Sete

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SINA

Saboreei a comida que Noah fez e digo com certeza que ele é incrível na cozinha. Pelo menos quando se trata de macarrão. Por mais que eu esteja amando a versão gentil do Noah, não consigo entender por que ele está assim e não sei bem, mas isso realmente me assusta, sua mudança drástica da noite para o dia. Não devo perguntar, comentar, citar ou qualquer outra coisa sobre ontem, o certo seria eu me manter calada e usufruir seu carisma, conhecer ele melhor. Vou tentar fazer isso.

Ele se sentou ao meu lado faz um tempo e está assistindo comigo uma série nova. Ragnarok. Está atento e mal pisca, sei disso porque fico o fitando em cada dois minutos. Devo estar incomodando ele, provavelmente.

— Por que você não para de me olhar? — sinto minhas bochechas queimarem.

— É... ahm... como assim? N-não estou olhando para você. — minha voz baixa e trêmula não deixa esconder minhas mentiras.

— N-não estou olhando para você. — ele imita minha fala. — Jura? Então pare de gaguejar, você mente mal. — desvio o olhar para TV e tento conter minha ruborização.

— Desculpa. — não é hora de ficar feito uma adolescente tímida. O que está acontecendo comigo?

Não sei quantos episódios assistimos até eu apagar. Abri os olhos lentamente e quando mexi a cabeça, sentindo algo estranho embaixo dela levantei meu olhar para Noah que encarava a tela. Meu Deus! Eu dormi na perna dele? E que merda de formigamento do nada é esse? Eu só senti o troço ali, como isso me afeta tanto? Eu realmente virei uma pessoa que está subindo as paredes por não aguentar mais ficar sem sexo. Apertei uma perna na outra para diminuir a onda que chegou até lá e me sentei, coçando as pálpebras.

— Ainda bem que você acordou, estou com uma puta vontade de mijar. — disse e foi até seu quarto, usar o banheiro.

Ele me deixou dormir usando como travesseiro, suas pernas. Não acredito que o Noah Urrea babaca que conheci e vim dividir um apartamento, permitiria isso. Surgiu na sala de novo, ajeitando o cadarço da sua calça moletom e se sentou. É agora que vou fazer merda.

— Por que está me tratando bem? — não o olho, mas sinto suas íris sobre mim.

— Deveria fazer o contrário?

— Você fazia o contrário, Jacob. O que mudou? Pelo o pouco que eu vi, você deveria estar pior do que antes depois daquilo. — virei para ele, encarando sua face.

— Sim, mas não estou. Acabou os joguinhos que mal começaram, agradeça por isso. — segurou o controle da TV e começou a passar os cartazes da Netflix. — O que acha de "O plano imperfeito"? Parece ser bom.

Alguém só pode ter matado o Noah antigo e substituído ele. Issso não é real. Eu deveria estar de bem com isso, porém, me incomoda, acho que ele está fingindo, atuando. Talvez queira se vingar e está me testando, se aproximando para depois dar o golpe. Será? Não duvido de nada das pessoas, principalmente do tipo dele. Mas na verdade, nem o conheço para saber se ele não está sendo verdadeiro.

— Me conte o que aconteceu para você ficar assim. Seja sincero, droga. — ele ignora minha súplica por explicações.

— Vou pôr esse para começar. — olho para a televisão e desvio para sua mão, puxando o controle e pausando.

— Ei! — ele tenta pegar o controle se esticando para mais perto de mim e eu jogo-o para baixo, me deitando sobre o objeto.

— Jacob! — clamo e não consigo decifrar o que seu olhar diz.

— Olha, eu estou tentando ser um cara bacana porque vi que fui um idiota, beleza? Eu realmente tenho alguns surtos e você estava certa, sou problemático por coisas que já passaram na minha vida e me deixo ser afetado por isso. Mas eu estou tentando, porra, e você acha ruim? Por que está incomodada por eu fazer o mínimo que é lhe tratar bem? Eu deveria ter sido simpático desde o primeiro dia. — ele ainda está inclinado sobre mim e eu fecho os olhos quando sua voz aumenta.

Mistake | NoartWhere stories live. Discover now