CAPÍTULO 9

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Durante o almoço com a minha mãe, penso ter visto Toni andando pelos corredores do shopping Curitiba. Olho novamente para o lado de fora do restaurante, mas não vejo nenhum sinal dele. Certamente, é apenas a minha mente querendo me pregar uma peça. Como se não bastasse passar as últimas noites sonhando com ele, agora estou "sonhando" com ele acordada. O que só faz aumentar ainda mais minha loucura.

"Está procurando alguém?" Minha mãe pergunta.

"Não", tento disfarçar, voltando a minha atenção para a salada na minha frente.

Faz quatro dias desde que nos vimos pela última vez e ele ainda não me ligou - e mesmo minha melhor amiga garantindo que ele vai telefonar - esse silêncio só pode significar o contrário.

"Tomei a liberdade de salvar seu número na minha agenda de contatos". Solto uma risada sarcástica ao lembrar desse comentário ridículo.

Meu lado racional - quando lembra de aparecer - me diz que é melhor assim. Afinal, em meio a todos esses conflitos e problemas que tenho que enfrentar e resolver, tudo o que eu não preciso no momento, são de distrações. E muito menos com romances. No entanto, cada vez que eu tento focar em alguma tarefa, meus pensamentos são novamente direcionados para aquele belo par de olhos verdes - de um intenso tom de jade - e sorriso perfeito.

Já o meu lado irracional - que tem aparecido com mais frequência do que deveria - me faz acreditar que ele vai me ligar. E pior ainda, me faz olhar na tela do celular pelo menos uma dúzia de vezes ao dia.

O que foi que aconteceu comigo?

Essa é a pergunta que venho me fazendo desde domingo à noite. E que até agora, não consegui encontrar uma resposta plausível.

"Você está apaixonada por ele!" Ouço meu lado irracional gritar na minha cabeça igual a Ana.

Balanço a cabeça para afastar aquela ideia e coloco uma generosa garfada de salada caesar na boca.

Além de ver e ouvir coisas que não são reais, posso jurar que estou sendo seguida enquanto ando pelos corredores do shopping. Olho em volta e não vejo nada suspeito, mas aquela estranha sensação persiste. O que só confirma que há algo de errado comigo.

Dou uma última olhada no corredor antes de seguir minha mãe para dentro de uma loja de móveis e decoração.

Conhecendo minha mãe como conheço, sei que ela vai passar horas perambulando pela loja, conversando sobre as últimas novidades com as vendedoras. Aproveito que minha mãe está entretida em uma conversa com uma outra cliente que está na loja, para caminhar entre os diversos ambientes decorados para melhor apresentar os produtos com as últimas tendências do mercado. Paro em um showroom, onde estão expostas uma grande variedade de arandelas. Fico admirando os diversos tipos de material e design quando percebo meu iPhone vibrando. Coloco a minha mão dentro da bolsa e ao tirar o aparelho, fico surpresa ao ler o nome do contato que aparece na tela do meu celular.

Um sorriso idiota toma conta do meu rosto - e graças a Deus - não tem ninguém por perto para me ver naquele momento ridículo.

"Também tomou a liberdade de salvar o seu número na minha agenda?"

"Você deveria verificar com mais frequência sua agenda telefônica", Toni diz entre risos do outro lado da linha.

"Para o caso de algum novo contato misteriosamente aparecer?"

"Exatamente."

Incluo, mentalmente, na minha lista de tarefas o item "colocar senha no iPhone".

Um Grito de Liberdade (CONCLUÍDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora