Capítulo 8

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Vitor

Dirijo  sem um destino em mente.   Sinto a raiva percorrendo as minhas veias.

Olho Bianca sentada de braço cruzado e cara emburrada.

- O que foi ein?

- Você é um idiota!! Um IDIOTA!

- E você uma maluca, irresponsável, malcriada e desleixada consigo mesma!!!

- Cala a boca!!

- Cala você!!

Bato com as duas mãos no volante frustrado.

- Você consegue me irritar garota. Nada me irrita mais que você!

- Então me deixa em paz Vitor não pedi pra você vir me tirar daquela festa! Me deixa em paz! Me deixa sozinha como fez antes!

Ela se cala, e eu percebo que ela falou mais do que queria.

Estaciono o carro antes que eu bata. Fecho os olhos e tento me acalmar.

Passo a mão pelo cabelo.

- Do que você tá falando?! Quando eu te deixei sozinh....

Paro de falar e olho pra ela. Bianca não me encara, mas olha para rua pela janela.

- Bianca, olha só... Aquela vez...

- Não quero saber. Só vamos embora.

Fico em silêncio quando vejo a tristeza no rosto dela. Ela encara a rua e o olhar sempre afiado parece ter perdido o brilho de repente.

Não sei exatamente o que fiz, mas começo a sentir uma espécie de culpa e não sei porque.

Ligo o carro e dirijo, pensando nas atitudes dela.

Bianca é completamente contraditória. Se olhar para ela pelas roupas, maquiagem, o corte curto do cabelo, parece uma garota forte, destemida e segura.

Agora chegando mais perto, só consigo ver uma menina perdida. E não gosto disso. Aliás uma raiva renovada sobe pela minha garganta e antes que eu consiga frear abro minha boca.

- O que te deixou assim ?

- Você.

Recebo um olhar de desprezo. E mais alguma coisa que não identifico.

Como assim eu? O que foi que eu fiz?
Dirijo o resto do tempo em silêncio. Recebo uma mensagem de Tyler perguntando se estou com a Bianca ainda e pedindo para levar ela até a casa dele.

Não falo nada para ela, apenas mudo o percurso. Uma chuva fina começa a cair na rua.

Chegamos ao condomínio de Tyler em quinze minutos. Entro pela garagem. Bianca desce em silêncio. Vamos para o elevador com um clima pesado entre nós.

- Olha só garota, eu não sei o que eu fiz tá legal, mas não gosto desse clima tenso, vamos manter a paz ...

- Estou realmente me lixando pra o que você quer ou deixa de querer Vitor.

- Você é muito mal educada.

O elevador abre e ela sai enquanto me responde:

- E você é um cretino, que tem esses malditos olhos, que ficam me hipnotizando e me afogando.

Ela termina a frase em lágrimas, e a essa altura a porta do apartamento de Tyler foi aberta pelos gritos dela e todos presenciam a cena.

- Bianca! Vem.

Escuto Larissa falar e a arrastar pelas escadas para, imagino eu, o apartamento do Tio Ricardo, pai de Tyler, que mora um andar acima.

Continuo parado onde estou, tentando entender o que ouvi. Como assim afogando?

Tyler me puxa pra casa dele. Em alguns segundos saio do torpor que estou e fico irritado.
Chuto a primeira coisa que encontro, e a porcaria de um vaso se arrebenta.

- Ei ei ei, minhas coisas não tem culpa.

- Por que sinto que estou sendo acusado de algo que nem sei o que é?!?!

- Vitor...

- Mas que PORRA!

- Vitor... Se acalma tá?!

Sento no sofá e vasculho minha mente atrás de uma explicação para o que ela disse. Nós ficamos juntos a uns três anos atrás. Eu achei que tudo estava ficando muito sério e a afastei. Mais nada. A não ser que...

- Ela gosta de mim?

Pergunto incrédulo.
Tyler suspira e senta na minha frente.

- É claro que gosta cara.

Não pode ser. Bianca está sempre por perto, temos um círculo comum de amigos, ela nunca deu sinal de ter qualquer sentimento por mim. A não ser talvez de repulsa.

- Não pode ser. Ela me detesta.

- Como você detesta ela?

- Eu não detesto ela...

- Exatamente. Ela te trata da mesma forma que você a trata.

Não consigo acreditar nisso. Levanto e vou até a geladeira. Preciso de uma bebida para absorver tudo isso.

Tyler vem atrás de mim e me acompanha na cerveja.

- Cara não pode ser. Fiquei com várias mulheres e sempre por pouco tempo com cada uma. Impossível alguém se apaixonar. Não foi diferente com ela. Ficamos poucas vezes quando eu achei que estava ficando demais terminei com tudo.

- Sim. Mas você continuou vendo ela. Praticamente todos os dias.

- Temos amigos em comum.

- Sim mas isso não aconteceu com as outras, essa proximidade foi só com ela.

Que merda. Nunca tinha pensado nisso.

- Se eu soubesse que ela...

- Teria feito o que?

Encaro meu amigo.

- Nada. Não quero relacionamentos. Você mais do que ninguém sabe disso.

- As coisas mudaram Vitor.

- Mudaram pra você!! Que está agindo feito um idiota! Rastejando atrás daquela garota. Não quero isso pra mim.

- Larissa foi a melhor coisa que me aconteceu. Mudou minha forma de encarar a vida. Me fez aceitar e encarar meus fantasmas.

Saio de perto dele porque não tenho paciência para toda essa baboseira.

- Me poupe. Se ela se apaixonou, sinto muito. Posso me afastar e isso logo passa.

Escuto uma risada baixa vindo dele. Me viro e encontro Tyler sorrindo.

- Distância não fará diferença.

- Sim você agora é um conhecedor da causa né?

- Eu vou ser pai Vitor.

Levo um susto com a mudança de assunto. Leva alguns segundos para a ficha cair. Porra.

- é sério isso?!

- É.

- Parabéns eu acho então.

Abraço meu amigo, e fico genuinamente feliz que agora ele terá uma família para chamar de sua. Os filhos ninguém poderá tirar dele.

- Fico feliz por você. Filhos jamais podem ser perdidos. Você terá isso pro resto da vida.

- Sim. Foi exatamente o que eu pensei.

Um sorriso toma conta do rosto de Tyler, e percebo que não o vejo assim a muitos anos.

- Já sabem o que é?

- O sexo? Não. Sabemos que são gêmeos.

Caraca.

- Porra meu fez dois só pra garantir né!

Rio mais um  Pouco da cara de paspalho que ele está.  Até uma ligação acabar com a alegria.

O pai dele ligou, avisando que Larissa passou mal.
Tyler sai correndo e eu vou atrás.

VITOR - Livro 2 Série - Broken Ice-  CONCLUÍDOWhere stories live. Discover now