Capítulo 6 - ele gosta de outra

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Você diz: "Ninguém me ama de verdade"
Deus diz: "Eu te amo" (João 3:16 & João 13:34)

Rebeca

Olho pela janela da minha sala de aula e vejo alguns alunos andando pelo pátio. Provavelmente, estão em horário de aula vaga. O vento entra pela janela aberta, balançando alguns fios do meu cabelo preso em uma trança embutida. Como sempre, há alguns fios rebeldes que insistem em se soltar. Suspiro enquanto passo a mão sobre eles, tentando ajeitá-los.

Volto minha atenção para o caderno e retomo as questões de português. Hoje a sala está mais silenciosa do que o normal. Acho que é porque é sexta-feira e muitos faltam. Nunca entendi o motivo, mas acontece sempre.

— Beca. — Raquel me cutuca, chamando minha atenção.

— Oi. — respondo, levantando o olhar. Ela sorri e ajeita o cabelo.

— Então, eu não vou poder ir para a sua casa fazer o estudo hoje. O Miguel vai sozinho. — O quê? Como assim?

— Por que você não vai? — pergunto, confusa.

— Ah, amiga, é que eu vou ter que louvar em uma igreja. Tinha esquecido desse compromisso. Minha mãe me lembrou hoje de manhã. — Ela explica.

Eu suspiro, um pouco desapontada.

— Tá bom. — respondo, e ela apenas dá de ombros, sorrindo.

✨✨✨

O final da aula finalmente chegou depois do que pareceu uma eternidade. As aulas hoje foram tranquilas, especialmente porque o Daniel não veio. Ele foi suspenso por brigar no colégio, e Raquel disse que foi um alívio, porque isso trouxe um pouco de paz. Caminhamos em direção à saída, tentando desviar das pessoas. Com tantos alunos, sair daqui é sempre uma missão impossível.

Alguns minutos depois, finalmente conseguimos sair da escola. Respiro fundo, aliviada por escapar daquela multidão sufocante.

De longe, avisto Miguel encostado no carro, conversando com um rapaz muito bonito. Reconheço ele de imediato: é o Matheus, o menino por quem Raquel é apaixonada. Assim que ela também o vê, sinto meu braço ser puxado e Raquel paralisa no meio do caminho, me impedindo de continuar andando.

— Raquel? — falo, questionando sua parada brusca.

— Amiga, olha ele! Ai, ele tá ali, o Matheus! Eu sempre fico nervosa quando ele está por perto. — Ela sorri nervosa, enquanto tenta esconder o rosto.

Eu me viro para ela, rindo.

— Olha, miga, vocês cresceram juntos. Era para você estar acostumada com ele! — digo, tentando tranquilizá-la.

Ela suspira, resignada.

— Ok, você está certa... Mas é que ultimamente eu não sei lidar com o que eu sinto por ele. Sempre que eu o vejo, parece que esse sentimento vai explodir meu coração se eu não falar logo com ele. — Ela dá um sorriso tímido, e eu reviro os olhos.

— Ai, amiga, então diz! — incentivo, com um toque de impaciência.

— Não é tão simples assim. Eu tenho que orar e saber se é a vontade de Deus para mim... E tem meu irmão também, ele é super ciumento comigo. — Ela aponta discretamente para Miguel, que está nos olhando com a sobrancelha franzida, percebendo nossa conversa à distância.

— Amiga, acho melhor você ir. O Miguel já deve estar achando estranho você parada aqui. — sugiro.

— É, você está certa. — concorda ela, acenando a cabeça.

Uma luz no fim do tunel - Concluído - Em Revisão Onde histórias criam vida. Descubra agora