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Ouço barulho de chaves e sei que é minha mãe, então apenas continuo comendo meu cereal. Penelope passa por mim e beija minha cabeça, após dar um longo bocejo, e se joga na cadeira a minha frente.

— Me sinto cansada só de olhar pra você. — eu comento e ela ri levemente. — Aliás, que show todo foi aquele ontem à noite?

Minha mãe fica corada e desvia o olhar, coçando a nuca, logo voltando seu olhar pra mim. É, eu com certeza sou a cópia dela.

— Comentei com um colega que você ia fazer um trabalho com um tal de Derek, que estava preocupada com minha bebê, então ele me disse: "Sua bebê está sozinha com um garoto. Meu filho disse que os pais de Derek foram viajar". — ela explica.

— E por que você foi embora quando percebeu que ele era um Hale? — eu pergunto franzindo o cenho.

— Porque Talia Hale tinha ido falar comigo naquele mesmo dia, pouco tempo antes de eu ir te levar pra casa deles. — minha mãe explica, revirando os olhos. — Você é meio esperta demais pra sua idade.

E, parecendo se lembrar de algo, ela se estica e coloca o dorso da sua mão na minha testa, logo depois na minha bochecha esquerda e na direita.

— Você está com febre. — ela resmunga. — Não vai ir até a casa dos Hale.

— Mas eu tenho trabalho! — eu retruco, com a voz um pouco fina demais. — Não posso faltar! O trabalho é pra amanhã, mamãe! E o...

Antes mesmo que eu termine de protestar, minha mãe bufa e levanta da cadeira:

— Tudo bem, chatinha, você vai. Mas é bom ir bem agasalhada e que não me saia daquela casa a noite, entendeu bem?

— Sim, capitã! — eu sorrio e sinto ela beijar minha testa. — Agora vai tomar um banho e dormir, eu vou com o Derek depois da escola pra casa dele.

Minha mãe concorda e vai para o quarto dela, então pego minha mochila no sofá e saio de casa, gritando um tchau para ela. Fecho a porta e corro até o ônibus parado na frente de casa, me esperando. Entro nele, dando bom dia ao motorista, e me sento no primeiro assento que vejo.

Sou obrigada a pôr os fones quando a galera do fundo começa a fazer barulho, seleciono Bring me to life do Evanescence, porque, apesar de eu não ser a maior fã de rock, essa música é realmente boa, o que me faz colocar ela no repeat e ouví-la até chegar a escola, quando já estou quase chorando pela terceira ou quarta vez. Certo, a música é boa mas é triste, admito.

A primeira aula seria francês... talvez eu possa dormir! Uh, não posso, a professora está passando um pequeno trabalho.

Ao que parece, como o dia dos namorados está chegando e "o francês é o idioma mais romântico do mundo", seremos obrigados a fazer uma apresentação de dia dos namorados. Pode ser individual, em dupla ou em grupo, o que importa é que saia algo. Eu só não sei que tipo de apresentação se pode fazer, mas acho que ela explicará hoje.

Entro na sala, assim que o sinal bate, e me sento na segunda carteira, na fila encostada na parede da porta, sem me importar com os livros na mochila, na próxima aula eu coloco eles no armário.

As pessoas vão entrando vagarosamente e a professora espera que se acalmem.

Bonjour, classe! Comme vous le savez, le travail devrait être prêt et répété jusqu'au 14 février, jour de la fameuse Saint-Valentin. — a professora diz e meu cérebro demora segundos preciosos para traduzir. Por que a mulher tem que dar aula em francês?

(Bom dia, turma! Como vocês sabem, o trabalho deve estar pronto e ensaiado até o dia 14 de fevereiro, o famigerado dia dos namorados.)

— Professeur! — uma garota levanta a mão. — Que devrions-nous faire? Chant? Danse?

(Professora! O que nós devemos fazer? Canto? Dança?)

— Ceci et plus encore! Ça peut être du théâtre, une déclamation de poème, à vous de décider. Ça doit juste être quelque chose de romantique, pas de mort. a professora passa seus olhos pela turma, se demorando em alguns alunos, deixando bem clara a mensagem.

(Isso e mais! Pode ser teatro, declamação de poema, vocês decidem. Só precisa ser algo romântico, nada de morte.)

Allez, professeur! Je pensais à Roméo et Juliette! ouço Derek falar atrás de mim e me viro, surpresa, o vendo piscar um olho pra mim, enquanto a turma ri.

(Poxa, professora! Eu estava pensando em Romeu e Julieta!)

Certo, talvez eu esteja começando a concordar com essa história de que francês é romântico e sexy...

A professora lança um olhar severo para Derek e ele para de rir na hora, o que me faz rir e ganhar um olhar severo também.

Formez vos doubles, équipes ... peu importe! Alors viens et fais-moi savoir si tu vas le faire avec quelqu'un ou si tu vas être seul. a professora avisa e se senta em sua cadeira, enquanto os alunos fazem uma pequena algazarra pra formarem suas duplas.

(Formem suas duplas, equipes... não importa! Depois venham me informar se farão com alguém ou irão sozinhos.)

Nous allons ensemble, d'accord? Derek fala para mim e eu me viro, surpresa.

(Nós vamos juntos, ok?)

Por quê? — a surpresa é tanta que acabo falando em inglês mesmo, mas logo me corrijo vendo a professora me olhar: — Pourquoi?

— Parce que j'ai gagné un pari. ele pisca pra mim e levanta da carteira, indo até a professora, me fazendo bufar.

(Porque eu ganhei uma aposta).

Maldito Hale! Argh.

— Alors... ele começa, com um sorriso ridículo. — Comment sera notre travail?

(Então... como vai ser o nosso trabalho?).

°°°°°

Espero que tenham gostado.

Até a próxima.

19/04/2019.

Abrupto • Teen WolfWhere stories live. Discover now