CAPÍTULO 6

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Em meio aos convidados que transitam pelo salão, um par de olhos verdes – de um intenso tom de jade – prende a minha atenção. Completamente vestido de preto, o rapaz alto – não tão alto quanto Cadú, mas mais alto do que eu – e cabelo louro escuro, caminha na minha direção sem desviar seu olhar. Um olhar arrebatador que acelera meus batimentos cardíacos à medida em que a distância entre nós diminui.

"Você deve ser Maria Elisa Bertolazzo", ele diz abrindo um sorriso daqueles que se vê em um comercial de creme dental.

Fico impressionada - e bastante intrigada - por ele saber meu nome e sobrenome, no entanto, minha primeira reação é corrigi-lo.

"É só Lisa", murmuro e pelo canto dos olhos, noto Ana, sorrateiramente, se distanciar.

"Sou Luís Antônio Schmidt", ele diz estendendo uma das mãos.

No instante em que as nossas mãos se tocam, sinto um arrepio subir pelo meu braço e se espalhar por todo o meu corpo. Ele aproxima seu rosto do meu, beijando uma das minhas bochechas, fazendo minha pele queimar onde seus lábios brevemente tocaram.

É a primeira vez que aquilo acontece comigo, o que me deixa alerta e apreensiva, fazendo um alarme soar dentro de mim.

"Confesso que eu estava ansioso para conhecê-la, Lisa", ele diz voltando a me encarar. "Sua mãe falou muito bem de você."

Luís Antônio Schmidt está perto demais de mim. Tão perto que seu perfume - um suave aroma masculino de quem acabara de sair do banho - inunda minhas narinas, inebriando-me.

Por um momento, fico confusa com tudo o que está acontecendo comigo e a minha primeira reação é me colocar na defensiva.

"Não sei o que minha mãe falou sobre mim, mas garanto que é tudo propaganda enganosa", digo soltando minha mão da dele e recuando alguns passos; abrindo um pequeno espaço entre nós.

Como toda mãe coruja, a minha sempre exagera nos elogios quando se trata dos seus filhos. E comigo, obviamente, não seria diferente. "A Lisa é um doce de menina"; "Um amor de filha", "Um encanto de garota" ...

"A propósito: de onde você conhece a minha mãe?"

"Nossas mães são amigas. Elas trabalharam juntas na organização do evento", ele responde indicando na direção onde minha está conversando com uma mulher alta e loira, usando um vestido longo azul marinho em um modelo com apenas uma alça em um dos ombros.

Ah, que maravilha!

Parado na minha frente, exatamente o senhor-maravilha que eu, há dias, venho evitando.

"Pelo jeito vocês passaram bastante tempo falando sobre mim, Luís Antônio Schmidt."

"Por que tanta formalidade? Pode me chamar apenas de Toni ou Schmidt. O que você preferir."

"Sim, senhor, Schmidt."

"Uma foto do casal, por favor!" Um fotógrafo diz, posicionando-se à nossa frente.

Antes que eu tenha tempo de protestar, Toni posiciona umas das mãos em minha cintura e me puxa para perto. Tão perto, que eu consigo sentir o calor do seu corpo mesmo através dos tecidos das nossas roupas.

"Acredita em amor à primeira vista?" Ele sussurra ao meu ouvido.

Olho bem no fundo dos seus olhos e no instante em que o flash dispara, eu caio na gargalhada.

Vê-lo usando a mesma "cantada" ensaiada que meu irmão Cadú costuma usar com as garotas foi demais para mim. E eu sei como isso vai terminar.

Um Grito de Liberdade (CONCLUÍDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora