Vinte e Quatro

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NOAH

Ligar para ela até que não foi de todo mal. Sem pensar duas vezes ela se deslocou de casa até onde eu estava, para me ajudar. Desfocando minha atenção a esses pensamentos ridículos e incovinientes.

Sua mão pequena agora segurava uma polpa de fruta congelada que tinha no freezer da geladeira de Lamar. Era mania dele, deixar comida para se alimentar bem nos intervalos de seus treinos, incluindo algumas frutas ou polpas como essa, para preparar vitaminas. Sequer fiz careta pela agonia que era ter algo gelado sobre meu ferimento. Ela sacudiu a cabeça negativamente e sabia que uma hora ou outra ela me faria começar a falar. E incluindo, uns bons puxão de orelha por eu ter me embriagado. Ela odiava quando eu ficava assim.

— E aí, está pronto para me contar o que houve? Não tem essa de só quer minha companhia. — Haley nem ousou olhar para mim, para que deste modo, eu me sentisse mais confiante para contar. E ela sabia que ia, eu não estava sóbrio. Não tinha como fugir do assunto.

— Eu só... — paro ainda no início, sentindo os olhos pesar e do nada um arroto sai de minha boca.

— Seu porco! — ela torceu o rosto com nojo.

— Foi sem querer.

Eu já não tinha tanto álcool em mim porque primeiro, para ela chegar aqui, foi chão. Demorou mais de meia hora e eu entendia seu lado, já que ela nunca veio para esse compartimento do meu amigo, e o pior, não conhecia bem Santa Mônica. Era apenas sua terceira vez aqui.

— Escuta, não precisa ficar com vergonha de falar para mim. — ela afastou o pedaço de plástico gelado e abriu a caixinha de emergência, retornando ao assunto anterior.

— Eu vi uma mulher muito parecida com Wendy na hora do show e isso me afetou com exorbitância. Não sabia que isso era possível. — desembuchei de uma vez, com um pouco da ajuda da bebida e ela, finalmente, subiu os orbes para me olhar.

— Não sei quantas vezes será necessário eu dizer, mas, você não é culpado. Foi um acidente, Noah. Coloque isso na sua cabeça, por favor. — mordi o interior da bochecha e olhei o teto enquanto ela passava um remédio maldito que fazia a ferida arder.

— Eu sei, Haley. — resmunguei.

— Não parece saber, já que se culpa sempre. Olhe para si, você está se acabando. — seu tom sério me fez bufar.

— Se eu soubesse que você começaria com isso, chamaria a Hina. — minha amiga abriu a boca e me olhou incrédula.

— Está dizendo que quer que eu passe a mão na sua cabeça e compactua com esse seu pensamento calunioso? Que preferia uma pessoa que viesse para ficar com você sem falar nada e te deixasse com a confusão dentro de si? — Haley cruza os braços abaixo do busto e arqueia uma sobrancelha.

Eu poderia estar dando mais valor a sua presença, visto que ela só veio para cá passar alguns dias como nas outras vezes. Haley morava em Atlanta e decidiu vir passar um tempinho comigo e nossos amigos em comum. Só que seria breve, pois suas aulas eram importantes. Ademais, ela já estava no último ano do curso de arquitetura, não poderia se ausentar por um longo período. A chamei porque sabia que ela tinha noção da minha história muito bem. Em mínimos detalhes. Ela estava ao meu lado desde sempre e por isso era minha melhor amiga. Se ela não tivesse chegado anteontem, eu teria provavelmente que me satisfazer em só ligar para Linsey, buscando ter um apoio e também ouvir verdades. Não incomodaria meus outros amigos.

Mistake | NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora