| 044 | Bebês em perigo

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Lucy González Carisi

Era o terceiro saquinho de batatas sabor frango assado que eu abria na minha mesa em menos de meia hora.
Eu estava com fome?
Não.
Mas eu tinha vontade de comer.
Amanda me olhava como se eu fosse algum tipo de criminoso. Ela, com certeza, estava prestes a arrancar aquele saquinho de batatas das minhas mãos. Segundo ela, eu fazia um barulho irritante mastigando.
A verdade é que desde que Hanna faleceu eu tenho sentido uma angústia descomunal e, com a angústia, uma vontade arrebatadora de fumar tenta me dominar. Então eu como. Meu personal está quase me enforcando porque, segundo ele, não adianta nada eu me exercitar e não cuidar da minha dieta. Fiquei muito tempo de licença com a costela quebrada, agora estou levemente acima do meu peso.
O telefone em minha mesa toca e eu o atendo depois do terceiro toque, após engolir as últimas batatinhas.

— Unidade de Vítimas Especiais. — atendo

Tenente Benson? — uma mulher pergunta

— Detetive González. Em que posso ajudar?

Eu sou Donna Sullivan, assistente social do hospital Bellevue. Temos uma grávida que foi estuprada, drogada e largada em um beco há duas quadras do hospital.

Chegamos em vinte minutos. — desligo a chamada — Liv! — a chamo alto e ela aparece na porta de sua sala, me olhando por cima dos óculos — Grávida estuprada e drogada, achada em um beco há duas quadras do Bellevue.

— Fin e Carisi vão pro beco com reforços e forense. — Olivia delega e tira o óculos do rosto — Amanda fica de base nos informando, você e eu vamos para o hospital.

Eu fui dirigindo e Liv no banco do carona mandando mensagem para o Barba. Ela parecia um pouco preocupada com algumas coisas, mas eu fazia o possível para não entrar em qualquer assunto com ela. Não queria ela me perguntando sobre como estou me sentindo após a perda de Hanna. Então, durante o caminho, falamos sobre a gravidez da Rollins, que já está no terceiro trimestre, e sobre uma ameaça que o Barba sofreu no julgamento do Patterson. Conforme as investigações vão avançando, vários crimes são descobertos e vários julgamentos são abertos. Até agora, ele já foi condenado pelo sequestro do Noah, pela tentativa de assassinato da Liv que acabou quase me matando e pelo estupro da doutora Sanders. Todos esses crimes juntos já dão mais de cinquenta anos de prisão. Barba está com um julgamento em andamento que é sobre os desvios bancários dele. Parece que ele pode pegar, no mínimo, vinte e cinco anos de prisão.

Chegando no hospital, Olivia e eu vamos direto para a emergência após falarmos com Donna Sullivan, a assistente social. A grávida chama-se Savannah Jefferson e está com oito meses de gravidez.

— Savannah. — Olivia a cumprimenta — Eu sou a tenente Olivia Benson e essa é minha detetive. — ela dá a brecha para que eu entre na conversa

— Lucinda González. — tento soar o mais gentil possível

— Oi. — ela diz baixo. Está abatida e parece sonolenta

— Estão fazendo a limpeza do organismo dela com soro agora. — a assistente social explica — Vou deixá-las conversando com ela. Apenas quinze minutos, por favor.

— Sim, obrigada. — Olivia concorda e a mulher sai

— Eu ainda não entendo que tipo de monstro faria isso comigo. — Savannah murmura — Com uma mulher grávida.

— Savannah, o que se lembra de ontem? — Liv pergunta e eu pego meu bloco, anotando detalhes do que ela começa a dizer

— Eu sou solteira, sabe? Fiz inseminação artificial. — ela começa explicando — Não tem sido muito fácil, mas eu quero ter a minha família, sabe? Sinto-me pronta. Bom, ontem eu estava com umas dores e meu vizinho me convidou para tomar um chá antes de dormir. Ele é um anjo. Se mudou para o apartamento ao lado do meu quando eu estava com uns três meses e tem sido um cavalheiro desde então. Nós tomamos chá, minha dor passou, eu senti sono e então fui pra casa. Dormi e acordei aqui nesse hospital. São as lembranças mais sólidas que tenho. O resto são borrões.

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