Medos e Expectativas

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Os mensageiros levaram cerca de três dias e meio para retornarem de seus destinos, trazendo excelentes respostas de todos os seus destinatários. Os generais pareceram surpresos e preocupados a princípio, com a presença de mais um vampiro em Alestia, todavia, demonstraram tanto furor quanto os soldados da guarda pessoal do rei com relação à subestimação de suas habilidades de guerra, alegando que toda e qualquer força de batalha estaria pronta para a caçada ao rebelde, esperando apenas a autorização de sua majestade quanto à partida.

De Narbor vieram iguais notícias positivas e o emissário pôde levar, à presença do rei, todos os dez mestres ferreiros narbornianos, para que ocupassem as forjas das fortalezas e da Cidadela, e renovassem o armamento do exército. Dois mestres foram enviados para cada forte, permanecendo quatro na cidade principal para que o fortalecimento de suas unidades fosse mais rápido, afinal, era ali que Sara habitava.

Entretanto, ao contrário do que os mensageiros esperavam, uma nova tarefa lhes foi incumbida logo que chegaram, desta vez por Jonas, a mando do rei, que lhes entregou cinco pergaminhos idênticos para que as boas novas sobre o herdeiro de Alestia se espalhassem por todo o reino.

Cassis sabia que assim que a notícia se propagasse, Tibérius teria mais uma vantagem a seu respeito, contudo, o vampiro não se intimidou em ordenar ao chanceler que espalhasse as novas por dois motivos: primeiro, porque as línguas mexeriqueiras do castelo logo espalhariam a notícia pela Cidadela, e se uma nota oficial não fosse emitida pela coroa, as pessoas poderiam pensar que o rei não os achava dignos de saberem tão grande novidade, ou até mesmo que não se importa com a própria prole; e segundo, porque era o que qualquer rei humano comum faria e, portanto, era o que Sara esperava que fizesse.

Enquanto a rainha estivesse grávida, ela e a criança estariam protegidas pelas forças militares que estavam se reforçando naquele momento, e até que o príncipe ou a princesa de Alestia viesse ao mundo, o rei esperava dar ao rebelde a sua morte final, trazendo assim, a segurança que o bebê precisava para nascer e crescer.

Os mensageiros se retiram do castelo, às pressas, ignorando o próprio cansaço e partindo para o cumprimento de mais uma missão a mando do rei. E depois de três dias, todo o reino e alguns lugares além, já estavam cientes e felizes com a dádiva concedida à realeza de Alestia.

Cassis e Sara estavam na biblioteca no final daquele terceiro dia, ambos ainda se acostumando com a recém-descoberta gestação, enquanto se entretinham com livros diversos. A rainha lia um livro de poesias e Cassis conhecia as antigas histórias de rei Ofir, quando um soldado bate a porta e adentra o cômodo silenciosamente, reverenciando-os e sussurrando algo ao ouvido do rei.

― Deixe-o entrar – orienta o vampiro, fazendo o soldado se despedir com outra reverência e se retirar, deixando Sir Thorkus entrar no salão minutos depois.

― O que acontece com estes homens, que tão repentina e ousadamente tentam anteparar minha entrada? Por acaso desconhecem com quem estão lidando? Por que me afrontam dessa forma? – questiona exteriormente apático, mas interiormente aborrecido, fazendo com que ambos os leitores fechassem os seus livros.

― Eles não o afrontam, Sir, somente cumprem ordens. Sabes o quanto nossas forças têm sido robustecidas, dia após dia, não sabes? – responde Cassis, levantando-se e caminhando em direção ao pai, ao mesmo tempo em que modificava sua forma de falar para algo mais rebuscado e antiquado, além de adotar um leve sotaque, parecido com o de Thorkus. – Nenhum ser, vivo ou não-vivo, adentra a Cidadela ou o castelo sem ser abordado e minuciosamente revistado.

― Estou ciente de suas movimentações militares, todavia, não almejava que seus guerreiros me abordassem como um incógnito – bufa, deixando os caninos levemente à mostra para demonstrar sua irritação.

Cassis (Série Alestia I)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora