Capítulo V - Odeio Ele

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A casa do banqueiro Charles Van Dort, em Bath, era um lugar perto da ponte Pulteney, elegante mas modesta, de dois andares, carente de jardim, como muita das casas naquela cidade. Dentro da casa, podia sentir uma agradável sensação de lar que contrastava com o aroma de flores do ambiente, pois a senhora Van Dort, sempre se encarregava de comprar flores e colocá-las em um vaso em cada cômodo da casa.

- "Você tem estado muito pensativo desde que chegaste de Londres, meu filho." - Emma Van Dort observou, enquanto colocava as flores perto da janela da pequena biblioteca.

A senhora Van Dort tinha uns amáveis olhos castanhos e o cabelo da cor chocolate, era de estatura mediana e surpreendentemente amável.

Lucian levantou os olhos do livro de contabilidade que tinha na frente dele e lhe dedicou um meio sorriso.

- "Não estava pensativo, mãe." - ele disse e depois olhou para o livro com atenção. Ela sorriu docemente e se sentou do seu lado.

- "O que aconteceu durante a sua viagem, Lucian?" - ela perguntou, tirando delicadamente o livro de contabilidade de suas mãos. Ele a olhou nos olhos antes de lhe responder.

- "Quando estava voltando para casa, uma garota e sua dama de companhia me pediram ajuda no meio da noite, viajamos com ela até chegar em Marshfield."

- "O que essas senhoritas faziam na estrada no meio da noite?" - expressou a senhora Van Dort. - "Algo ruim deve ter lhes acontecido para que fizessem tal coisa."

- "Elas estavam fugindo mãe, a mãe da senhorita Dantes e seu irmão haviam vendido ela para um homem estranho e muito rico." - Lucian explicou. - "E a sua dama de companhia, Lydia, que é uma irmã para ela, a ajudou fugir."

A senhora Van Dort a olhou horrorizada.

- "Como pode uma mãe fazer tal coisa?" - ela disse.

- "Isso é o que a senhorita Dantes não compreende. Como a sua própria família foi capaz de vendê-la?"

- "Mas elas estão bem?" - a mulher perguntou.

Lucian assentiu.

- "Elas se dirigiam a Woodsen Valley, para a casa de uns familiares de confiança." - ele respondeu e depois de uma breve pausa, e emitir um suspiro, ele acrescentou. - "Eu gostaria de ter levado elas até lá, para ter a certeza de que não passariam nenhum perigo."

- "Porque você não escreve para ela? Você não tem o endereço?" - ela perguntou.

- "Tenho o seu endereço... mas o que iria escrever, mãe? A senhorita Dantes sente que deve pagar pelo o que eu fiz por elas, mas eu não quero o seu dinheiro, só quero o seu bem-estar desde que lhes ofereci a minha ajuda."

- "Isso te aborrece ou te entristece?"

- "Na verdade, me surpreende." - ele disse. - "Nenhuma mulher que eu conheci fez o que a senhorita Dantes fez." - ele acrescentou com admiração. - "Ela é tão diferente, não espera que ninguém esteja a seu serviço, não olha a ninguém por cima do ombro, não se preocupa pela aparência que pode mostrar para defender a si mesma e aos seus... é alguém tão natural."

A senhora Van Dort lhe dedicou um sorriso e então se deu conta do porque o seu filho estava naquela situação.

- "Ao longo da sua viagem, eu conversei com o seu pai sobre o seu patrimônio." - ela explicou. - "Queria fazer uma surpresa para quando você acabasse o seu aprendizado, mas só faltam três semanas que não podemos deixar passar."

- "Do que você está falando mãe?" - ele quis saber, um pouco desconcertado por causa da mudança de tema.

- "Seu pai herdou do seu avô uma modesta casa em Woodsen Valley, a qual ele deixou para trás quando ele teve que se mudar para cá para estudar." - ela respondeu. - "Ela não tem estado abandonada desde então, porque o seu pai contratou um grupo de homens para supervisionar a casa a cada três meses desde a sua partida, mas não faz muito tempo, que o senhor Blake é quem está se encarregando de fazer essas supervisões... o que eu quero dizer é que, essa casa é sua filho, você poderá viver lá se você quiser quando terminar o seu aprendizado, se você assim desejar, é claro."

Falsas Impressões (Completa)Where stories live. Discover now