostar o que? — pergunto, estreitando os olhos.
Ele parece pensar por um tempo, até sorrir convencido:
— Se eu ganhar, você faz todos os trabalhos do semestre comigo.
— Por quê?! Nós só temos química, francês e economia juntos! E eu não sou a mais inteligente de nenhuma dessas matérias! — eu retruco.
— Gosto de passar o tempo com você. — ele sorri e eu fico corada.
Maldito Hale popular que sabe flertar como ninguém! Isso que nem tem interesse em mim!
— Certo, mas se eu ganhar vou querer... — passo os olhos pelo quarto e sorrio. — Aquele moletom ali.
Derek olha na mesma direção e grunhe.
— Só pode estar brincando, é meu favorito! Tem algum tipo de radar nele? — ele pergunta e eu rio, me divertindo com sua contrariedade.
— Isso ou nada, esperto. — eu estendo a mão, sorrindo, convencida de que ele não vai aceitar.
Mas Derek estende a mão e sorri, vendo minha cara derrotada.
— Você é um saco. — eu resmungo. — Vai pegar minha comida.
O moreno levanta e pega o resto de pizza, estendendo para mim os três pedaços. Tenho vontade de jogar na cara dele.
— Comida quente. Estou com dor de garganta. — eu explico e acabo tossindo várias vezes, sentindo minha garganta arder. — Inferno.
Por um instante posso jurar ver sua cara preocupada e ele dá um passo, como se fosse encostar na minha bochecha, mas ele dá meia volta e desce as escadas.
Cantarolo uma música enquanto começo a fazer o desenho que a professora pediu, logo conseguindo terminar.
— Odeio química. — eu levanto, estalando as costas e me jogo na cama de Derek. — Oh meu Deus! Toda dor no corpo some com isso aqui! Vou ficar aqui pra sempre, dane-se o Hale.
— Você devia parar de falar sozinha. — ouço Derek rir, mas não me dou o trabalho de o olhar.
— Espero que tenha trazido algo bom, não estou fazendo o trabalho praticamente sozinha à toa. — eu reclamo, fechando os olhos e descansando as mãos na barriga. — Aliás, contorne o título e o desenho, com a caneta preta, a vermelha é pra fazer os enfeites.
Viro a cabeça para a porta e abro os olhos, os arregalando ao ver Talia bem atrás de Derek, dando uma risadinha. Ela se inclina e sussurra algo no ouvido de Derek, que fica corado, mas eu nem tento ouvir por estar ocupada me levantado e arrumando a roupa.
— Desculpe, sra. Hale. — eu sorrio sem graça, coçando a parte de trás da cabeça.
— Nem se preocupe. — ela sorri. — Quero saber se quer jantar aqui em casa hoje.
Derek sorri convencido para mim e contenho uma careta para ele, logo sorrindo para a mulher.
— Obrigada, mas não posso aceitar, tenho que ir pra casa antes de escurecer e...
— Quem disse que vai sozinha? Derek te leva. — ela coloca as mãos nos ombros do filho e sorri. — Não tem nenhuma desculpa. Terei que chamar Cora? Ninguém resiste à ela.
Certo, a última coisa que quero é ser chantageada por uma garotinha de seis anos.
— Tudo bem, mas ele dirige bem? Digo, não vou morrer nem nada? — eu brinco e ela ri.
— Com sorte você só quebra uma perna. — Talia responde e sai andando, me fazendo rir.
Derek faz uma cara emburrada e sorrio, me deitando de novo.
— O contorno, esperto. — aponto para o trabalho e ele bufa, se sentando no chão e começando a contornar. — Sua família parece incrível.
— Porque é. — ele responde e vejo seu maxilar se mexer, significando que sorriu, o que me faz sorrir também.
Me deito de bruços e fico com o rosto ao lado do de Derek, observando ele fazer os contornos, concentrado. Sorrio, vingativa, e sopro sua orelha o fazendo arrepiar e me olhar constrangido.
— A vingança é um prato que se come frio. — eu sorrio para ele e o vejo revirar os olhos, o que me parece uma marca registrada de Derek Hale. — Vai acabar perdendo os olhos desse jeito. Seria uma pena...
Encosto o indicador na sua testa e empurro, o vendo me olhar curioso.
— Por que seria uma pena? — Derek pergunta e sinto minhas bochechas corarem.
— P-porque ai não teria como terminar de contornar. — minto descaradamente. — Anda logo, esperto.
Derek me olha, com um sorriso suspeito, e volta a contornar. Resolvo voltar para o meio da cama e respiro fundo. Quase que eu termino a frase com "Seus olhos são lindos". O que não parece constrangedor demais, mas se eu falasse ele iria se gabar pra sempre. Então ele finge que não sabe e eu finjo que não me perco sempre que olho para aqueles olhos verdes.
°°°°°
Espero que tenham gostado.
Até a próxima.
19/04/2019.
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Abrupto • Teen Wolf
FanfictionPrímula teria que fazer um trabalho de química com Derek Hale, e ela não podia estar mais indignada por ter que ir até a casa dele, mesmo doente. Mas tão abruptamente quanto ela conheceu os Hale, ela iria se apaixonar por um deles. °°° Se você está...