The Sexy CEO | [Yoonseok]

1 | Jung Hoseok

Da janela da minha sala na Jung Holdings eu observo a cidade de Daegu com uma privilegiada paisagem. É final de tarde e as luzes dos prédios começam a ser ligadas, o trânsito na avenida principal fica carregado e o barulho de buzinas e aceleradas se faz presente. O céu está avermelhado, indicando que mais um dia de frio chegava ao fim. Ajeito a minha gravata e me viro para minha mesa onde meu notebook está ligado.

Sento-me à minha mesa de vidro e pés de mármore, apoiando meus braços sobre ela e recebo o e-mail da gráfica indicando que os livros enviados há alguns dias já estão impressos para a feira literária que vai acontecer em uma semana no principal centro cultural da cidade.

Apesar de eu amar o mundo dos livros e o mercado literário, se inserir nele como uma das maiores editoras do país não foi uma tarefa fácil. A Jung Holdings era administrada pelo meu pai, Sr. Jung. Ele criou essa editora porque era completamente apaixonado pela minha mãe e em vida ele a considerava a leitora mais assídua que conhecia.

Já fazem sete anos desde a partida dos dois em um terrível acidente na estrada, eu perdi meu chão e descobri sozinho diversos segredos da vida, me possibilitei terminar a faculdade mentalmente instável e procurei experiência de trabalho aqui dentro, na Jung Holdings. Foi uma fase complexa, onde eu rapidamente tive que descobrir o meu lugar e adivinhar como eu deveria agir. Nada foi preparado, ensaiado ou até mesmo colocado em prática, tudo aconteceu tão de repente que tive que me virar na marra.

Durante muito tempo na adolescência antes de me formar em gestão, eu conheci muitas coisas do mundo literário, sejam elas ruins com trapaças e corrupção, ou coisas boas como por exemplo, projetos de incentivo às comunidades, escolas e estandes em feiras. E devo dizer que aqui nessa mesa, sendo o CEO, eu já posso dizer que vi de tudo. 

Minha experiência aos vinte e seis anos não é uma das maiores para uma empresa que tem vinte de mercado, eu devo ser sincero, mas hoje ela é assim tão reconhecida por causa das pessoas incríveis com quem tenho o prazer de trabalhar. Eles são acima de tudo a fonte de criação, criatividade e as possibilidades desse lugar. Muitos podem entender que talvez eu apenas mando aqui e não faço mais nada além disso, porém tudo acontece e é colocado em prática por minha causa.

Pode parecer um ambiente completamente dedicado ao profissionalismo e à seriedade, mas a minha reputação não é uma das melhores. Dizer que eu já dormi com todos os secretários e secretárias que tive talvez seja exagero demais, então posso dizer que foi a esmagadora maioria. 

Eu não sou do tipo de romance, flores, chocolates e uma noite de jantar à luz de velas, eu já pulo para a última parte e sem muito diálogo. Não gosto de enrolações e tenho personalidade forte. Meus amigos sabem bem sobre isso, porque saímos para beber inúmeras noites e não houve uma vez em que saí desacompanhado e não acordei na cama de alguém. 

Fazia um bom tempo desde a minha última vez, eu estava tão ligado e preso no trabalho que também tinha parado para perceber que precisava clarear a mente e ir para um bar ou até mesmo uma boate.

Sou meticuloso em minhas decisões dentro e fora da cama. No ambiente do escritório lido diariamente com pessoas que querem estar acima das outras e determinados seres que realmente não sabem o que estão de fato, fazendo ali. Tenho mudado constantemente a vaga de secretário por atrasos e trabalhos feito de qualquer jeito. Uma coisa que me deixa furioso é um trabalho preguiçoso, organizado de uma forma que eu nunca disse para ser feito. 

A última secretária acabou desorganizando um relatório que estava pronto, porque simplesmente não sabia mexer direito no software de planilhas. Por que as pessoas não pedem ajuda? Estamos aqui, queremos organizar o que não está do jeito que deixamos. E digo isso em um plural porque a editora não é apenas minha, mas de todos que trabalham aqui. Se um setor falha a consequência é que todos sigam para o mesmo caminho.

Fazem quatro meses que estou com um novo secretário e ele não tem me agradado. Choi Yeonjun é completamente empenhado e dedicado em tudo o que faz, mas sinto que ele não tem entendido seu real papel aqui. Ele trabalha na área de produção de conteúdo para mídias sociais e também é meu secretário, ou seja, relatórios, ligações e e-mails, é tudo ele quem me ajuda. Só que agora ele só me atrapalha.

Há diversas ligações na caixa postal porque ele não atendeu enquanto trabalhava na produção de conteúdo, diversos e-mails foram para a caixa de spam, entre outros. E isso não é sobre os dias atuais, ele tem demonstrado esse comportamento há um tempo, o que me leva a rescindir o contrato por mais que eu pessoalmente queira dar uma chance, a minha paciência não.

Há várias anotações em cima da minha mesa, pastas e contratos com mais cinco  novos autores e eu preciava dar conta de tudo isso ainda.

Interfono para a sala de Kim Seokjin, responsável pelo setor de RH e um dos meus amigos mais queridos.

- Seok? Venha aqui na minha sala, precisamos conversar.

- Certo. - Ele responde com sua voz suave e baixinha.

Kim Seokjin é um dos homens mais bonitos dessa editora. Ele trabalha comigo há cinco anos e é extremamente inteligente. Seu cabelo preto é ajeitado com uma franja acima do olho, sua boca é carnuda e seu estilo é sofisticado com as melhores marcas de ternos, camisas e sapatos.

A porta de vidro do meu escritório é aberta e o revela, sorridente, ajeitando seu óculos de grau.

- Hoseok! - Ele me chama de forma íntima. - Me diga amigo, o que precisa? - Assinto.

- Abra um processo seletivo, preciso mandar Yeonjun embora. - Ele arregala os olhos.

- Mas por quê? - Olho para Seokjin.

- Lembra que eu mencionei que ele está super enrolado? Eu preciso de alguém novo, inclusive quero que essa pessoa seja meu assistente pessoal ao invés de secretário. - Ele nega com a cabeça.

- Eu tenho uma ideia, basta você aceitá-la. Qual é o trabalho que Yeonjun tem feito melhor?

- Produtor de conteúdo. - Digo, sem pestanejar.

- Ótimo, retire ele do cargo de secretário e contrate um novo, podendo assim transformá-lo em um assistente pessoal e o que mais você quiser. - Ele soltou uma piscadela.

- Nem venha com essa, Seok. Estou começando com uma meta de não dormir com meus próximos funcionários. Não dormi com mais nenhum nos últimos meses, temos um avanço e vamos continuar. - Ele riu.

- Você é uma piada! Vou abrir o processo. - Assinto.