Vitor
Passo a tarde em contato com meu padrinho.
Preciso reunir uma quatidade gigantesca de documentos.A primeira boa notícia vem no início da tarde. Gabriel realmente não tem parentes vivos. A certidão dele não tem registro do pai.
Observo ele brincar com as outras crianças. A todo momento ele vem me mostrar algo.
Recebo mais uma ligação de Tio Ricardo.
- Vitor, todo os documentos que você mandou estão em ordem. Na verdade é bem impressionante.
- Posso levá-lo então?
- Não, o juiz ainda está avaliando e você precisa de duas coisas ainda. A avaliação psicológica e do lugar para ele.
- A casa dos meus pais não serve?
- Sim. Mas ele precisa da propria cama, material de higiene e que seja um local seguro.
- Certo consigo tudo hoje ainda. Posso colocar redes em todas a s janelas mas preciso ver com o meu pai.
- Para isso você pode conseguir mais alguns dias. O essencial é a avaliação do psicólogo e o básico para uma criança de dois anos na sua casa.
- Certo, vou providenciar o que ele precisa.
- Posso mandar o psicólogo aí, mas ele só pode na próxima hora.
- Eu espero ele.
Desligo a chamada apreensivo. Quanto mais fico com esse menino mais quero levá-lo comigo.
- Tata Vitu, Tata Vitu.
Não sei o que ele quer dizer com Tata, mas ele não pronuncia meu nome ainda, então sai Vitu.
Gabriel vem até mim chorando, brigou com outro menino por um carrinho.
- Tudo bem, divida com ele.
- Nãaa...meu..."calo".
Pego meu celular e ligo para uma conhecida de uma loja de móveis. Consulto ela bastante para os projetos que faço na faculdade de arquitetura.
- Oi Sofia.
- Oi Vitor! O que você precisa hoje?
- Preciso de um quarto para um menino de dois anos.
Vou te mandar o endereço, pago o que for preciso mas precisa ser entregue e montado ainda hoje.- Nossa um pedido assim é difícil, mas eu consigo.
- Eu mando o endereço por mensagem, me mande a conta e eu faço o pagamento.
Desligo feliz por dar mais um passo. Nesse momento agradeço por ter dinheiro e poder usá-lo para algo assim. É óbvio que ele facilita tudo.
Quase uma hora depois a pisicóloga chega.
Recebo ela na sala da diretoria. Dona Eulália nos deixa a sós.
- Você tem amigos importantes, esse é o processo mais rápido que já vi.
- Sim eu tenho.
Não vejo motivos para mentir. Tenho ideia dos prazos da justiça nesse país. E tenho ciência de que só estou conseguindo essa ordem pela influência de Tio Ricardo.
- Bom podemos começar pelo básico.
Quantos anos você tem?- Fiz 25 esse ano.
- Soube que você não é Brasileiro, correto?
- Sim. Sou norte americano. Moro aqui a Dez anos.
- pretende voltar em breve para seu país.
- Não.
- Trabalha?
- Sim.
- Em que?
- Com ações, compra e venda. E estou terminando a faculdade de arquitetura.
- Umm, certo. Você pretende adotar por qual motivo?
- Bom. Na verdade eu conheci o menino hoje. Parece loucura, mas eu sei que ele é meu. Não quero vê-lo em nenhum abrigo.
- Você se considera capaz de cuidar de uma criança? Com todas as necessidades que possam surgir?
- Eu...não sei. Suponho que sim. Me sinto capaz. Não sei se sou o mais indicado, mas eu quero levá-lo para casa.
- Você compreende, que podem haver dificuldades, de adaptação da criança?
- Sim. Farei o possível para que ele se sinta bem.
- Ele perdeu recentemente a mãe, talvez precise de alguma ajuda psicológica. O senhor pode arcar com qualquer custo advindo disso?
- Qualquer custo médico, material, não é problema.
- Você entrou com o processo sozinho, se propõe a ser pai solteiro?
Penso um pouco nessa questão. Ser pai.
- Correto.
- Posso concluir que o você tem total disponibilidade afetiva? Mesmo sendo solteiro, se considera capaz de prover carinho e atenção para uma criança de dois anos?
- Sim.
- Certo acho que podemos concluir.
- É só isso?
Sorrio aliviado para ela.
A psicóloga retribui meu sorriso e me sinto mais tranquilo.- Sim. Considero você apto para a guarda provisória do menor.
- Obrigada!
Levanto satisfeito.
- Você foi sincero em suas respostas. Não será facil, ser pai solteiro é difícil mas acho que você é capaz.
A psicóloga sai me dizendo que vai deixar a avaliação no juizado. Pego uma cópia de qualquer forma e mando para o email do Tio Ricardo.
As horas passam. Olho para o Relógio a cada cinco minutos. O prazo está acabando. Sei que o juizado encerra as atividades no final da tarde. Não quero deixar Gabriel sozinho.
Meu celular toca e eu atendo no primeiro toque.
- Fala Tio.
- A guarda saiu. Você pode levá-lo. Mas o juiz fez algumas ressalvas. Você tem três dias para apresentar as modificações na casa, como as telas de proteção.
- Certo.
- E como foi um caso expresso, e você não havia demonstrado interesse em adotar antes, o juiz solicitou que vocês sejam verificados semanalmente.
- Tudo bem. Posso ir mesmo?
- Pode sim. E Vitor. Parabéns. De coração, fico feliz por presenciar tudo que aconteceu hoje.
Me despeço e desligo. Gabriel está tomando uma mamadeira enquanto vê um desenho.
Deixo ele um momento e vou contar tudo a Dona Eulália.
Volto para a sala de tv para buscar ele.- Vamos pra casa Gabriel?
Ele me olha desconfiado.
- A "tasa" Du Tata Vitu?
- Sim, a casa do Tatá Vitor. Vamos?
Ele estende os bracinhos para mim. O levo no colo.
Quando cruzo o portão do Centro, não Acredito em tudo que aconteceu desde que o começo do dia.Quando entro no meu carro e acomodo Gabriel atrás, penso em três coisas.
Fiz a coisa certa.
Ele é meu.
Preciso de uma cadeirinha urgente.
JE LEEST
VITOR - Livro 2 Série - Broken Ice- CONCLUÍDO
RomantiekVitor nasceu e cresceu vendo o que a vida pode nos dar de pior ao acompanhar e amparar o melhor amigo Tyler em seus problemas. Como a vida podia ser tão boa para ele e tão ruim para o amigo. Vitor sabia que era abençoado, tinha tudo, amor da familia...