Cinco anos atrás
Beatriz começou a ficar estranha quando entrou na adolescência. Não me chamava mais para visitá-la, me expulsava dos seus aposentos, mal me respondia e ás vezes era grosseira. Meu padrinho, o pai dela, me explicou que era a idade. Que era assim mesmo. Mas eu sabia que tinha algo a mais.
Olívia me deu a ideia de fazer um cartão pedindo desculpas, por mais que eu não soubesse o que tinha feito. Eu, com meus onze anos de idade, pensava que isso ajudaria. Eu adorava Beatriz como se fosse minha irmã, principalmente depois de começar a morar definitivamente no palácio e ficar sob a responsabilidade do Rei Henrique. Meu pai havia morrido e eu fiquei órfã.
Eu e Olívia fomos até o novo quarto de Beatriz, que ficava em uma torre ao lado do palácio. Ela havia implorado ao pai privacidade e se mudara para lá na semana anterior.
Ainda no corredor ouvimos um som estranho. Suspiros estranhos, ofegantes. Será que ela estava bem? Abri a porta, sem pensar duas vezes, e vi uma cena chocante.
Ela estava nua com um homem.
Eu e Olívia gritamos, nunca tínhamos visto tal coisa.
Beatriz correu atrás de nós no corredor, com um lençol enrolado no corpo e me puxou pelo braço e me deu um tapa forte no rosto.-Praga! - Ela disse. Olívia a empurrou e levou um beliscão. -ME DEIXE EM PAZ! Se você contar algo para o meu pai, eu mato você!
Desci as escadas correndo e chorando. Minha amiga me abraçou e me confortou:
-Vamos contar ao rei! - ela disse. - Ela não pode tratar ninguém assim.
Neguei com a cabeça.
-Ninguém precisa saber disso.
Só que era tarde demais. Uma das criadas se aproximava com uma cesta de frutas:
-O que há, pequenina? - me olhou, carinhosamente. - A princesa foi grosseira novamente?
Eu ia negar, mas ela virou meu rosto e viu uma marca vermelha. Ficou horrorizada.
-Temos que relatar ao rei!
E antes que eu protestasse, ela me levou pela mão. Entramos no palácio, sob os olhares de todos e entramos no escritório do rei depois de bater na porta. Ele se levantou imediatamente ao me ver com o rosto molhado de lágrimas.
-A princesa bateu nela. - disse Mirela, mostrando meu rosto. Baixei a cabeça.
-Eu... eu mereci. Fui... visitá-la sem autorização. -disse rapidamente.
-Ninguém merece isso! - disse o rei. Ele me sentou em seu joelho e limpou minhas lágrimas. Olhou para Mirela e pediu que ela fosse buscar nossa ama, Alía.
O rei Henrique sabia como eu não gostava de reclamar e sempre que Beatriz me maltratava, eu reduzia suas palavras más á um simples olhar rude. Não gostaria que o padrinho brigasse com ela.
-Conte-me, Olívia. - disse ele.
Fiz sinal com a cabeça para Olívia, mas ela fingiu não ver. Ela não era do tipo que sofria calada. Ela se aprumou na cadeira, balançando os pés já que a cadeira era alta para nosso tamanho.
-Tinha um homem lá. - disse ela, sem rodeios. - Os dois estavam sem roupas. Ficamos assustadas, e ela bateu em nós.
A expressão do rei mudou. Ficou muito sério, mas não surpreso.
-Sabe quem ele é? - ele perguntou.
-Vi de relance. Acho que era o cavalariço.
Rei Henrique desviou o olhar, pensativo. Alía entrou e ele pediu que ela nos levasse com ela para o quarto e que não comentássemos com ninguém o que tinha acontecido.
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Além dos Muros do Palácio
RomanceAnastácia nunca pensou que sairia do reino onde havia nascido e crescido. Tinha em mente que viveria para sempre isolada do mundo, desde a queda social de seu pai. Quando sua instável Rainha tem seu casamento finalmente marcado com o Rei Afonso e s...