2 | Min Yoongi

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Eu não gostava de pensar no futuro, porque realmente não era uma coisa agradável para mim. Formei-me há sete meses em comunicação e estou desempregado pelo mesmo período. É sufocante.

A rotina diária é extremamente cansativa, porque ao mesmo tempo que luto diariamente entregando meu currículo e enviando e-mails para diversas empresas eu pareço não ser bom o bastante. Ninguém retorna, não há telefonemas.

Eu vivo numa casa simples com a minha mãe, Min Jee, na cidade de Daegu. Ela é divorciada do meu pai há cinco anos e tem lidado com isso da melhor forma possível. Eu ainda mantenho contato com ele, mas de longe. Não há aproximação e nem quero ter.

Há cinco anos minha mãe descobria que meu pai estava traindo ela com uma de suas amigas. Eu fiquei possesso porque queria resolver de alguma forma, do meu jeito e tentei procurar uma forma de afastá-la dele, mas o advogado com certeza foi o melhor caminho.

Longe do meu pai ela conseguiu abrir o seu próprio negócio, uma padaria especializada em doces e pães típicos. Lá eu a ajudo, mas não trabalho formalmente com um salário fixo, não há contrato. Entretanto, minha mãe insiste em me recompensar de alguma maneira e eu sou sempre grato.

Enquanto eu não encontro um emprego focado na minha área de formação, procuro ajudar o estabelecimento, divulgando, criando um público, porque afinal, esse é o nosso ganha pão.

Eu sempre tive o sonho de trabalhar em uma editora ou algo parecido. Sempre gostei do trabalho daquela editora famosa, a Jung Holdings. Ela é próximo da minha casa e eu tenho tantas ideias legais para aquele lugar. Mas sinceramente, duvido muito que um dia eu entre lá.

- Filho, pode me ajudar com essa cesta de pães na vitrina? A decoração também está quase finalizada, falta colocar esses desenhos no vidro. - Assinto diante do pedido da minha mãe. Eu anotava um pedido de um cliente e em seguida, encaminhei diretamente a ela.

O movimento estava crescendo no lugar, devido a temporada de férias e eu acredito que deveríamos contratar alguém para ajudar pelo menos para anotar os pedidos.

Realizo o pedido da minha mãe, pego a cesta de pães que estava em cima da bancada, - onde abaixo havia diversos docinhos, pães doces e salgados, recheados, entre outros -, e levo até a vitrina, em seguida pego as peças faltantes da decoração e a completo. Era muito prazeroso ajudar minha mãe, porque aquele ambiente remetia muito a nossa casa, como a gente convivia. Esse espirito é muito importante na hora de atender os clientes, eles amavam isso.

Quem vive lá nos ajudando é Jang Dahye, uma amiga minha de muitos anos. Estudamos juntos no Ensino Médio e quase tivemos algo além de uma amizade. No início eu ficava sem graça perto dela, porque Dahye é bonita, estilosa e descontraída, alguém que é o oposto de mim. Isso aconteceu na adolescência, um período fundamental para eu descobrir que ela gostava de homens e eu também.

Tomando meu caminho rumo à cozinha aos fundos vejo a garota atravessar a porta. Seu cabelo é platinado, quase cinza e a roupa tinha um estilo único. Dahye usava um sobretudo cinza com detalhes em preto, uma legging preta e uma bota da mesma cor com detalhes de argolas em prata. Seu cheiro é tão doce que posso me convencer de ser único. Dahye era quase uma irmã mais nova para mim.

- Yoon! - Ela me chama e vem em minha direção, me abraçar. Seu corpo, apesar do frio lá fora, me aquece.

- Dahye! Que bom ver você! Como vai? - Ela sorri para mim.

- Eu vou muito bem e você? - Assinto.

- Eu vou bem também, ajudando minha mãe. - Ela anua.

- E aonde ela está? - Aponto em direção a cozinha.

- Ela está lá dentro, provavelmente finalizando alguns bolinhos de arroz. - Dahye assente.

- Acho que vou levar alguns! - Ela segura meu ombro. - E aí, encontrou algum emprego? - Nego.

- Nada, nem uma ligação de retorno, estou começando a ficar apavorado. - Seus olhos demonstram um olhar de confusão.

- Não fica, você é incrível! Vai surgir alguma coisa. Eu só estou aqui porque é meu horário de almoço. - Fico surpreso. Ela também estava procurando algum emprego.

- E está trabalhando no quê? - Sorri.

- Analista em um banco aqui perto, legal né? - Assinto, sorrindo.

- Parabéns! Você está gostando? - Questiono curioso enquanto organizo as cestas de pães vazias.

- Sim, demais! É um trabalho muito bom, fiz novos amigos também. Eu ia te contar assim que consegui, mas não deu para ligar, me perdoa. - Dou de ombros.

- Fica tranquila, fico feliz que esteja bem. - Sorrio em sua direção e vejo minha mãe voltando da cozinha com os bolinhos que Dahye mencionou querer comprar. 

- Sra. Jee! - Minha amiga anuncia, abrindo os braços para abraças minha mãe. - Quanto tempo não nos vemos!

- Querida! Que maravilha vê-la aqui! - Minha mãe ficou muito feliz em ver Dahye toda sorridente nos visitando naquela tarde. 

E a verdade é que minha mãe sempre sonhou que eu encontrasse uma garota igual a Dahye, ela até mesmo chegou a insistir que eu ficasse com a minha amiga e para ser sincero, dizer para minha mãe que eu era homossexual foi uma tarefa difícil. Conservadora, jamais imaginou que eu gostasse de homens. Entretanto, ela aceitou e por fim entendeu que eu jamais sentiria alguma coisa por Dahye ou qualquer outra mulher.

- Quero alguns desses bolinhos para levar ao escritório! Acho que umas quatrocentas gramas está perfeito! - Minha amiga anunciou, tirando do bolso do sobretudo sua carteira e sacando o cartão de crédito.

Peguei os bolinhos de arroz e coloquei dentro de um pacote para que ela pudesse levá-los. Assim que ela efetua o pagamento, entrego o pacote com uma sacola. 

- Ah! Muito obrigada! Pode ter certeza que aparecerei mais vezes, amei ver vocês! Até mais! - Aceno e ela atravessa a porta.

- Dahye é uma garota maravilhosa, não é? - Assinto diante do comentário da minha mãe. - É uma pena que - Não deixo ela terminar.

- Mãe? De novo essa conversa? - Ela engole seco, sabendo que esse assunto não é agradável para mim, pois sempre acabo discutindo com quem eu mais amo.

- Me desculpe, filho. Saiba que ainda é muito difícil para mim entender tudo isso, apesar de te apoiar em tudo. - Ela sorri fraco.

- Eu entendo, mas não acho que é uma boa hora para conversarmos disso, certo? - Quando ouço um barulho vindo da porta, vejo que um casal com uma criança entram no local. Era minha vez de tirar o pedido e evitar de vez aquela conversa.

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É sexta-feira e provavelmente eu poderia listar milhões de coisas para fazer, mas estou aqui, na frente do computador, procurando uma vaga de emprego novamente. 

Hoje minha mãe me liberou do trabalho, pois conseguiu que sua amiga lhe ajudasse, a fim de terminar o expediente mais cedo. Isso era o lado bom de ser seu próprio chefe.

Eu já perdi as contas de quantas vezes eu abri o site de vagas de emprego durante esses meses. Todos os dias, a todo o momento, - inclusive tenho alertas em meu celular. Nada parece se encaixar comigo ou com o que eu sei fazer.

Mas nunca é tarde para se desistir, certo? Dahye sempre me diz essa frase e acho que ela nunca foi tão real no momento em que surge na minha tela uma vaga de secretário numa editora. A editora. Aquela que eu sempre tive o sonho de trabalhar.

Jung Holdings.

- Puta merda! - Clico no link da vaga e anexo meu currículo. - Tem que dar em alguma coisa agora. - Murmuro baixinho para mim mesmo.



The Sexy CEO | [Yoonseok]Where stories live. Discover now