Prólogo

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26 de Agosto do ano da graça de 1726

O Santa Rosa flutuava suavemente sobre as ondas de esmeralda da costa da Bahia. Como uma dançarina a deslizar nas pontas dos pés, usava a imensidão do mar como seu palco solitário. O galeão traçava uma linha harmônica no mar tranquilo, espalhando as águas que refletiam o sol de Agosto no céu azul. Era um fim de tarde quente, como Agosto deve ser, e o ar estava cheio de promessas de um mundo novo a ser conquistado no Brasil Colônia. 

A embarcação seguia seu rumo até o litoral de Portugal, triunfante como era, imponente como o mar revolto. O imenso navio de guerra cumpria seu papel sem grandes ambições, completamente alheio ao fato de que nunca chegaria em casa. Seus tripulantes jamais veriam novamente seus pais, ou o rosto de seus filhos. Tampouco realizariam seus sonhos. Os menores jamais atingiriam a maioridade. Os amantes nunca mais veriam seus amores. O galeão Santa Rosa jamais ancoraria novamente em seu cais. 

Um galeão de sonhosWhere stories live. Discover now