• Capítulo 43 •

16.1K 790 411
                                    

Kauã⚓

Parece que sou o vilão da história, tudo é eu, tudo é culpa minha.

Acham fácil?

Saber que seu pai está preso a anos, família realmente em problemas, totalmente sozinho no mundo?

Às vezes penso que não era para mim ter nascido, foi tudo um erro.

Só faço mal para os outros.

Eu tento ser o homem da casa, mas é difícil, sem forças, sem o meu pai tá ligado.

Sou um homem já, eu poderia ter minha própria casa, uma mulher, filhos. Mas com tanta angústia em mim se tem, que não tenho tanta vontade.

Nunca mais namorei nenhuma mina depois da Carol, ela vacinou feio comigo.

Fiquei incapaz de amar alguém.

O amor machuca.

Nina: O que foi?- perguntou pondo a mão sobre meu ombro, viro meu rosto olhando ela enrolada no lençol com aquela cara de puta sonsa.

Kauã: Tá loucona? Te dei intimidade assim não feiosa.

Nina: Eu queria apenas saber...

Kauã: Primeiro querer não é poder, os problemas são meus e quem resolve todos sou eu. Tu não tem nada haver.

Ela abaixou a cabeça.

Levantou vestindo a roupa e saiu do cafofo em que eu me encontro com as piranha.

Sou assim, nem dou intimidade pra elas. Pra mim elas são nada.

Sai dali com meu radinho tocando, catei o mesmo.

Radinho🔊

Tatu: Ae chefinho, brota na praça, tá tendo mó barraco de duas piranha aqui.

Kauã: Tô brotando.

Radinho🔊

Como diz a regra daqui do morro "sem briga".

Meu pai sempre me diz que isso era completamente proibido.

Depois que ele foi preso eu meio que estou comandando agora, então tudo eu tenho que fazer, com a ajuda dos mano lá.

Tô louco pra raspar a cabeça daquelas pão careca que acham que podem brigar no meu morro.

Cheguei já empurrando geral que tava vendo a bagaça acontecer.

Atirei pro alto três vezes.

O que fez as mina parar e se assustar comigo no lado. Olhei bem na fuça das duas, acabei tendo um flashback.

Ela ficou sem graça, senti minhas pernas tremerem, mas o nervo subiu.

Pensei que ela havia saído
do morro

"Pensei", ela desviou o olhar fazendo aquele movimento de sempre, cabelo atrás da orelha.

Kauã: Por que caralho as duas tavam brigando? Esqueceram? Briga aqui no morro é proibido porra.

- Essa baranga que começou.

Carol: Eu uma porra, você teve a cara de pau de me chamar de puta por mim ser ex do seu atual. A, me poupe né garota.

- Eu sei que ele ainda te ama.

Carol: O problema já não é meu, se gamou? Se fudeu, porque eu não dou a mínima.

- Piranha- bateu no rosto dela, a mesma deu uma rasteira na piranha que caiu no chão de costas.

Kauã: CHEGA!- gritei- Paulão, leva essa piranha embora.

Ele apenas balançou a cabeça em "sim" e saiu puxando a mina.

Mandei o resto vazar, antes mesmo da Carol sair puxei seu braço.

Ela me olhou nos olhos e enxerguei aquela mesma menina em que me apaixonei a anos.

Carol: O que você quer Kauã...?

Kauã: Saber como tu tá,  fiquei sabendo que tu tá grávida e achei que tu tinha ido embora. O filho é do estrupador lá?

Carol: Sem brincadeiras... Não, é filho de um amigo aí. Conheci na pista e uma pá de coisas. Mas nem sei porque estou te falando isso, não te dou mais satisfação.

Kauã: Deve, eu sou o dono dessa bagaça aqui, tu me deve muitas explicações.

Carol: Pelo o que eu saiba não, você é dono até o momento em que teu pai sair de lá. E logo logo tua farra vai acabar.

Fiquei quieto encarando seu rosto, sua cara de debochada.

Carol: Fiquei sabendo tá? Sua tia me contou que você tá entrando nas drogas, está viciado e pá. Se liga hein, isso pode dá muita merda, seu pai já sabe? Se ele souber ele te mata tu sabe muito bem disso.

Kauã: A piranha da Vitória prometeu que não iria contar.

Carol: Que? O que você tá falando Kauã? Eu não acredito que está chamando a Vitória de piranha, ela é sua mãe, mulher do teu pai. Mãe da sua irmã, o que você bebeu?

Kauã: Até você? Eu já disse, ela não é minha mãe, minha mãe mesmo era a Eduarda. Vitória é apenas uma idiota que é casada com meu pai e acha que pode mandar em mim.

Carol: Mas ela pode e deve, olha como você está agindo.

Kauã: Eu sou maior já, posso fazer o que eu bem entendo. Eu já sei das paradas.

Carol: Não parece, parece mesmo que você está agindo como uma criança. Isso é infantil, um homem não age assim, sempre age com maturidade. Mas você só fica se achando o sabe tudo. Um dia sua marra e sua farra vai acabar, e quem sempre esteve ali contigo vai desistir.

Disse por fim saindo.

Odeio que me dêem lição de moral mermão, eu sei das coisas, sou um homem já fi.

Posso muito bem agir como posso e como eu sei.

Eu não preciso da opinião de outras pessoas, ainda mais da Carol, me traiu na cara de pau e quer falar alguma coisa.

Sai já putão dali, meti o pé pra casa. Vi Vitória no sofá com minha tia e subi diretamente pro meu quarto.

Ouvi minha tia me gritar.

Quero papo também não, entrei no meu quatro e fechei a porta.

Tirei minha camisa e joguei pelo quarto, peguei a minha maconha e já fui cheirando e fumando a mesma, eu queria relaxar, sem pensar nos outros. Pouco me importa eles, o que importa a vida? Mó infelicidade, o que me resta e ir.



Indomável Where stories live. Discover now