CAPITULO III

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O sol bate em meu rosto empalecido. Sinto a brisa morna e úmida da manhã. O vento bate de leve nos ramos das árvores, fazendo-os dançar.

Me levanto. Não vejo Dois em lugar algum. Ele tem sido minha única companhia nas ultimas horas, então o fato de acordar e não encontra-lo me faz sentir medo.

O caço por todos os lados. Nada. Quando estou peste a grita-lo ele surgi em meio aos arbustos. Em seu rosto, ele carregar um sorriso. Algo de bom lhe aconteceu, é quase impossível não perceber.

_O que houve? -logo pergunto.

_Encontrei pegadas ao norte, não são nossas. Presumo que seja de três pessoas.

_Você quer segui-las?

 Ele me olha um pouco indeciso. Seu olhar me faz compreender a realidade. As pegadas podem ser de qualquer um, sejam boas ou más pessoas. 

_Não acha que seja perigoso? -pergunto.

_Eles podem ter as respostas para nossas perguntas, e não acho que sejam uma ameaça. Segui as pegadas por um tempo, em uma parte do percurso, elas faziam voltas. Eles estão perdidos, assim como nós.

Assinto com a cabeça. Precisamos correr o risco, pois não sabemos o que encontrar daqui pra frente.

Pouco depois, estamos a trilhar adentro bosque. Achamos as pegadas. Não sei onde elas nos levará, nem mesmo o que podemos encontrar. Mas tudo o que temos são estas pegadas, nada mais.

 Passamos por uma Pequena cachoeira, que deságua à um riacho que segue ao sul.

_Precisamos nos hidratar, não podemos perder as forças -Anuncia Dois.

 Enquanto bebemos grandes goles de água, observo Dois. Ele encontra meus olhos, mas não diz nada, apenas nos observamos, ofegantes e suados. 

 Não sei dizer se me sinto atraída por Dois. A companhia dele me agrada. Mas talvez só a situação me faz sentir estes breves sentimentos.

Voltamos à dura caminhada, torcendo para encontrar respostas.

 Caminhamos por um longo período. O sol já está acima de nossas cabeças. O terreno é íngreme, o que nos faz caminhar com certa cautela. Há árvores imensas por todos os lados. O céu acima de nós está escuro e pesado, uma tempestade está prestes a cair. Mesmo assim não cessamos a caminhada. Assim que começar a chover, as pegadas irão embora, por isso apressamos nossos passos. Não podemos perder isto.

_Acho que vamos se molhar um pouco - Dois brinca, me fazendo rir e ao mesmo tempo praguejar a tempestade.

 Pesadas gotas começam a cair. Não temos onde nos abrigar, por isso não há motivos para parar.

 As pegadas não existem mais. Seguimos a direção em que encontramos as últimas pegadas apagadas pela chuva, torcendo pela direção certa, sem rumo e confusos.

 A tempestade pesada desaba acima nós. Caminhamos com dificuldade mas não cessamos.

 Dois está à alguns metros de mim. Enquanto caminho, de relance percebo uma fina fumaça subir à minha esquerda. Chamo Dois, mas ele não ouvi por causa da tempestade, e continua caminhando.

Sigo em direção à pequena linha de fumaça. "Não está muito longe, assim que verificar alcanço Dois novamente" ,penso, mas antes que pudesse dar meus próximos passos sou atingida por algo pesado por trás. Caio sobre a lama. Sinto o gosto forte de sangue cobrir meu rosto e se misturar com lama e suor. Não consigo distinguir o que está acontecendo, mas sinto que estou sendo arrastada. Escuridão é tudo do que me lembro das próximas horas.

ESCOLHIDOS - EARTH CHILDREN - Livro Um - #Wattys2015Where stories live. Discover now