| 030 | Salve-me!

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★ Lucy González

Quando Sonny me ajudou a entrar no carro e eu me despedi de Olivia e Fin, o clima parece ter se intensificado. Ele não falou nada e eu também não me atrevi a dizer muita coisa, a não ser que queria ir para o meu apartamento dessa vez e não para o dele. Encarei seu silêncio como uma séria desaprovação do que eu fiz e uma dúvida em sua vontade de casar comigo. Segui por todo o caminho em silêncio, observando as ruas passarem pela janela.

Assim que Sonny estacionou em frente ao meu prédio, eu respirei fundo e tirei meu cinto de segurança.

— Eu te ajudo. — ele murmura ameaçando tirar seu cinto

— Não. — coloco minha mão por cima da sua, para pará-lo — Eu me viro. Obrigada pela carona e até amanhã.

Abro a porta do carro e saio com rapidez dali. Vou mancando até a entrada do prédio e me sento nos degraus de entrada quando vejo que subir sem sentir dor não será fácil. Apalpo meu casaco em busca da minha chave e então encontro um cigarro solto ali.  Lembro-me de ter comprado mais cedo, quando estava ansiosa demais, mas Bella me convenceu a não fumá-lo. Decido acendê-lo agora.

Coloco-o entre os lábios e acendo com um isqueiro preto. Quando dou a primeira tragada e sinto meu pulmão e boca se encher de fumaça, o prendo entre os dedos e o tiro da boca. A que ponto cheguei.

— Então você fuma escondido.

Ouço a voz de Sonny e ergo o olhar, vendo-o se aproximar de mim.

— Eu tava ansiosa e acabei comprando hoje mais cedo, mas não acendi. Decidi acender agora. — dou de ombros e ergo a mão para colocá-lo entre os lábios de novo, mas Sonny o tira da minha mão, o joga no chão e pisa nele

— Espero que não faça isso com frequência.

— Não faço. — o olho — Achei que fosse pra casa. — digo enquanto o observo se sentar ao meu lado

— Se você não estiver lá, então não é minha casa. — ele dá de ombros e me olha

Eu sorrio para ele e ele me abraça. Seus braços é como meu acalanto, meu ponto seguro de paz. 

Dominick "Sonny" Carisi, Jr.

As palavras que Lucy disse ecoavam na minha cabeça há uma semana. Sentia ainda mais raiva do cara que abusou dela e sentia vontade de guardá-la numa caixa de chumbo, protegida de todo e qualquer sentimento ruim que a assombrasse. Pensar em tudo o que ela passou foi dureza. Imaginar Lucy aos 20 anos com tanta desgraça em sua bagagem só me fez ficar desesperado por ela.

Conversei com meus pais sobre a história dela. Joguei aberto tanto com ele, quanto com minha mãe. Tirando minhas irmãs, eles não sabiam do passado da Lucy. Pedi conselhos e eles me deram. Disseram que se eu realmente a amo, nada disso fará diferença. Que se ela não puder realmente gerar uma criança, nós dois podemos adotar e salvar a vida de outra criança sem sorte. Seremos grandes pais e amaremos de qualquer forma. Independente do que houver. Independente do que vier.

Na delegacia, nenhuma denúncia havia sido feita até o meio-dia. Sendo assim, Olivia disse que já já irá nos liberar para o almoço. Decidi chamar Lucy para comer uma pizza comigo aqui perto. Sinto que ela tem se sentido um pouco envergonhada em minha presença. Talvez esteja achando que estou olhando-a diferente após tudo o que me disse.

Law & Order: SurvivorOnde histórias criam vida. Descubra agora