Ela é uma sobrevivente. Ela nunca irá parar. Fez amizade com a dor e aprendeu a sobreviver com ela.
A Cidade dos Anjos sempre foi o refúgio de todos aqueles que buscam recomeçar, mas para ela era uma caixa de memórias que não devia ser aberta. Dispo...
Cansado de andar de um lado para o outro, me sento na cadeira do corredor e tiro o paletó, sentindo-me sufocado. Não quero falar com ninguém, só quero saber se minha mulher está bem. Se ela está viva.
Alguns minutos depois, Amanda surge de dentro da emergência. Ela parece preocupada, nervosa e tensa.
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— E aí? — me levanto pegando meu paletó
— Carisi, ela... — ela franze o cenho
— Não, ela não. — sinto meus olhos arderem com lágrimas
— Não, calma. — ela me segura pelos ombros — Ela tá viva. Ela está viva! — garante
— Graças a Deus! Graças a Deus! — fecho os olhos sentindo algumas lágrimas rolarem pelo meu rosto
— A bala perdeu um pouco da velocidade quando encontrou o colete. Isso a ajudou. — ela explica o que o médico explicou pra ela — Era pra bala ter perfurado o pulmão esquerdo dela, mas ela ficou presa na costela. A cirurgia deve durar umas três horas, eu acho.
— Sonny. — Luke me olha — Você precisa descansar um pouco. Eu fico aqui e cuido dela. Qualquer notícia eu te...
— Não. - eu o interrompo — Nada me tira desse hospital.
O hospital já era conhecido por mim. Caminhei pelo mesmo um pouco desnorteado. Ouço alguém me chamar, mas ignoro. Caminho aparentemente sem rumo, mas depois de meia hora percebo que meus pés me levaram para a capela do hospital. Está tão frio. Visto meu blazer e entro na capela, fazendo o sinal da cruz. Caminho até o meio do lugar vazio e encaro a imagem de Jesus crucificado. Sinto-me um pouco menos nervoso. Puxo meu terço do bolso interno do blazer e me ajoelho, fazendo o sinal da cruz e começando minha prece.
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— Senhor, protege a minha Lucy nessa hora. Eu te imploro, Senhor. Permita que ela volte pra casa mais uma vez. Meu Deus, meu Pai Eterno, permita que a minha mulher possa voltar para os meus braços. Permita que ela volte para os braços da nossa filha, Pai. — sinto um nó na garganta, por conta do choro que ameaça me desabar — Por favor, meu Deus, eu te imploro — começo a chorar — Protege minha Lucy. Protege o amor da minha vida.
