Abrupto • Teen Wolf

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Estalo os dedos e mexo o pescoço, tentando achar uma roupa decente. Eu não tenho roupa pra sair! Que ódio!

Respiro fundo, segurando o choro de pura raiva e desespero, e olho pra cama, vendo várias peças de roupa jogadas nela. Me jogo em cima delas, dramaticamente, e ouço os passos de minha mãe vindo. Ela abre a porta de supetão, me fazendo dar um pulo. Essa mulher não tem a mínima delicadeza pra abrir portas.

— Você ainda está de toalha?! — minha mãe pergunta indignada e eu dou de ombros.

Ouço ela bufar e então ela me puxa da cama, revirando ainda mais minhas roupas, atrás de algo decente.

— Você disse que não era um encontro, por que está tão em dúvida? — minha mãe provoca e eu estreito os olhos em sua direção, após torcer o nariz.

Eu sou a cópia dessa mulher, por isso odeio quando ela faz essas coisas.

— Porque eu estou indo ver Harry Potter! Derek Hale que se lasque. — eu respondo, cruzando os braços.

Minha mãe se vira lentamente e cruza os braços também, me olhando com os olhos estreitos:

— Então você pode ir com aquele moletom da Hermione que te dei e parar de encher o saco!

Abro a boca, indignada, e ela ergue uma sobrancelha.

— Eu nem te chamei aqui! — eu protesto, batendo o pé.

A mulher ergue as sobrancelhas e se vira, andando até a porta, mas eu a puxo pela mão:

— Só brincando, ache uma roupa pra mim. Por favor, mãezinha linda do meu coração que eu amo tanto?

— Certo, chatinha. — ela responde e volta a mexer nas roupas.

Minha mãe joga a roupa pra mim e sai do quarto, após mandar beijo pelo ar. Arregalo os olhos olhando pro nada e suspiro. Mulher doida.

Analiso a roupa que ela me entregou e visto. Uma saia jeans colada combinando com a jaqueta jeans, que tem as mangas três quartos dobradas pra enfeitar, e um top reagatinha sem decote, uma cor entre marrom claro e  salmão. Confuso, mas lindo.

A saia fica um palmo acima do joelho e a jaqueta fica três dedos abaixo dela. Eu penteei meu cabelo bonitinho e joguei pro lado direito, como sempre. Pego uma bolsa preta e coloco o celular, os ingressos, dinheiro e gloss. A alça é comprida, o que facilita minha vida totalmente. Resolvi usar as sapatilhas que minha avó deu no Natal, já que nunca uso essa desgraça por ser clara demais pra minha mãe deixar eu usar na escola. Ela diz que não sou eu quem limpo, e como a sapatilha é estilo camurça e num tom salmão clarinho, ela endoida se eu usar naquele antro chamado escola.

Quando saio do quarto, após passar mais uma camada de gloss, ando até minha mãe e faço pose. Ela me olha de canto de olho e sorri:

— Eu fiz uma garota linda demais, puta merda.

— Obrigada, obrigada. — eu sorrio, jogando o cabelo pra trás.

Ouço alguém bater na porta e ando até ela, mas paro e viro para minha mãe:

— Você não ia estar de plantão?

— Ah, é, a Taylor quis me cobrir. — ela dá de ombros e a olho desconfiada. — Tá, tá! Eu quis que vocês parassem de enrolar, aí ajudei. Arranjei um encontro, não arranjei? Fica quieta e some.

— Mães... — resmungo antes de abrir a porta para um sorridente Derek. Maldito Hale e sua maldita audição de lobisomem!

Por um momento rápido, apenas nos analisamos. Ele está com uma blusa preta de manga comprida que tem um decote V, com uma cordinha preta entrelaçando o decote, uma calça marrom e botas estilo tratorada. Puta merda...

— E ai, esperto? — me encosto no batente e sorrio. — Quer ir ou vai socializar com a minha mãe?

— Oi, Prim. Olá, sra. Blake! — os dois trocam acenos e sorrisos educados. — Já podemos ir agora.

Sorrio, negando com a cabeça, e aceno para minha mãe, saindo de casa rapidamente.

Quando chegamos ao carro de Derek - que na realidade é da mãe dele -, fico surpresa ao ver o garoto abrir a porta pra mim.

— Que educado. — eu debocho e o garoto se senta no banco do motorista.

Nós andamos devagar, já que estamos adiantados - eu garanti que ele viria antes -, mas de repente Derek solta um grunhido e faz a volta. O que me faz olhá-lo com uma sobrancelha erguida, então ele torce o nariz e explica:

— Esqueci a carteira em casa. 

— Eu tenho dinheiro para pagar a pipoca e o refrigerante para nós dois. — respondo, o olhando.

— É, mas a Cora encheu o saco para te ver, e isso é uma boa desculpa. — Derek dá de ombros e eu rio.

— Dezesseis anos na cara e sendo chantageado por uma garotinha de seis... — nego com a cabeça e rio mais ainda.

— O que eu não faço por aquela pirralha? — ele sorri e sorrio também.

Como um ser humano consegue ser tão fofo falando da irmã e, ao mesmo tempo, dar um sorriso sexy desses? Injusto comigo, poxa!

Chegamos à casa dele e descemos do carro juntos, mas quando entramos na casa Derek corre escada acima, atrás da carteira.

— Você tá linda, cunhada. — Laura sorri, aparecendo ao lado de Cora.

— Eu não namoro o Derek... — eu comento, abraçando Cora, que parece animada em me ver, enquanto tento não deixar os cabelos dela grudarem na minha boca. Problemas de cada dia ao usar gloss.

— Onde vai ser o encontro de vocês? — Cora pergunta, segurando minha mão.

— Vamos ver Harry Potter, pequena. — eu arregalo os olhos sutilmente ao responder Laura: — E não é um encontro!

— Tem certeza? — Laura estreita os olhos, parecendo se divertir.

— Tenho, quero dizer, não. — eu respondo, franzindo o cenho. — Derek acha que é um encontro? Ele quer que seja um?

— Por ele vocês já estariam usando alianças de namoro. — ouço Peter falar e me viro, vendo ele na sala de estar, então ele acena. — Até que sabe se vestir, garota. Achei que só sabia usar pijamas.

— Tio Peter, não seja mal-educado! — Cora me defende e ele a olha surpreso.

— Vai ficar do lado dela, lobinha? — Peter pergunta e então coloca a mão no peito, dramaticamente. — Esperava isso de qualquer um, menos de você!

A garotinha corre até ele, pulando no seu colo, e pede desculpas. Observo o momento, com um sorriso no rosto, e Laura para ao meu lado.

— Você quer que seja um encontro? — ela pergunta e eu suspiro.

E, mesmo sabendo que Derek está ouvindo, eu respondo:

— Mais do que deveria.

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Espero que tenham gostado.

Até a próxima.

04/05/2019.