CAPÍTULO 17

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Estou tão ansiosa com o meu primeiro dia de aula na faculdade que mesmo indo para a cama cedo, demorei até conseguir pegar no sono; acordando antes mesmo do despertador tocar. Tomo meu banho, lavando e secando meus cabelos; passo meu hidrante favorito com aroma de morangos. Paro no meu closet, onde visto a camisa azul marinho estampada com pequenas cerejas, uma calça jeans e sapatilhas brancas de couro que já deixei previamente separados ontem à noite.

Sem perder mais tempo, desço para tomar café. Infelizmente, hoje o dia amanheceu nublado e as nuvens cinzas indicam que a probabilidade de chover é alta. A rota mais rápida que tracei de casa até o campus da PUC - aproximadamente seis quilômetros – demorarei de bicicleta mais ou menos vinte e sete minutos, considerando as condições do trânsito. Se eu sair nos próximos cinco minutos de casa, conseguirei chegar ao meu destino antes da chuva cair. Porém, agora que – graças a minha mãe – tenho meu i30 vermelho de volta, penso seriamente em usar meu carro para o meu primeiro dia de aula.

Como apressada meu iogurte natural com granola e pedaços de banana antes de subir para terminar de me arrumar. Escovo meus dentes e finalizo com uma camada de gloss cor de rosa nos lábios. Pego minha mochila vermelha, meu iPhone e antes de sair, prendo meu bracelete da sorte no pulso esquerdo, saindo em seguida pelos corredores da casa em direção à garagem, onde meu i30 me espera.

Dirijo pelas ruas da cidade, seguindo a rota que o GPS indica, desde a minha casa até a universidade. O som do Coldplay preenche o silêncio e eu aproveito para cantarolar minha canção preferida da banda.

Em poucos minutos, adentro o estacionamento do campus pelo mesmo portão onde Toni acessou a universidade. Não tenho dificuldades para me localizar no campus da PUC; Toni havia me mostrado, no dia em que me levou para assinar a matrícula, as localizações dos blocos com as salas de aulas além dos laboratórios, biblioteca, secretaria e anfiteatros.

Estaciono meu i30 em uma vaga disponível perto do bloco cinco e mesmo chegando mais cedo do que eu esperava, o estacionamento já está praticamente tomado de veículos.

Sigo pelo caminho em direção ao ponto de encontro marcado com Patrícia e Cecília, desviando de alguns grupos de alunos, provavelmente veteranos se reencontrando e novatos como eu, se acostumando com a nova faculdade.

Mesmo a distância, reconheço uma silhueta masculina em pé e de costas para mim quando avanço na direção do ponto marcado.

Perco o fôlego quando Toni vira-se para mim, abrindo o mais lindo e perfeito dos sorrisos ao me avistar; encurtando a distância que há entre nós e fazendo meu coração disparar.

"Estava certa de que você tinha um estágio para começar hoje", comento caminhando até ele.

"Eu tenho", ele diz avançando ainda mais. "Entretanto, não queria perder seu primeiro dia de aula."

"Como na pré-escola", acrescento ao alcançá-lo.

Ele ri, parando na minha frente. Toni me beija; um beijo rápido, porém intenso, capaz de amolecer minhas pernas e de me fazer perder o rumo.

"Bom dia, Lisa", ele sussurra de encontro aos meus lábios.

"Bom dia, Toni", respondo enquanto recupero meu autocontrole.

"Estou apresentável para o meu primeiro dia de trabalho?" Ele pergunta abrindo os braços para que eu o avalie.

Percorro com os olhos o traje social que ele está vestindo: camisa de mangas longas lilás, presa por dentro da calça de alfaiataria azul marinho, sapatos e cinto de couro marrom tabaco.

"Pensei que estagiários pudessem se vestir com menos formalidade", digo ajeitando o nó da gravata azul marinho. Não que ele precise de ajuste.

Eu só quero tocá-lo.

Um Grito de Liberdade (CONCLUÍDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora