CAPITULO XI

3K 263 78
                                    

_Vamos seguir o plano e ir para o sul. Não quero nem pensar em chegar perto do templo novamente, nem mesmo no deserto -Ralph formula todas as ideias.

_Então vamos -Anuncia Tyler, ele me entrega um agasalho cor marrom escuro- Vai precisar disso.

Ao chegar ao exterior da cavernar, sou surpreendida com um branco intenso e gelado. Está nevando. Flocos de neves levemente tocam minha pele.

Caminhamos seguindo ao sul. Ralph e Tyler vão à frente, Kiara, David e eu vamos logo atráz, e por fim Hayden, com seus cabelos ruivos cobrindo seu rosto. Deixamos apenas nossas pegadas na camada grossa de neve, já acumulada.

_Então, não vai me dizer o que aconteceu no templo? -pergunto a Kiara, sem cessar a caminhada. Ela me olha, como se não tivesse entendido a pergunta- Quero dizer, depois que apaguei.

_Assim. Como disse antes, não se deve entrar pela segunda porta.  

_Mas não entrei -indago, confusa.

_Você não- ela diz apontando com o queixo para Tyler.

Essa não. Tyler não foi avisado dos perigos que guardavam a segunda porta. Então, como uma folha que é levada pelo vento, me lembro das explosões que ouvimos no templo. Era Tyler, com certeza foi pego desprevenido por armadilhas.

_E não é só isso -ela volta a falar- essa não foi a primeira vez que cometemos este erro. Na primeira vez, conseguimos escapar. Mas desta vez, foi pior do que imaginávamos ser.

_O que dizer com isso? -pergunto, confusa.

Estamos atravessando um lago congelado, cautelosamente.

_Os despertamos -ela responde- libertamos eles, e eles virão atrás de nós. Estamos correndo perigo.

_Espera, quem são eles? -pergunto, nunca me senti tão confusa assim.

_Nada mais do que soldados controlados -ela diz apressando o passo.

 Acho que já sei tudo o que devia saber. É um jogo de caçador e presa, e desta vez nós somos a presa. Estamos sendo caçados, agora mesmo poderíamos ser pegos, agora mesmo meu coração poderia parar de bater, ou meus os pulmões pararem de se encher. Mas até aqui, nada vimos além de árvores, neve e penhascos.

Caminhamos por mais algumas horas até decidimos parar e descansar em uma clareira. O céu acima de nós está pesado, a tempestade de neve não dará trégua. O frio faz meus lábios alcançarem um tom quase roxo. Estou congelando, tento não pensar no frio, mas é quase impossível.

Estou sentada apoiada sobre uma grande pedra. Não há alternativas para fugir da neve, então ocupo a mente pensando em tudo o que me aconteceu.

Minhas visões, todas muito esquisitas para me esquecer. Na minha primeira visão estou em minha casa, como se fosse um dia qualquer. Mas depois, tudo vira de cabeça para baixo. Meus pais mortos por criaturas canibais, Thomas desaparecido em meio a todo o caos. Tudo muito estranho. A última visão foi a mais sinistra de todas. Encontro Dois, quer dizer, Tyler e logo em seguida somo levados ao céu por uma luz misteriosa. Depois acordo e sou recebida por uma espécie semelhante aos humanos, mas sei que têm muito mais conhecimento do que nós. Não entendo, eles disseram que estavam me salvando. Me salvando do caos que estava? E o que foi que injetaram em mim? Um tipo de rastreador ou algo mais? Por que disseram que sabem o que é perder uma casa? Já passaram por algo igual a nós?

_Curtindo a paisagem? -Alguém se aproxima, desviando-me de meu devaneio.

_Oi Tyler -digo apertando sua mão quente.

_Finalmente.

_Finalmente? -pergunto sem entender- Do que está falando?

_Finalmente estamos juntos novamente -ele diz seguindo meu olhar -Depois que te pedir naquele dia, não sabe o quanto senti. Encontrei Hayden, mas não é igual.

Sinto minhas bochechas corarem depois que o ouço dizer “Encontrei Hayden, mas não é igual” ,o que ele quer dizer com isso?

Nossos olhos estão se encarando e seu rosto agora está tão perto do meu que posso sentir seu respirar, seu calor.

Um pássaro escuro passa acima de nossas cabeças, repousando em um galho na copa de uma árvore.

_Tive uma visão em que você estava nela -digo, tentando me afastar, mas é impossível.

_Na visão fizemos o que vamos fazer agora? -Ele pergunta e antes que eu pudesse entender nossos lábios se encontram. Sua mão esquerda está segurando a minha, e a direita desliza em minhas costas. 

Sinto o mundo perder o sentido em quanto nos beijamos. Pensei que isso nuca fosse acontecer, o frio que sentia agora a pouco já não existe mais, tudo o que consigo pensar é em como não deixar este momento, ficar aqui para sempre com Tyler. Mas isso não é possível.

Tyler se afasta, mas nossas mãos não. 

_Nunca mais te perderei -ele diz apertando minhas mãos o que faz me sentir segura.

 Não tão segura depois da serie de acontecimentos que surgiram logo depois de sua última palavra.

ESCOLHIDOS - EARTH CHILDREN - Livro Um - #Wattys2015Where stories live. Discover now