Capítulo 21

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Ao chegar na rua empresa, deparou-se com um verdadeiro circo formado. Repórteres de diversas emissoras acotovelam-se na entrada.

Não havia como entrar sem ser visto, mas Darcy estava cansado de fugir do inevitável. Não assistiu a nada que a televisão noticiava referente ao seu falso casamento. Agora, no entanto, estava na hora de enfrentar aquilo de frente e acabar logo com aquele boato. Encontrava-se no fundo do poço, não tinha mais para onde cair. Decidido, saiu do carro, atraindo imediatamente os flashes de diversas câmeras para si.

— Senhor Darcy, é verdade que seu noivado com a professora Elizabeth Bennet é falso? — um dos repórteres sequer o esperou sair totalmente do carro.

— Não, meu noivado é real. — afirmou, resoluto. — Eu amo a Elizabeth Bennet e vamos nos casar em breve. — essa era uma parcial verdade.

— Então por que toda essa história surgiu na mídia? Acredita que seja alguém querendo prejudicá-lo? — outro repórter, aproveitando a deixa, quis saber.

— Não que eu saiba. — garantiu, sereno. — Agora preciso ir. — dito isso ele tornou a entrar no carro, disposto a falar com os demais acionistas.

Principalmente aquele que tinha certeza, ficaria ao seu lado, não importava o que acontecesse.

— Senhor Darcy, como a senhorita Elizabeth está com relação ao assunto? — a pergunta ficou no ar, pois Darcy já estava praticamente dentro do estacionamento da empresa.

Como Darcy ficara responsável pelo contrato milionário com os chineses. Os acionistas menores, que sozinhos não tinham muita voz na diretoria, buscavam a todo custo um bom motivo para tirá-lo de seu caminho. Visando o poderio da empresa. Como acionista majoritário, sempre era dele a última palavra. E, com isso, conseguiu alguns inimigos, que apenas aguardavam o momento de destituí-lo de seu cargo. E o momento chegara.

A Darcy's Company vinha trabalhando em uma marca de antiviral de genéricos que seriam usados em pacientes com hepatite C. Contribuindo para que os necessitados daquela medicação, conseguissem adquirir o medicamento com um preço bem mais acessível. Acaso o contrato com às Indústrias Chun, que também atuava no ramo de medicamentos genéricos, saísse do papel. Com o tempo, Darcy tinha o intuito de transformar a empresa, que era atuante no ramo de sustentabilidade e meio ambiente, em uma indústria farmacêutica. Esse era seu intendo, ajudar a população de diversas formas. Os outros acionistas, entretanto, não acataram a ideia e queriam de qualquer jeito brecar aquela iniciativa. Alegando que havia outros segmentos mais lucrativos a serem explorados, temendo perderem a ajuda governamental que lhe rendiam uma boa renda extra. Visto que Darcy não intentava lucrar como qualquer outra indústria farmacêutica. O que não agradou os demais membros da diretoria. Principalmente porque o contrato com às Indústrias Chun ficara exclusivamente a cargo de Darcy. Nenhum deles estava autorizado a opinar ou se quer participar das reuniões. O que de certa forma sobrecarregava Darcy, seria mais fácil dividir o peso da responsabilidade. Mas ele não podia, só havia um no qual confiava plenamente. Era o que recorreria naquele momento. Só não o incluiu na negociação com os chineses, pois seria como mexer em um vespeiro selecionando apenas um, o mais fiel amigo de seu falecido pai. Era melhor agir com cautela, não bater de frente com os outros acionistas, que só esperavam um deslize seu para prejudicá-lo. Justamente para que o feitiço não virasse contra o feiticeiro, exatamente como estava prestes a acontecer.

Darcy subiu até a sala da diretoria com o coração figurativamente na mão. Temia ter chegado tarde demais, no fundo, esperava que não fosse destituído. Tinha esperança de que os membros da diretoria voltassem atrás e ele não fosse apunhalado daquele jeito. Ledo engano, quando iria bater na porta, ela foi aberta e os executivos chineses foram saindo um a um, quando o senhor Chan deparou-se com Darcy, o olhou de cima a baixo e, em seu mandarim, proferiu:

— Desde o início eu deveria ter ficado esperto com você, ainda bem que existem pessoas verdadeiramente leais a mim. — e com isso, George, que era o próximo a deixar a sala, lançou a ele uma olhadela de vitória, arqueando a sobrancelha, desafiadoramente.

— Sinto muito. — senhor Chun, ao contrário do irmão, demonstrava incomodo pela situação em que encontravam-se.

— Senhores, eu posso explicar. — Darcy proferiu, em seu mandarim precário.

— Não há o que explicar. — Fernando, um dos mais novos membros da diretoria e o que mais queria a cabeça de Darcy em uma bandeja, revidou. — Encerramos o contrato com às Industrias Chun e você está destituído do seu cargo, a partir de hoje, a Darcy's Company responde aos oito membros da diretoria, que, totalizando, somamos quarenta e nove por cento das ações da empresa.

— Sinto muito, meu querido. — senhor Antônio, fiel amigo de seu pai e agora conselheiro de Darcy, lamentou. — Tentei ir contra, mas somente o meu voto não foi suficiente.

Darcy esboçou o que foi um arremedo de sorriso, tocando carinhosamente o ombro do amigo.

— Está tudo bem. — e aceitou com resignação que não havia nada mais a fazer, pelo menos não naquele momento.

Ele mesmo estipulara aquela cláusula, só não esperava cair em sua própria armadilha. Deu uma última olhada para George, que ostentava um sorriso cínico nos lábios, antes de movimentá-los a fim de formar uma frase:

— Mande lembranças à Elizabeth.

Darcy, ao entendê-lo, apesar de nada ter sido dito em voz alta, teve vontade de socar George e em seguida bater a própria cabeça na parede. Onde errara com Lizzie? Por que ela ainda não confiava plenamente nele? Em meio às suas divagações, Darcy recebeu uma ligação da noiva, ao atender, sua aflição quadriplicara, Elizabeth havia sido dispensava da universidade.

Já no carro, após ouvir o relato de que Beatriz estava sedada, mas bem, e que de fato George havia orquestrado tudo, praticamente embebedando Beatriz para que ela lhe contasse os segredos do casal. Em seguida, que Elizabeth recebera uma ligação há poucos minutos, informando a decisão do diretor da universidade de cortá-la. Por não querer um professor envolto de um escândalo daquele porte. Pela primeira vez em anos, Darcy chorou. 

Chorou por sentir-se imponente diante da grande avalanche massiva e derradeira, que passou por cima de si, indo e voltando. Diante do desespero, Darcy decidira pela pior decisão de sua vida.

Romper com Elizabeth e desvinculá-la de seu nome, agora, possivelmente na lama.

Procura-se uma esposaWhere stories live. Discover now