Lição 2: Sem espaço pessoal.

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Depois que o bocudo irritante finalmente foi embora, me sentei e apreciei a comida. Se antes eu não o queria por perto, agora eu ansiava desesperadamente. Pois a torta era a mais gostosa que provei em toda minha mísera existência.

Ao acabar a refeição logo a famigerada depressão pós prato bateu, o corpo mole e o soninho pesado. Voltei a me encolher no sofá, porque até que meu corpo se acostumasse, o pequeno espaço tão parecido com o sufoco da cadeia, era o único familiar.

Fechei os olhos e quando pensei em me entregar, barulhos começaram do outro lado da parede. Eram gemidos? Meu vizinho ou estava dando, ou batendo uma. Até apreciaria o som rouco da sua voz, tão manhoso... E fazia tanto tempo que meu corpo conhecera os prazeres da carne.

No entanto, o som logo é cortado por uma melodia grotesca, meu consciente acusou: Rock. Eu odiava com todo meu ser. Revirei quase a noite inteira prometendo matá-lo na manhã seguinte. E daí que eu voltaria pra cadeia? Quem consegue transar ouvindo gritos? Pu...ritana que me pariu!

Na força do ódio adormeci as cinco da manhã, as sete fui despertado por batidas ritmadas na porta. Ah não...Arghh. Joguei a coberta no chão com força e pisei o mais forte que consegui no soalho. Irrompi madeira adentro prestes a lhe dar um esporro, isto é, se o mesmo não tivesse passado por baixo do meu braço estendido.

- Onde pensa que vai entrando assim na casa dos outros? Estou puto com você! EU NÃO CONSEGUI DORMIR CORRETAMENTE POR CAUSA DA PORRA DO SEU BARULHO. CHISPA ANTES QUE EU BATA A MERDA FORA DE VOCÊ.

Puxei-o bruscamente pelo braço, o que acarretou em uma colher de manteiga deslizando pelo meu nariz, em seguida uma risada estrondosa ecoou pelo ambiente.

- Cul... culpado, não sabia que abominava música, prometo não fazer novamente. Se quer que eu vá, fique sabendo que a comida volta também.

Ele falava tentando recuperar o fôlego, assim como limpava as lágrimas que molhavam o cantinho dos seus olhos.

Meus olhos focalizam o café da manhã: torradas, queijo, frutas, suco. Era tudo que eu ainda não tive tempo de comprar. Então ignorando a dor de cabeça que era meu vizinho, passei a me alimentar.

Podia escutá-lo mexendo nas coisas da casa, porém, só constatei que o mesmo estava limpando quando um espirro, digo, um sopro ensurdecedor saiu de seu nariz, este que jazia vermelho.

- Tô indo buscar uma máscara em casa, e volto aqui pra te ajudar a limpar essa produção de drogas.

- Produção de drogas?

- é, você sabe... Pó.

Ergui a sobrancelha ao passo que ele gargalhava, como se fosse a coisa mais engraçada do mundo. Decidi não falar mais nada, eu quem saio da cadeia, e meu vizinho que é doido.

Não sei por quanto tempo me perdi na comida e em pensamentos, tudo que sei é que quanto levantei, o piso brilhava, o cheiro de desinfetante estava impregnado acrescentando frescor a casa, a qual antes escura, agora se encontrava clara e arejada devido as janelas abertas.

Um peso se fez presente no meu peito, ao lembrar do aroma que antes tomava conta de cada cômodo. Em contrapartida, a nova fragrância parecia se adequar ao meu novo recomeço.

Procurei o bocudo irritante pela casa, o encontrando dobrando lençóis limpos na minha cama. Mal me viu e já apoiou o corpo contra o meu, descansando enquanto limpava o suor das têmporas.

Tsc...Folgado.

- Desde que eu limpei tudo sozinho, é justo você me deixar usar o banheiro. Preciso urgentemente de um banho.

- Sua casa é logo ao lado.

- Estou sem água quente. Ande, me forneça toalha e um conjunto moletom.

Mal pronunciou e se enfiou dentro do box começando a tirar as roupas. Irritado fechei a porta com um barulho e me joguei na cama. Não vou dar roupa caralho nenhum. Só que eu esqueci o quão peculiar meu vizinho era.

Assim que a água cessou, ele saiu pela porta do jeito que veio ao mundo, a única parte coberta do seu corpo era o membro, pois este estava sendo apertado pelas palmas de suas mãos. Engoli em seco decorando cada parte de sua silhueta, uma coisa precisava confessar, o que o bocudo irritante tinha de inconveniente, também tinha de gostosura.

- Ainda vai se negar a me dar roupas?

A contragosto apontei para o guarda-roupa, e enfiei o rosto no travesseiro. Reprimi o desejo de encarar seu corpo toda vez que ouvi o farfalhar das roupas. Tenho um sobressalto quando a cama afunda e logo o vizinho ocupa o espaço ao lado.

- Fala sério, são nove horas da manhã, estou morrendo de sono e ainda tenho que lidar com um desconhecido sem um pingo de noção ou vergonha.

- Estou com sono também, vamos dormir.

O garoto fecha os olhos e põe as mãos debaixo da bochecha. Logo um biquinho se forma com a pressão em sua face. Cutuquei seu nariz com o indicador esperando que acordasse.

- hey... É de você que estou falando, vá dormir em casa.

- Yaaa bocudo irritante, leve seu rabo pra fora daqui.

De repente ele se inclina em minha direção me prendendo no colchão.

- Eu sou o bocudo irritante, mas é você quem não para de falar agora.

- o- o que está-

Suas mãos puxam minha camisa para cima, até que a mesma esteja fora do meu corpo. Paralisado espero seu próximo movimento, estou em chamas e meu pau começou endurecer apertando a boxer.

Entretanto...

- Adoro dormir no quentinho, bom dia bandido.

E assim ele se aconchega com o rosto em meu pescoço, braços e pernas sobre mim, nos entrelaçando. A respiração do ruivinho arrepia cada pelo do meu corpo, estou prestes a o expulsar na base da força. No entanto, o mesmo já dorme, como se não se encontrasse enroscado em um desconhecido, este que possuí uma puta ereção no meio das pernas.

É...Esse será um grande caso de bolas roxas.


E de repente, não mais que uma tarde quase quebrando de tão clara, você chegou na minha saudade.



I purple you 💜!

Em condicional. ( Taekook- Vkook)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant