Anáhuac

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Before

"Eu conheci uma garota, seu nome é Daisy, tem dezessete anos, ela também trabalha pro Negan, o irmão dela foi um dos braços direito dele, mas ele morreu. Nós nos dávamos muito bem, ela era uma das pessoas mais legais aqui.

Nós estávamos conversando no meu quarto. Negan nao tinha mandado nem eu e nem ela fazer nada hoje, provavelmente ele estava falando com Simon que tinha acabado de chegar de Hilltop.

- ... Daí o Negan matou um dos nossos, Abraham, e quase cortou o braço do Carl...

- Carl é seu namorado, certo? — Daisy perguntou.

- É. — Demorei a perceber o sorriso que eu dei quando respondi essa pergunta.

- Sinto muito pelo Abraham. — Ela falou.

- Ele era meio babaca, mas eu também sinto... "

Now

— Eu e Thomas estamos bem, você precisa encontrar o Carl.

Daisy piscou um dos olhos e correu de volta ao laboratório.
Com o binóculos, observei ela atirar no cientista que tentou correr pra longe dela, ele caiu e ela entrou no laboratório.

Eu não posso deixar ela fazer isso, é suicídio. Pedi para que a menina continuasse parada e decidi ir atrás de Daisy. Mas era tarde, a explosão e logo depois a fumaça empurrou a criança e eu para mais longe. Daisy acionou as bombas e tudo explodiu.

🍂

Senti algo balançar meu corpo, gritos tão perto mas ao mesmo tempo parecia a quilômetros. Alguém pedia pra que eu acordasse, mas eu estava acordada, só não tinha coragem de abrir os olhos.

Onde eu estou? O que aconteceu? Daisy! Abri os olhos e me sentei rapidamente, eu estava no chão, minhas mãos estavam ensanguentadas, na minha frente tinha uma garotinha. Todas as lembranças chegavam rápido demais na minha cabeça, o laboratório, a menina, o massacre, Daisy, a explosão.
Me virei rapidamente e me deparei com o lugar em chamas, errantes saiam e entravam no lugar, alguns pegavam fogo e caiam logo em seguida, fracos para continuar andando.

Levantei e tentei correr em direção ao laboratório, mas senti o braço da garota me segurar.

— Ei. Não. A gente tem que ir embora.

— A Daisy... ela... ela morreu... - Disse e cai no chão com lágrimas nos olhos.

— Ela salvou a gente. Vamos. Por favor. Os mortos estão vindo pra cá.

A menina tinha razão, nós precisávamos ir embora, nesse lugar estava cheio de errantes e se não saímos daqui, as próximas serão nós.

🍂

— Eu quero parar, por favor. - A garota pediu.

Quanto tempo a gente estava andando? Eu não sei, talvez por três ou quatro horas. Meu estômago revirava de tanta fome, aposto que o da menina também. Não podíamos parar, tínhamos que continuar e encontrar comida e água, e um lugar pra dormir. Mesmo sem forças, tivemos que correr dos errantes que foram atraídos pelo barulho e o fogo da explosão.

O clima está tão quente, não temos água, se ficarmos assim por mais algumas horas vamos desmaiar.

— Não podemos parar, não agora, continue. - Falei com a mão em cima da testa para excluir o sol da minha visão.

A menina andava atrás de mim, eu ia na frente, para ver se conseguia achar um lugar habitável, mas tudo estava destruído aqui. Era tão diferente das ruas da Virgínia ou da Geórgia. Espera, onde a gente está mesmo?

Eu ia perguntar a garota, mas avistei algo interessante.

— Ei, corre aqui. - Falei.

Fui na frente, era uma casa e na frente dela, tinha uma panela com um pano em cima, tirei o pano e vi água dentro.

— Acho que alguém mora ou morava aqui, e espera a água da chuva encher essa panela pra poder beber. Vai, toma primeiro.

A garota fez uma colcha com as mãos e eu coloquei água pra ela. Ela tomou e eu também.

🍂

— Qual o seu nome? - A garota perguntou. — E aonde nós estamos indo?

— Eliza, e o seu? Você vai gostar do lugar que nós estamos indo, eu prometo.

— Meu nome é Marian.

Marian e eu continuamos andando e fugindo dos mortos por mais algumas horas.

Conseguimos encontrar uma igreja velha e entramos, olhei pela igreja inteira se tinha algo que pudesse nos machucar ou se tivesse algo pra gente comer. Nada de um nem de outro. Mas vamos dormir aqui essa noite.

A noite chegou, coloquei uma mesa - que encontrei numa sala da igreja - na porta, para que nada entrasse. Marian já havia dormido, eu não conseguia, não conseguia esquecer o que aconteceu hoje mais cedo, nós matamos tanta gente, porque eu fui a única que sobrevivi? Eu não mereço isso.

— Papai?

Marian falou e eu a olhei, ela continuava dormindo, deve está sonhando.

— Papai, mamãe virou um monstro, ela a matou, papai. Mamãe virou um monstro. Mamãe virou um monstro!! - Marian gritou.

— Ei, Marian. - Balancei ela pra que ela acordasse.

— Mamãe morreu e virou um monstro!!! - Ela gritou mais alto ainda.

Comecei a ouvir batidas na porta da igreja, com certeza, os gritos dela atraíram caminhantes para a frente.

— Marian? - Sussurrei balançando ela e ela acordou assustada. — Tudo bem, ok?! - Passei a mão pelo rosto dela, limpando o suor.

— O que ta acontecendo? - Ela perguntou olhando pra porta da igreja e me abraçou.

— Logo eles irão embora, não se preocupe. - Falei baixinho.

🍂

Na manhã seguinte, acordei primeiro que Marian, fui até a porta e observei pelas frechas se os caminhantes já tinham saído, só consegui ver um deles, talvez só tenha ele na frente mesmo.

Marian continuava dormindo, iria esperar ela acordar, ela teve um dia totalmente difícil. Merece dormir o quanto puder, pois nossa viagem será longa.

Parei para olhar a igreja, percebi que no chão e pelas paredes, até na cruz no meio, tinha sangue por todo lado, algo aconteceu aqui.

Vi Marian se mexer, o que interrompeu meus pensamentos, me aproximei e me abaixei perto dela.

— Você sabe onde a gente ta, Marian?

— Papai e mamãe me traziam a essa igreja todos os domingos, antes dos mortos levantarem.

— Você sabe como chama esse lugar?

— Anáhuac.

— Onde?

— Anáhuac, Novo León, México.






O Título do capítulo passado era uma referencia ao "México".
Agora a bagaça vai começar.

YOUR GHOST	 ✅Where stories live. Discover now