Capítulo 29

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Vitor

Passo a tarde em contato com meu padrinho.
Preciso reunir uma quatidade gigantesca de documentos.

A primeira boa notícia vem no início da tarde. Gabriel realmente não tem parentes vivos. A certidão dele não tem registro do pai.

Observo ele brincar com as outras crianças. A todo momento ele vem me mostrar algo.

Recebo mais uma ligação de Tio Ricardo.

- Vitor, todo os documentos que você mandou estão em ordem. Na verdade é bem impressionante.

- Posso levá-lo então?

- Não, o juiz ainda está avaliando e você precisa de duas coisas ainda. A avaliação psicológica e do lugar para ele.

- A casa dos meus pais não serve?

- Sim. Mas ele precisa da propria cama, material de higiene e que seja um local seguro.

- Certo consigo tudo hoje ainda. Posso colocar redes em todas a s janelas mas preciso ver com o meu pai.

- Para isso você pode conseguir mais alguns dias. O essencial é a avaliação do psicólogo e o básico para uma criança de dois anos na sua casa.

- Certo, vou providenciar o que ele precisa.

- Posso mandar o psicólogo aí, mas ele só pode na próxima hora.

- Eu espero ele.

Desligo a chamada apreensivo. Quanto mais fico com esse menino mais quero levá-lo comigo.

- Tata Vitu, Tata Vitu.

Não sei o que ele quer dizer com Tata, mas ele não pronuncia meu nome ainda, então sai Vitu.

Gabriel vem até mim chorando, brigou com outro menino por um carrinho.

- Tudo bem, divida com ele.

- Nãaa...meu..."calo".

Pego meu celular e ligo para uma conhecida de uma loja de móveis. Consulto ela bastante para os projetos que faço na faculdade de arquitetura.

- Oi Sofia.

- Oi Vitor! O que você precisa hoje?

- Preciso de um quarto para um menino de dois anos.
Vou te mandar o endereço, pago o que for preciso mas precisa ser entregue e montado ainda hoje.

- Nossa um pedido assim é difícil, mas eu consigo.

- Eu mando o endereço por mensagem, me mande a conta e eu faço o pagamento.

Desligo feliz por dar mais um passo. Nesse momento agradeço por ter dinheiro e poder usá-lo para algo assim. É óbvio que ele facilita tudo.

Quase uma hora depois a pisicóloga chega.

Recebo ela na sala da diretoria. Dona Eulália nos deixa a sós.

- Você tem amigos importantes, esse é o processo mais rápido que já vi.

- Sim eu tenho.

Não vejo motivos para mentir. Tenho ideia dos prazos da justiça nesse país. E tenho ciência de que só estou conseguindo essa ordem pela influência de Tio Ricardo.

- Bom podemos começar pelo básico.
Quantos anos você tem?

-  Fiz 25 esse ano.

- Soube que você não é Brasileiro, correto?

- Sim. Sou norte americano. Moro aqui a Dez anos.

- pretende voltar em breve para seu país.

- Não.

- Trabalha?

- Sim.

- Em que?

- Com ações, compra e venda. E estou terminando a faculdade de arquitetura.

- Umm, certo. Você pretende adotar por qual motivo?

- Bom. Na verdade eu conheci o menino hoje. Parece loucura, mas eu sei que ele é meu. Não quero vê-lo em nenhum abrigo.

- Você se considera capaz de cuidar de uma criança? Com todas as necessidades que possam surgir?

- Eu...não sei. Suponho que sim. Me sinto capaz. Não sei se sou o mais indicado, mas eu quero levá-lo para casa.

- Você compreende, que podem haver dificuldades, de adaptação da criança?

- Sim. Farei o possível para que ele se sinta bem.

- Ele perdeu recentemente a mãe, talvez precise de alguma ajuda psicológica. O senhor pode arcar com qualquer custo advindo disso?

- Qualquer custo médico, material, não é problema.

- Você entrou com o processo sozinho, se propõe a ser pai solteiro?

Penso um pouco nessa questão. Ser pai.

- Correto.

- Posso concluir que o você tem total disponibilidade afetiva? Mesmo sendo solteiro, se considera capaz de prover carinho e atenção para uma criança de dois anos?

- Sim.

- Certo acho que podemos concluir.

- É só isso?

Sorrio aliviado para ela.
A psicóloga retribui meu sorriso e me sinto mais tranquilo.

- Sim. Considero você apto para a guarda provisória do menor.

- Obrigada!

Levanto satisfeito.

- Você foi sincero em suas respostas. Não será facil, ser pai solteiro é difícil mas acho que você é capaz.

A psicóloga sai me dizendo que vai deixar a avaliação no juizado. Pego uma cópia de qualquer forma e mando para o email do Tio Ricardo.

As horas passam. Olho para o Relógio a cada cinco minutos. O prazo está acabando. Sei que o juizado encerra as atividades no final da tarde. Não quero deixar Gabriel sozinho.

Meu celular toca e eu atendo no primeiro toque.

- Fala Tio.

- A guarda saiu. Você pode levá-lo. Mas o juiz fez algumas ressalvas. Você tem três dias para apresentar as modificações na casa, como as telas de proteção.

- Certo.

- E como foi um caso expresso, e você não havia demonstrado interesse em adotar antes, o juiz solicitou que vocês sejam verificados semanalmente.

- Tudo bem. Posso ir mesmo?

- Pode sim. E Vitor. Parabéns. De coração, fico feliz por presenciar tudo que aconteceu hoje.

Me despeço e desligo. Gabriel está tomando uma mamadeira enquanto vê um desenho.

Deixo ele um momento e vou contar tudo a Dona Eulália.
Volto para a sala de tv para buscar ele.

- Vamos pra casa Gabriel?

Ele me olha desconfiado.

- A "tasa" Du Tata Vitu?

- Sim, a casa do Tatá Vitor. Vamos?

Ele estende os bracinhos para mim. O levo no colo.
Quando cruzo o portão do Centro, não Acredito em tudo que aconteceu desde que o começo do dia.

Quando entro no meu carro e acomodo Gabriel atrás, penso em três coisas.

Fiz a coisa certa.
Ele é meu.
Preciso de uma cadeirinha urgente.

VITOR - Livro 2 Série - Broken Ice-  CONCLUÍDOWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu