Capítulo 4

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Bianca

Normalmente quando eu acordo sinto algo errado. Geralmente minha cabeça dói. Algumas vezes meu estômago por causa da bebida. Outras são os pés por causa dos saltos.

Dessa vez antes de abrir os olhos senti uma dor diferente. Meu braço latejando minha barriga também. Abro os olhos e sento devagar. Procuro a origem da dor.

Tenho um curativo no braço e outro abaixo das costelas.

- Mas que diabos?!

Levanto da cama e vou para o banheiro. Tem vidro por todo lado. E sangue. Me recordo de alguma coisa, como eu caindo.

Caminho devagar para a sala o desconforto é grande. Que merda.

Encontro Tyler na cozinha, lavando louça. Sento na bancada com cuidado.

- Como se sente?

- Como se um clã ninja tivesse me atacado com espadas.

Tyler me serve um café e me entrega um analgésico. Depois coloca um sanduíche na minha frente, que não tenho vontade de mexer.

- Coma.

Olho pra ele. Tyler é um homem tão bonito. Infelizmente ele veste uma armadura muito fria. Mas em alguns momentos entre as rachaduras sua verdadeira natureza aparece.

Pego o sanduíche e dou uma mordida.
Continuo meu café. Depois recolho a louça e deixo na pia.

- Me lembro de cair.

Digo envergonhada.

- Sim, você caiu no banheiro, teve dois cortes, precisou de ponto, mas foi só.

Aceno com a cabeça, Tyler não vai me dar nenhum sermão, ele mais do que ninguém, entende.

De todos ele é o único que sabe de tudo. Em um momento precisei de ajuda e foi ele que veio.
Tyler sabe tudo que aconteceu. Tudo que passei. Fiz ele prometer nunca contar para ninguém.

Caminho até o sofá para encontrar Vitor dormindo sentado, segurando uma xícara de café frio.
Puxo a xícara dele e o empurro para deitar.
Observo o rosto bonito.

- Por que ele está aqui?

- Ele te trouxe.

- Humf.

Imaginei. Idiota. Busco um cobertor no quarto e coloco nele. Sento na ponta do sofá e ligo a Tv.

Tyler vem pra sala, senta em uma poltrona e me observa.

- Como você está?

Não quero responder isso, então devolvo outra pergunta.

- E a Lari?

Ele suspira.

- Pior que você. No momento ela está com o ódio renovado.

- Vai passar. Eu já te falei seja insistente.

- Você devia seguir seus conselhos.

- Ty.

- Ele nunca vai saber?

- Nunca.

Ele continua me encarando, não quero continuar essa conversa, mas vejo que ele não vai deixar assim.

- Acho que faria bem a ele saber.

- É mesmo e porque Tyler? Por que agora?

- Porque agora eu vejo as coisas de uma forma diferente.

- Espero que você honre a sua promessa.

Levanto do sofá, pego a minha bolsa e vou para a porta.

- Bianca...fica. Você se machucou, fica aqui.

- Prefiro a minha casa, tchau Tyler.

Saio pela porta e vou para os elevadores. Caminho para saída principal do condomínio. Quando passo pela guarita um dos guardas assovia.

Já estou acostumada então nem ligo. Sempre que passo esse idiota faz isso. Chego ao portão mas ele não abre. Viro e olho para a guarita.
O guarda idiota sai com um sorrisinho no rosto.

- Vai sair princesa?

- Abra por favor.

- Quem sabe você me deixa seu telefone primeiro?

Suspiro sem paciência pra isso.

- Quem sabe você abre e eu não reclamo com com o Tyler?

Ele me olha com desdém no rosto. Aperta o botão no controle e o portão se abre.

- Que foi? você é puta só pra esses moleques ricos?

Não respondo e sigo meu caminho. Moro perto daqui então vou caminhando. Sinto uma dor enorme nos cortes. Que porcaria.

Chego em casa em dez minutos. Como sempre não tem ninguém. Largo a bolsa e as chaves no sofá e subo para o meu quarto.

Tiro a roupa com dificuldade e vou para o banho. Tomo um banho demorado. Debaixo do chuveiro deixo rolar todas as lágrimas que seguro durante o dia.

Choro sem que ninguém possa me ver. Sento e deixo a água me lavar. Escuto a campainha tocar.

Não levanto, não vou atender ninguém.
Saio da água e vou me vestir. Coloco uma camiseta grande e solta que gosto de ficar em casa.

Desço a escada e vou para cozinha, preparar uma comida. Separo as coisas para um risoto rápido.

Escuto um barulho no quintal. Alguém caminhando. Meu deus só o que me falta!

Vou em busca do taco de beisebol que Tyler me deu. Deixei ele no meu quarto, corro escada acima e depois escada abaixo com o taco em mãos. Meu corpo dói pelo esforço.

Quando chego na sala sei que o ladrão já entrou, escuto os passos na cozinha, quando ele dobra em minha direção eu o ataco.

- Aiiiiiiiiiii!!

Surpreendentemente não é um ladrão que encontro. Mas um par de olhos azuis e raivosos.

- Sua louca! Podia ter quebrado meu braço!

- O que você está fazendo aqui Vitor?!!

Ele esfrega o braço onde eu bati.

- Você é idiota ou o que? Como entra na minha casa feito um ladrão?

- Toquei a campainha, você não atendeu achei que podia ter caído novamente.

- Não atendi por que não quis, as pessoas tem direito de não serem pertubardas em suas casas.

- E se fosse um ladrão armado? Você ia atacá-lo com um taco?! Se fosse pra valer podia ter levado um tiro.

- Não tenho muito a perder, então...

Vitor vem em minha direção rápido e me prensa contra a parede. Vejo irritação em seus olhos.

- Não repita isso.

Ele respira rápido. Escuto meu coração disparar. Vitor me afeta como nenhum outro. Fecho meus olhos para tentar fugir da perdição que são os olhos dele.

- Me solta!

- Bianca...me escuta muito bem. Se eu escutar você dizer que não se importa com a sua vida, juro que vou pegar você, colocá-la sobre meus joelhos e encher essa sua bunda linda de palmadas.

- Me solta seu idiota!

Vitor se afasta passando a mão pelos cabelos.

- Saia da minha casa.

- Não vou a lugar nenhum.

Vejo ele caminhar para sala e sentar no sofá.

Era só o que me faltava.

VITOR - Livro 2 Série - Broken Ice-  CONCLUÍDOWhere stories live. Discover now