Sangria [ 2jae ]

jaegermeister

Jägermeister: é uma bebida produzida na Alemanha desde 1935, é composto de 56 ervas, frutas e raízes que a tornam uma bebida única, exótica e versátil, podendo ser consumido puro bem gelado, acompanhando sua cerveja ou outra bebida de sua preferência. A sua origem é registrada entre o período das guerras entre 1917 e 1945, na qual a bebida era produzida por caçadores alemães, dentre os ingredientes estão diversas ervas, frutas, raízes e temperos. Reza a lenda que os caçadores davam a bebida aos animais antes do abate, para acalma-los e dar sabor à carne.

Não vou hoje, não me espere.

As suas mãos deslizaram pela tecla do celular com agilidade ao finalizar de escrever a mensagem, enviando logo em seguida. Recebeu algumas mensagens em resposta, questionando o por quê da mensagem misteriosa, embora ele soubesse que Youngjae também soubesse o porquê de estar agindo assim. Sabia que era um tanto infantil, muito bobo e humano demais, mas era a sua forma de lidar com a sua frustração. Não queria vê–lo hoje e ambos já podiam prever isso.

Não podia cobrar nada dele, mas era inevitável aquele sentimento que lhe corroía por dentro. Ciúmes. Ele já não conseguia nem negar que era isso que vinha sentindo pelo pequeno barman. Todas as vezes que ele se encontrava com o seu namorado – leia–se aqui com tom de deboche – aquele monstro tóxico e destruidor lhe consumia por dentro. Jaebeom era frio, era morto tanto por dentro quanto por fora, havia falecido durante a Guerra a quase cem anos atrás antes de despertar como esta criatura, vil e sem sentimentos, mas nunca havia se sentido tão vivo como quando estava com Youngjae, e aquele sentimento de ciúmes o fazia sentir como se estivesse aprisionado novamente debaixo da terra. Furioso, porém incapaz.

Havia pensado muitas vezes em que fazer com aquela sensação ruim. Não era algo que ele queria ter consigo todas as vezes que deitava a cabeça em seu travesseiro e esperava a noite começar novamente, para ver Youngjae mais uma vez. Queria Youngjae por inteiro, e não só o vislumbre dele todas as vezes que o perseguia como um espectro sondando por aí. Sabia que havia competição, e que ele poderia acabar com aquilo com um estalar de dedos. Porém devia? Seria tão fácil.

Analisou as suas possibilidades e sua mente impulsiva chegou a uma ideia. Sempre fora impulsivo desde que era vivo, era um jovem apaixonado e muito intenso. Talvez sobrasse algum resquício daquela vividez em si.

Andava com as mãos no bolso pelas ruas escuras da cidade, costumava a fazer muito isso no passado, quando estava tão mortalmente entediado que passava dias a fio da sua imortalidade somente explorando os cantos imundos da vida mundana. Conheceu muitas cidades nesse ritmo, mas acabou retornando para o seu país natal, como se ele soubesse que algo lhe aguardava ali. A neve molhava os seus cabelos mas não se importava muito, estava um frio tão congelante que mal se derretia na sua pele também gélida e pálida. Dava para se distrair por alguns minutos com os flocos de neve que caíam em formas únicas, porém ele tinha um só objetivo ali.

Era uma rua ampla a que dava para o centro de treinamento, os postes altos iluminavam a praça e deixavam o lugar ainda vívido mesmo que já fosse quase nove da noite. Havia sondado o lugar antes de retornar para a entrada, o estacionamento também era ao ar aberto e também era amplo, mas o caminho passava por uma rua estreita e deserta e era ali que ele iria fazer o seu plano funcionar.

Observou quando o rapaz de pele bronzeada finalmente saiu do seu centro de treinamento, trajando um moletom branco, tênis de corrida e uma bolsa esportiva à tira colo. Com um salto, Jaebeom subiu no prédio mais próximo para que não fosse visto, observando do alto enquanto o rapaz seguia o seu caminho até o estacionamento mais próximo. Jaebeom seguia os seus passos do terraço do prédio, os seus olhos gatunos enxergavam bem, embora de longe, a figura andando distraidamente, sem saber que estava sendo perseguido. Quando este entrou numa rua mais estreita, o vampiro por fim desceu do prédio, silencioso como uma pluma, agora andando atrás de si como se ele sempre estivesse lá.