CAPÍTULO 13

44 19 12
                                    

Encaro minha mãe perplexa com aquela revelação; sentindo o chão debaixo dos meus pés desaparecer, dando lugar a um buraco prestes a me engolir.

"Então foi isso o que aconteceu?" Pergunto, como se o que ela acabara de confessar não fosse o suficiente para juntar todas as peças de um quebra-cabeça. "Meu irmão foi expulso de casa?" Olho perplexa para o general. "Por quê?"

"Isso não é da sua conta."

A raiva me consome e lágrimas inundam meus olhos.

"Foi porque ele não podia ser quem queria", murmuro, lembrando-me do que ele me escreveu junto ao seu presente de aniversário. "O senhor expulsou o Zeca de casa porque ele também não aguentava mais essa maldita vida que nos foi imposta", digo alterando a voz e avançando na direção dele com os punhos cerrados ao lado do corpo.

"Abaixe essa voz quando falar comigo", ele diz trincando os dentes.

"É melhor você subir e depois conversamos com calma", minha mãe diz na tentativa de me acalmar.

"Tudo isso por causa das malditas regras dessa maldita família", grito em meio às lágrimas de raiva que transbordam de mim.

"É melhor você calar a sua boca", ele me adverte, dando a volta na mesa.

Sei que não vai demorar para ele perder a paciência comigo, mas nesse momento, meu lado racional não está nem aí para o que poderá acontecer. Essa é a fagulha que faltava para explodir o barril de pólvora em que eu me transformei ao longo de todos esses anos.

"MALDITO!" Cuspo aquelas palavras com todo o meu ódio. "Você é um maldito desprezível que expulsou o meu irmão de casa!"

O general avança, como um touro enfurecido, vindo furioso na minha direção e agarrando-me pelos braços.

"Eu deveria ter jogado você no lixo quando nasceu", ele vocifera, sacudindo-me violentamente. Recebo aquelas palavras como se fosse um golpe de adaga cravada bem no meio do meu peito.

"Álvaro, solte-a!" Minha mãe suplica em meio ao desespero.

"Não se intrometa, Lúcia. Ou você vai se arrepender", ele esbraveja, lançando um olhar furioso para ela.

"Tire suas mãos nojentas de mim", grito me debatendo, tentando me desvencilhar das garras que se fecham com ainda mais força nos meus braços.

Ele continua me sacudindo em meio aos gritos e pela primeira vez, sinto medo do que o general possa fazer comigo. Minha mãe tenta soltar meus braços, mas ele é forte demais para nós duas e suas garras se fecham com ainda mais força. Chego a pensar que meus ossos poderão se partir ao meio, a qualquer momento, se ele continuar apertando assim tão forte.

Cadú entra no escritório - provavelmente atraído pelos nossos gritos - usando toda sua força para me puxar das garras do general. 

Perco o equilíbrio e acabo caindo para trás, batendo minha cabeça em alguma mobília próxima antes que o meu corpo atinja o chão. Tudo ao redor começa a girar e um zunido atinge meus ouvidos. Tento me levantar, mas as paredes do escritório giram rápidas demais. Minha mãe vem ao meu encontro para me ajudar, mas eu me afasto, recusando o seu toque.

"Você não deveria ter feito isso com a minha filha", ela diz, e para a minha maior surpresa, avança na direção do meu pai, como uma leoa que protege a sua cria.

Rastejo-me pelo chão em direção a porta enquanto meu irmão tenta conter a fúria do general pondo-se entre nós e bloqueando o caminho. Aproveito o momento para sair cambaleando do alcance dele.

Um Grito de Liberdade (CONCLUÍDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora