× 12 ×

2.5K 235 52
                                    

Paramos em frente ao cinema e saímos do carro.

Fato curioso: Derek é péssimo escondendo coisas, porque ele não para de sorrir desde que desceu as escadas. Digo, ele não sabe disfarçar que ouviu a conversa? E... espere! Isso quer dizer que ele também quer sair comigo! Com essa constatação, meu estômago embrulha e minhas mãos começam a suar. Iremos entrar em uma sala de cinema agora! Quer algo mais clichê para um beijo? Para o nosso primeiro beijo? Puta merda, meu primeiro beijo!

Eu juro que se ele tentar me beijar enquanto o Harry mata o basilisco, eu soco a cara dele! O nariz vai curar, de qualquer forma, quem se importa?

Nós entramos na fila para comprar comida e eu me sinto ansiosa. Isso é um encontro ou não?! Maldito Hale!

— Isso tudo é por causa de Harry Potter? — Derek pergunta, me fazendo dar um pulo, já que ele fez questão de falar perto do meu ouvido. Sinto ele segurar minha mão discretamente e suavemente.

— Com certeza! Sempre tive um crush no Harry! É uma pena que Remus ainda não apareça em Câmara Secreta... — eu lamento e solto um risinho.

— Quem é esse? — o garoto franze o cenho, confuso.

— Uma pessoa maravilhosa e injustiçada. — eu sorrio, suspirando. Então resolvo brincar um pouco com ele. — Sabia que Remus é um lobisomem?

— Eu nem sabia quem ele era há dez segundos. — Derek responde, incomodado com o rumo da conversa.

— É uma pena! — eu comento. — Foi o melhor professor que o Harry já teve, é uma pena que a sociedade bruxa tenha sido preconceituosa o suficiente para não aceita-lo! Ele dava aulas maravilhosas e era inofensivo na Lua Cheia. Remus tomava uma poção, que mesmo o matando lentamente, o dava controle sobre sua forma lupina. Era apenas um lobo inofensivo e enrolado no canto da sala, esperando a tortura acabar.

— Espera. Ele era como aqueles mitos? Que mata todo e qualquer ser humano apenas por causa do instinto? — o moreno pergunta.

— Exato. — eu aceno com a cabeça. — Essa espécie se transforma completamente. Ganha patas, cauda, focinho alongado, orelhas, presas e garras, o corpo fica peludo e ele mata qualquer um mesmo. Ele poderia matar seu melhor amigo se cruzasse com ele durante a Lua Cheia.

Derek arregala os olhos, sutilmente, e parece cauteloso ao me perguntar, com medo até:

— E não acha ele repugnante por isso? Nem teria medo se fosse seu amigo?

— Remus é uma pessoa incrível e essa é a única coisa que conta para mim. — sorrio gentilmente. — Se eu fosse amiga dele, teria virado animaga, com certeza. Lobisomens, quando não tem o que matar, machucam a si mesmo, então Remus vivia aparecendo machucado. Quando os amigos dele descobriram, Remus achou que eles iriam o odiar, mas eles ajudaram ele. Lobisomens não representam extremo perigo aos animais, como aos humanos, e no mundo bruxo há algo chamado animagia, significa poder virar um animal quando quiser. Eu não teria sequer hesitado em fazer isso por um amigo.

Eu tento não focar tanto as palavras em Remus, querendo deixar claro para ele que não o temo por seu probleminha peludo, e ele parece aliviado. Não nos falamos enquanto cada um comprava sua pipoca, refrigerante e toda besteira possível, nem quando já estávamos sentados nas poltronas, mas o clima estava ótimo.

Algo como aceitação rolava no ar, como se algo tivesse saído das costas de Derek: um peso a menos para carregar.

Assistimos o filme com - talvez - pequenos flertes entre nós: Nas partes tensas, eu apertava a mão dele - comentei que assistimos de mãos dadas? -; ele me fazia perguntas perto do ouvido, para não atrapalhar os outros, e eu acabava me arrepiando, mas respondia; de vez em quando ele enrolava uma mecha do meu cabelo, entediado, e eu batia na mão dele - foco em Harry Potter! -; e por último e mais impactante: eu J-U-R-E-I que ele iria me beijar em certo momento, mas ele pareceu desistir de última hora e roubou um gole do meu refri, que estava perto da minha boca. O próprio ice berg do Titanic estava na minha barriga, espere, eu disse estava? Correção: Está e, para acrescentar, está aumentando cada vez mais com a aproximação da minha casa.

O carro entra na rua à esquerda e vejo minha casa há alguns metros, sentindo o ice berg se afundar no meu estômago. Ele vai tentar me beijar de novo? Eu vou beijá-lo de volta? Oh meu Deus!

Paramos em frente à minha casa e ficamos em um silêncio constrangedor, sem sabermos o que fazer agora.

— Gostou do filme? — eu pergunto e Derek assente, sorrindo de canto. — Já quer ir pra Hogwarts?

— Não. — ele arregala os olhos e eu rio. — A taxa de sobrevivência naquela escola é bem baixa. Tinha uma cobra gigante naquele lugar!

Eu solto uma gargalhada e me agarro à minha barriga, tremendo de tanto rir, o que o faz rir também.

Dois idiotas rindo alto em um carro de uma piada sem graça, o resultado? Minha mãe batendo no vidro e me chamando pra entrar, eu apenas concordei e ela foi pra dentro de casa.

Me viro para Derek, com um sorriso, sem saber exatamente o que fazer.

— Eu vou indo esperto. — abro a porta e ele me encara decepcionado.

A carinha que ele faz me dá coragem para puxa-lo pela nuca e dar um beijo em sua bochecha, nos afastamos um pouco e nos encaramos, cada um hipnotizado pelos olhos do outro. Então eu pego a bolsa e saio do carro rapidamente, correndo pra dentro após acenar rapidamente.

Meu. Deus. Do. Céu.

°°°°°

Espero que tenham gostado.

Não foi dessa vez o primeiro beijo de Derula (arranjem um nome mais legal, please), mas fé no pai que o beijo sai.

Até a próxima.

05/05/2019.

Abrupto • Teen WolfWhere stories live. Discover now