Capítulo 13

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XIII

Aquele cotidiano continuara tranquilo na medida do possível; Moriel cuidando de Mordor; Mairon e Melkor fazendo seus cultos e orgias em Númenor. Um dia, Moriel constatou um pequeno porém pertinente problema em Barad Dûr e resolveu contatar a Mairon para saber o que fazer a respeito.

E qual não foi sua surpresa ao conectar o palantír. Viu a ambos seus pais nus, abraçados um ao outro em algo que devia ser um momento pós-sexo, ambos em suas formas masculinas, conversando amenidades na língua negra - que Moriel de resto entendia muito bem desde pequeno.

Mairon dizia, relaxado, nos braços de Melkor:

- Então eu disse àquele elfo idiota: vamos, me diga onde estão os anéis! É por amor que faço isso! Você sabe como é sofrer por amor! E o idiota não disse...

- Eldar... não me surpreendem de forma alguma! Mas meu bem, é verdade que o imbecil do Celebrimbor amava a Nerwen?

- Pois se era! Eu ofereci o amor dela pro imbecil e ele nem assim aceitou se aliar a Mordor... ora, mereceu morrer! A gente faz de tudo pra ter a amizade e a colaboração dessa gente, aí eles destroem os nossos planos, atravancam tudo! Ele podia hoje ser o artífice mais bem conceituado da Terra Média sob a minha influência, não foi porque não quis!

- E o que é que se pode esperar de alguém que se apaixona por Nerwen?! E por falar nela, aposto que o idiota do marido dela é que é a "mulher" da história... acho que ela come ele de vez em quando! Ela deve dar um jeito!

Ambos os ainur riram, e Moriel, a fim de se fazer presente, pigarreou. Mairon olhou o palantír e ficou vermelho de vergonha, tentando se cobrir com um lençol que havia ali perto. Já Melkor não deu a mínima e continuou expondo a sua nudez mesmo diante do filho.

- Hun! Moriel! C-como estão as coisas?

- Estão bem. Será que interrompi alguma coisa?

- Er... não. Apenas estávamos falando dos disparates dos eldar. Eu ia contar a Melkor como você literalmente estraçalhou Celebrimbor na sala de tortura, mas aí você nos chamou pelo palantír.

- Temos um pequeno problema na torre escura.

- E qual é?

- Não é nada sério. Apenas os gatos começam a se multiplicar em demasia.

- Ora, mas há muito espaço para eles aí...

- Meu pai, perdoe a discordância, mas no ritmo em que eles se reproduzem, pode haver uma superpopulação de gatos em Barad Dûr e quem sabe em toda Mordor em breve. As gatas fêmeas têm cerca de um cio a cada três meses, caso engravidem; se a cada cio elas tiverem cinco filhotes, por ano teremos vinte gatos; esses gatos ficarão maduros para reprodução em mais ou menos seis meses, iniciando assim uma progressão geométrica que gerará muitos e muitos gatos num curto período de tempo.

No meio daquele papo de cio, gatos e reprodução, Melkor começou a beijar o pescoço do maia outra vez.

- Hun, Moriel, e teu pai que fica no cio o ano inteiro?! Que é que faço com ele?

Moriel sorriu - algo que não fazia com frequência. E replicou:

- Ora, se for da vontade de ambos... não vejo problema. Afinal, não reproduzem como os gatos... tiveram apenas a mim de filho nesses milênios todos.

- Hun... é verdade! Mas veja, faça um feitiço para diminuir a fertilidade deles. Você lembra como fazer, não é?

- Sim, eu lembro. Apenas queria lhe consultar, já que os gatos são seus... não queria mexer neles sem a sua autorização ou conhecimento.

O filho da escuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora