CAPITULO I

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Penetro a escuridão do bosque. Estou correndo mas não sei pra onde ir. Só quero encontrar algo diferente, que não seja árvores e arbustos.

Enquanto corro, ouço passos vindos por trás de mim, no silêncio absoluto do bosque. Isso me faz correr em uma velocidade que não conhecia.

Meus pés perdem o chão. Minhas mãos encontram uma raiz. Estou pendurada em um evidente precipício. Os passos que me seguiam agora cessaram.

Tento subir escalando, mas são em vão minhas tentativas. Olho para baixo, na tentativa de achar uma outra solução, quando volto meu olhar para o alto, meus olhos encontram uma mão. Sim, uma mão estendida à mim. Não hesito em segurar a mão que me puxa para cima.

Sento no solo do bosque ofegante. inclino-me para a figura ao meu lado.

_Por nada. - A voz soa no silêncio.

_Obrigada. - Digo para o desconhecido.

Na verdade tudo aqui é desconhecido, então estar diante de um homem misterioso não me assusta mais.

_Você tem nome? - Ele me pergunta, e agora posso o observar: Um garoto, aparentemente deve ter a minha idade; cabelos louros, olhos escuros e porte forte, diferente de mim.

_Não me lembro -respondo.

Ele se agacha e encontra os meus olhos.

_Então, temos que descobrir.


Caminhamos adentro o bosque. Ele segue sempre a minha frente.

_Você também não se lembra de nada? - Pergunto, preciso entender o que está acontecendo.

_Acordei quando ainda estava muito escuro. Não me lembrava e ainda não me lembro de nada. Tentei encontrar alguma coisa, mas é difícil na escuridão.

Afinal, a luz, que suponho ser o sol, já está bem forte para clarear o bosque que a poucos minutos se encontrava escuro.

_E agora, o que vamos fazer?

_O que vamos tentar fazer - ele retruca - é encontrar respostas.

Percebo então que nenhum de nós está totalmente seguro. Não sabemos onde estamos, nem quem somos. Isso faz meu estomago embrulhar.

Saímos do bosque e entramos em uma outra clareira. Esta é diferente. Há ruínas, aparentemente muito antigas. O silêncio das ruínas dá um aspecto sombrio ao lugar. 

Caminhamos entre as ruínas, que parecem terem servido como um campo de batalha há muito tempo.

Um vulto passa á nossa frente.

Meu companheiro não pensa duas vezes. Este apanha um pedaço de pau, que provavelmente estava aqui há muito tempo. Ele corre entre as ruínas. Eu o grito, mas ele já desapareceu.

Olho ao meu redor, analisando todo o lugar. O medo e o pavor me invade por inteira, não sei o que está acontecendo.

Minutos depois, o garoto retorna com o rosto coberto de sangue. Em suas mãos, um animal morto com a cabeça dilacerada, está a pingar todo o sangue possível.

Levo um susto, mas depois penso melhor, "esta é nossa única fonte de alimentação que encontramos até agora" .


Enquanto o garoto limpa a carne de sua caça contente, eu me dedico a produzir fogo. Algo me diz que posso fazer isso.

Em um pequeno buraco feito por mim no chão, deposito palha, capim seco e algumas folhas secas. Com uma casca de uma árvore e um graveto, esfrego em formas circulares, rapidamente.

Nem sinal de fogo, nem mesmo uma faísca. Mas não desisto facilmente. Enquanto estou totalmente atenta a minha tarefa, o garoto rir enquanto me observa esfregar um graveto em uma casca de arvore.

Continuo, sem pensar em desistir. Uma faísca me faz sorrir, logo em seguida, outras faíscas seguem direto para o buraco com as folhas seca. Em questão de segundos, uma pequena chama cresce diante dos meus olhos.

Alimento a pequena chama com gravetos, não demora muito para sentir o calor de uma fogueira capaz de fazer nosso almoço e nos aquecer durante as próximas horas.

O garoto se volta para mim.

_Como conseguiu?

_Não faço a mínima ideia. - Digo rindo.




ESCOLHIDOS - EARTH CHILDREN - Livro Um - #Wattys2015Where stories live. Discover now