Capítulo 32

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Vitor

-Me desculpe.

Me arrependo do que disse. Tyler só está surpreso com tudo. Foi opção minha manter parte da minha vida distante dele.

Não posso culpá-lo por se sentir perdido.

- Você está certo. Talvez eu não o conheça mesmo.

- Ty...

- Conversei com a Larissa esses dias sobre isso. Estive muitos anos focado apenas em mim. Fui negligente com todos. Não seria diferente com você.

Ele olha Gabriel que agora dorme sobre o meu peito.

- A vida andou para nós dois. Não somos mais crianças. Percebi isso quando Larissa surgiu na minha vida. Mas não havia percebido isso em você.

- Sim. Senti isso também. Foi aí que me senti inquieto. Apenas curtindo festas e tal. Comecei a fazer voluntário, apliquei meu dinheiro, comprei e vendi capital. Acabei descobrindo outras coisas para fazer com o meu tempo.

- Por isso você sumia. Não eram apenas mulheres.

- Não. Passo algumas tardes no Centro. As vezes o dia todo. As noites trabalho com a bolsa de valores.

Tyler se cala. Ficamos em um silêncio confortável. Do tipo que sempre tivemos. Do tipo que só amigos tem.

Fecho meus olhos satisfeito. Sei que Tyler compreende.

- Fico feliz por você irmão. Ainda acho que você precisa resolver uma questão. Mas vendo você agora....

Ele faz um gesto mostrando Gabriel sobre mim.

- Acho que em breve você vai resolver.

- Preciso resolver a questão do sono. Preciso dormir e ele não deixa, me acorda a noite toda.

Meu amigo ri.

- Você vai ser pai mesmo?!

- Eu sou.

Ele acena devagar com a cabeça. Assimilando a ideia.

- Você precisa de ajuda então.

- Gabriel precisa de um padrinho.

Vejo a surpresa nos olhos dele.

- E uma madrinha.
Acrescento.

- Tem certeza? Isso não vai mudar a opinião que ela tem de você.

- Eu sei. Ela é uma megera. Mas ela controla você. E se ela pode fazer isso, acredito que pode fazer qualquer coisa se ele precisar.

- Isso com certeza. Larissa é louca quando quer.

- Ela é louca o tempo todo, só você não vê.

Conversamos sobre muitas coisas. Conto tudo que precisei fazer para conseguir a ordem de guarda provisória.

Amanhã vou receber a primeira avaliação semanal. Conversamos sobre algumas questões da bolsa e Tyler me diz que também andou mexendo com isso.

Minha mãe retorna para convidá-lo para o almoço. Vamos todos para um almoço na rua.

Passamos as próxima horas conversando a volta da mesa.
Por fim minha mãe leva Gabriel para tirar uma soneca com ela. Sob protestos dele.

- Cara eu estou chocado, mas vou falar.

Levo meus olhos para os de Tyler enquanto mexo com um cálice de vinho do almoço.

- Você é ótimo como pai. Não sei o que falar.

- Peguei experiência no Centro. Só não sabia trocar fralda. Tomei um sufoco mas aprendi.

Meu amigo gargalha. Mas em seguida fica sério.

- Acho que serei um pai ruim.

Sei por que ele diz isso. Tyler não teve os melhores exemplos. A mãe o rejeitou e o pai era ausente.

- Você não será. O fato de se questionar o torna diferente.

- É talvez.

- E com a mulher endiabrada que você arranjou, ela jamais deixaria você ser um pai ruim.

Ele sorri. E não esconde a cara de idiota apaixonado.

- Isso com certeza é verdade.

Dou um chute nele por baixo da mesa.

- Desfaz essa cara porra. Que nojo.

Ele devolve o chute.

- Cala a boca.

No meio da tarde Ty vai embora.

Eu aproveito que Gabriel ainda dorme e toco um trabalho da faculdade.

Mais uma vez no final da noite ele não dorme no quarto dele.
Preciso arrumar isso. Cada dia fica mais difícil.

Durmo tarde de novo.

Acordo cedo com o choro de Gabriel.

Chamando pela mãe. Corta meu coração o sofrimento dele.

Em dias assim acho que ele sonhou com ela então se lembra e chora. Mas durante o dia se distrai e fica tranquilo.

- Tudo bem campeão. Tudo bem
Eu estou aqui.

- Tata Vitu.

- Sim. Você pode me chamar de papai também Gabi. Agora sou seu pai.

- Tata.

Me dou conta de uma coisa. Então testo para ter certeza.

- Sabe falar papai Gabi?

- Tata!

Tata. Papa. Tata Vitu. Papai Vitor.

Me dou conta de que Gabriel tenta me chamar de Papai desde o primeiro dia. Não fui só eu que o identifiquei como filho. Ele me identificou como pai.

Fico emocionado. E quando minha mãe entra no quarto eu não aguento e compartilho.

- Ele me chamou de papai.

Minha mãe me abraça. Contei a ela e meu pai sobre o filho que tive com Bianca. Achei que eles tinham que saber.

Minha mãe sentiu muito. Acho que ela gostaria de ter podido ver, Pegar Miguel.
Agora com a chegada de Gabriel, acho que elá está genuinamente feliz.

Combinei com meus pais, de ficar aqui até minha formatura. Depois vou mudar para um apartamento com Gabriel.

- Você está se saindo bem filho. Não é fácil, mas você está indo bem.

Meus pais assim como Tyler não sabiam das minhas atividades no Centro nem meus trabalhos com a bolsa.

Para quem acreditava que o filho era apenas movido por festas e mulheres. Meus pais estão demonstrando que foi um alívio encontrarem meu outro lado mais  sério.

Recebo durante a tarde outra psicóloga da vaga da infância. Será ela que virá semanalmente avaliar nossa situação.

Ela parecia bastante satisfeita quando saiu. Elogiou bastante tudo que fiz até aqui. Gabriel está bem cuidado, vestido, cercado por brinquedos para a idade dele e demonstra ótimo convívio com a família a volta.

Se tudo continuar assim, ela disse que não vê problema na concessão da guarda definitiva.

Mas me avisou que só poderei entrar com esse pedido daqui um tempo. Por mim tudo bem. Gabriel está aqui, e está bem. Vou seguir o passo a passo agora.

Tê-lo uma semana aqui me deu total certeza. Não vou abrir mão dele. Não é fácil, nem simples. Com certeza eu não estava pronto.

Mas vou ficar.






VITOR - Livro 2 Série - Broken Ice-  CONCLUÍDOWhere stories live. Discover now